sábado, 1 de agosto de 2009

NO RIO DE JANEIRO

Hora de relatar aos leitores sobre a proveitosa e agradável viagem ao Rio de Janeiro pra participar do programa Sem Censura. Devo adiantar que tencionava permanecer até amanhã na cidade – que faz jus à alcunha dada por Coelho Neto. Apenas voltei antes porque como bom paulistano que sou, acabei levando o clima de Sampa ao Rio e me senti literalmente na minha cidade natal, tamanha a chuva que caia na capital fluminense. Céu nublado, mas tão nublado que não pude sequer ver o Cristo Redentor.

Também não pude usar o lindo chapéu panamá do Zeca, que me hospedou. Fiquei frustrado. Coloquei o chapéu e talvez tenha até tirado uma foto com ele, depois vou ver e se tiver a colocarei o blog. Planejava sair com ele à praia ou ao Jardim Botânico na manhã seguinte à da entrevista, mas acabou não rolando porque estava nublado e chapéu seria desnecessário. Fiquei com vontade de ter um chapéu-panamá e vou lhes confessar que por pouco não surrupiei o do Zequinha! Explico, calma, calma, não sou um ladrãozinho desonesto. Eu quero um panamá, mas queria o do Zeca porque é o do Zeca, deu pra entender? Um novinho não teria valor sentimental. Mesmo que ele queira me presentear com um depois de ler isso, já aviso que não quero. Só quero se for o que está na chapeleira dele. Acho que comprarei um e o darei a ele em troca do dele. É uma idéia...

Minha sobrinha mais jovem tinha como sonho conhecer o Rio. Como bom tio-coruja, convidei-a pra ir comigo. Quem me lê desde sempre sabe que não me intimida viajar só, mesmo com a visão comprometida, mas também não sou idiota pra recusar companhia de quem enxerga bem, né? Até porque eu já sabia razoavelmente bem pronde me dirigir porque consultara mapas, recebera explicações donde ficava o ponto de táxi da rodoviária e, no sábado anterior, o amigo Carlito me deu uma aula sobre a geografia carioca via MSN desde Madri, onde se encontra em férias.

Saímos de Penápolis na terça à noite pra Sampa, donde pegamos outro ônibus pro RJ. As 2 viagens deram um total de aproximadamente 13 horas. A bateria do mp3 player descarregou pra vocês terem uma idéia! Mas, foram viagens agradáveis, especialmente o trecho SP-RJ, à bordo dum busão com lanchinho, jornal e revista. Além disso, como jamais viajara praquelas bandas, vi várias paisagens lindas e novas pra mim. Adorei.

Chegamos ao Rio por volta das 13:30, na quarta. De dentro do ônibus recebera ligação dum dos produtores do Sem Censura – sempre muito corteses – pedindo que eu confirmasse presença. Disse a ele que me encontrava a um par de horas da cidade e então tudo se confirmou de vez.

Da rodoviária, pegamos táxi direto pra estação de tv. Táxis no Rio são bastante baratos e existem em profusão. Mas cá entre nós, pra quem tem vista curta o bom mesmo é ponto de táxi. Ah, como facilita a vida! É que às vezes, os taxistas mesmo sem passageiro andam com aquela luzinha apagada – durante o dia, se há muito sol nem consigo ver se a luz está acesa ou apagada, só vejo mesmo o carro - e eu não sei se há passageiro ou não porque a visão não me dá esses “luxos”. Estratégia de sobrevivência albina: quando estou só, estendo o mãzão e fico lá esperando até algum parar. Vergonha? Vergonha é roubar e não poder carregar como diz mamãe. Eu é que não vou perder chances de me divertir ou sair de casa por isso, meu bem! Mas na rodoviária há os guichês de táxis facilmente identificáveis, então não houve problema algum.

Chegando à TV Brasil, identifiquei-me e logo apareceu a Verônica, produtora que havia me contatado desde o início de todo o trâmite, e nos conduziu à sala de espera dos convidados do programa. Um ar-condicionado poderoso deixava a sala geladinha. Pra mim um paraíso porque adoro frio, frescura, brisa!

Alguns minutos antes do programa começar, um produtor veio nos buscar pra irmos ao estúdio, que fica ao lado da sala de espera. À essa altura, estávamos eu, a dermatologista que também falaria sobre albinismo e a atriz Arlete Sales, que falaria sobre a montagem brasileira do musical norte-americano Hairspray, o qual aliás, conta uma história de superação como a minha, posto a protagonista ser uma gordinha. O outro convidado, Marcelo D2 chegaria apenas na metade do programa. Creio que D2 dispensa apresentações e sua trajetória também tem bastante a ver com a minha e dos albinos em geral porque o cara também enfrentou uma barra super-feia na época do Planet Hemp, lembram? Portanto, o programa foi costurado a partir de histórias de superação de preconceitos e dificuldades. Eu não esperava menos de Leda Nagle e de sua equipe de produção. Curiosa, mas não surpreendentemente, dentre as várias canções em meu mp3 havia uma do Planet e eu sequer sabia que Marcelo estaria lá.

Preocupava-me um pouco minha reação frente às luzes do estúdio. Embora meus óculos sejam com lentes transition, minha fotofobia é bastante forte e eu achava que poderia ter alguma dificuldade. Caso isso acontecesse obviamente que não teria tido o menor problema de colocar meus indefectíveis óculos de sol, mas isso acabou não sendo necessário. A claridade não me incomodou mais do que normalmente incomoda. Durante a entrevista Leda mencionou que percebia que eu fechava meus olhos, mas juro a vocês que não estava incomodado. Acontece que sempre há a impressão de meus olhos estarem cerrados; isso é reação natural perante a luz. Garanto que vi tudo o tempo todo!

Pouco antes das 16:00, La Nagle adentrou o estúdio. Com a serenidade de quem já entrevistou uma montanha de gente e a simpatia enorme que possui, qualquer traço de nervosismo que eu pudesse ter com relação a sua presença dirimiu-se em poucos segundos. Atenciosa e divertida, minha admiração por seu trabalho só fez crescer, se é que poderia uma vez que sou fã confesso de anos.

Embora não tenha ficado nervoso em excesso, claro que também não devo ter sido muito “natural”, mas isso deixo a critério dos que viram a entrevista. Não me senti constrangido ou intimidado, mas confesso que não me lembro de quase nada do que falei. Preciso assistir ao dvd que meu sobrinho Lucas gravou pra conferir. Era muita responsabilidade estar ali; afinal de contas, mais do que minha história individual, eu representava um coletivo muito pouco notado e ouvido e todos sabem que meu blog tem forte conotação ativista, então tinha que transmitir o recado do melhor modo possível. Se consegui, não sei, mas fiz o meu melhor. Pelo menos tentei.

Terminado o programa fui à Copacabana, onde me hospedaria no apartamento do amigo Zeca, que, mesmo em viagem a Sampa, abriu-me as portas de seu charmoso e aconchegante ninho. Logo na porta do elevador, senti o poder da televisão. Uma moradora me olhou e, ato contínuo, perguntou ao porteiro: “ele não estava na televisão agorinha há pouco?” Como eu me encontrava a apenas alguns passos de distância, não pude deixar de ouvir e respondi que sim e perguntei se ela havia gostado. Recebi resposta afirmativa. Que bom!

À noitinha, como não sou de ferro, necessito comer e sou curioso pra saber sobre (quase) tudo e conhecer lugares novos e, além disso, estava a apenas 2 quadras da praia de Copacabana, saí pra passear pela orla. Haviam me alertado de que os restaurantes na Avenida Atlântica custavam mais caro, que eu deveria comer nalguma outra rua. Mas, gente, eu estava no Rio de Janeiro, minha primeira (e única) noite lá! Jantei fartamente à beira-mar, ao ar-livre em plena Avenida Atlântica, vendo e ouvindo o mar. Não sou de gastar dinheiro à toa – até dizem que sou bem pão-duro -, mas não iria me furtar a esse presente pra mim e pra sobrinha. E pra dizer a verdade, a pizza não tava mais cara do que as que costumo comer em Sampa ou mesmo aqui, sabiam?

Depois de caminhar bastante pra fazer a digestão e apreciar as belezas do Copacabana Palace, voltamos ao apartamento pra nanar porque estávamos ambos exaustos e o dia seguinte traria novo compromisso. Lembram-se de que falei que teria mais novidades pra contar? Bom, tem sim, mas isso só amanhã. Usando a técnica do folhetim, deixemos a narrativa em suspense, assim vocês voltam ao blog depois.

5 comentários:

  1. Legal, infelizmente não pude ver a entrevista porque estava no trabalho e além do mais aqui não tem parabólica. Mas esse dvd que foi gravado, seria legal colocar ele no Youtube. E quanto a sua sobrinha, esqueceu de falar o nome da menina, isso é que é ciume!!! Rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

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  2. Espero que a Leda Nagle tenha acessado seu blog e lido esse interessantíssimo relato, de um entrevistado não menos interessantíssimo.
    Beijos,
    Jura.

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  3. Diz aí o nome da sobrinha pro Castro, Roberto.
    Vamos ficar na torcida...rsrsrs. (uma piscadinha)

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  4. Eu o vi na TV, entrei MSN pra avisar quem estava on... Assisti tudo com meu olhar crítico e posso afirmar que vc representou bem essa parcela tão pequena e não menos importante da sociedade. O que não gostei mesmo é o que escreveu aqui “... estava no Rio de Janeiro, minha primeira (e única) noite lá!” Primeira vez sim, mas única não senhor! Não pensa em voltar aqui, é? rs

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  5. Penso voltar ao Rio sim. A cidade é linda e as pessoas muito simpáticas!!!

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