sábado, 29 de agosto de 2009

NO DIVÃ COM PAUL WESTON

Roberto Rillo Bíscaro

Ano passado, um amigo chegou com 2 dvd’s dizendo que se tratava duma série da HBO que ele achava que eu ia amar. In Treatment era o nome. O formato era meio inusitado: o show passava de segunda á sexta, durava cerca de 25 minutos cada episódio e cada dia da semana era sobre um paciente dum psicanalista. Segunda, era uma moça que se apaixonara por ele, terça era um piloto da aeronáutica que se sentia culpado por ter explodido uma escola lotada de crianças no Iraque, quarta era a minha personagem principal, a teen Sophie etc.
Adaptada duma criação originalmente israelense, In Treatment tinha tudo pra me agradar: muuuuito diálogo e pouca ação, além de atuações soberbas. Fiquei apaixonado pela atriz Mia Wasikowska, que interpretou a complicada Sophie. Que atriz fabulosa e tão jovem!! Vivia mandando emails e SMSs dizendo “Sophie rulzzzzzzzzz” ou “ In Treatment rulzzzzzzz”, após cada episódio. Os amigos mais próximos devem ter recebido o link com o perfil da Sophie, umas 3 vezes pelo menos.
Claro que a série teve seus defeitos, e, pra mim, o mais grave foi que os pacientes se “curavam” depressa demais. Sophie tinha problema ali pra anos de terapia, mas em apenas 9 semanas já estava boa. Tudo bem, é apenas um show de TV; basta a gente não achar que numa terapia de verdade seria tão rápido assim. O duro é que tem gente que ainda surpreendentemnte crê em tudo o que vê na TV!
Neste ano, quando constatei que a segunda temporada seria ainda mais curta do que a primeira, pensei que esse problema ficaria ainda mais gritante, afinal, o tempo de cada paciente caiu pra 7 semanas. E, novamente o Paul Weston tinha ossos duros de roer nesta temporada: na segunda, uma 40tona doida, doida que tinha um de problemas mal resolvidos com o próprio Paul, com o pai e a mãe (daqui em diante nao citarei mais pai e mãe, fica subentenddo, afinal, trata-se dum show sobre psicanálise!), com aborto, com solidão, enfim, um coquetel molotov de raiva, frustração, solidão etc. Na terça, uma jovem de 23 anos, perfeccionista, com extrema dificuldade de aceitar fraquezas em si mesma ou nos outros e que tem câncer. No início ela foi minha personagem favorita, a April... Quartas-feiras é o dia do menino obeso Oliver e seus pais separados que não param de brigar e, no fundo, não querem a responsabilidade de cuidar do garoto, que sofre de bullying na escola. O paciente da quinta é Walter, executivo quase 70tão à beira do abismo emocional profissional. Sexta é dia do Paul, genialmente interpretado pelo Gabriel Byrne, fazer sua própria terapia decontrole com a ex-professora, mentora e antagonista, Gina, magistralmente interpretada pela Diane West (a HBO não perdeu a chance de escalar, prum show sobre psicanálise, uma atriz conhecida por trabalhar com o Woody Allen. Espertinhos esses caras.)
A vida pessoal de Paul está de cabeça pra baixo também. Divorciado, longe e às turras com os filhos e a ex-esposa, sendo processado pelo pai dum paciente que se suicidara e lidando com seus próprios demônios com relação a seu pai; além de tudo isso, ainda tem que ouvir pacientes que o atacam o tempo quase todo e trazem, com seus problemas, dolorosas lembranças e associações dos seus próprios fantasmas e dilemas pessoais.
Novamente, muito diálogo e poucaa ação pra minha felicidade. Novamente, ótimas atuações de modo geral. Dessa vez, não tive personagem favorita. Comecei amando a April, mas depois caiu na normalidade. Comecei detestando a Mia, a 40tona das segundas-feiras, mas no último episódio dela, parei de detestar. As persoagens em In Treatment são complexas e acabamos percebendo que são seres humanos com traços bons e também ruíns. Como não se comover e compreender a personalidade de Walter quando ele desaba numa crise soluçante de choro ali, bem na nossa frente?
E o problema que temia acontecesse, não aconteceu, ou seja, a diminuição no número de semanas não resultou em cura ainda mais rápida dos pacientes. Nesse ponto, a segunda temporada foi melhor do que a primeira: ao invés de curas milagrosas, desistência da terapia, mudança de cidade ou simplesmente a constatação de que o paciente começara a trilhar caminho adequado pra sua melhora como ser humano. A parte interessante pra ser mostrada num show pra TV já passara. Hora de seguir em frente com outras personagens. A versão israelense teve apenas 2 temporadas e a HBO meio que seguiu o original. Obviamente, In Treatment não é o tipo de programa pra virar fenômeno de audiência, e ainda não li se a emissora autorizou uma terceira temporada. Tomara que sim. Aliás, li que há fãs preocupados com o destino do show caso haja outra temporada, justamente por não mais haver o exemplo israelense a seguir. Isso não me preocupa porque a TV norte-americana tem ótimos roteiristas e a HBO já deu ao mundo obras-primas televisivas como The Sopranos.
Ah, outra coisa que me desagradou um bocadinhofoi o excesso de explicações que o Paul dava. Não me lembro se na primeira temporada também era assim, mas nessa segunda isso me irritou um pouquinho. Eu já sacara qual era o lance e lá ia o Paul, explicar, explicar. Mas, é claro que entendi porque teve que ser assim. É um show deTV, não um filme do Bergman.
Não sei se as explicações dadas no show são apenas psicanálise de botequim. Inclusive, vi um par de vídeos no U2B onde um suposto terapeuta comenta os procedimentos do Paul e aponta erros e acertos. Pouco me importa, porém. Vejo In Treatment como um show e não como sucedâneo pra sessões de terapia. Se quisesse terapia, procuraria um terapeuta; Paul Weston é apenas uma interessante personagem deTV.
E, não resisto à tentação...IN TREATMENT RULZZZZZZZZZZZZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Um comentário:

  1. Oie, td bem??

    Eu tinha "visto" falar do teu Blog em um jornal, e fui pesquisar no Googl!

    Bem, achey mt dhygno, e legal!

    Eu nao sei se voce ja postou, mas tem uma historia de 3 albinos q nasceram numa familia de negros..

    http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/pernambuco/noticia/2009/08/29/irmaos-sem-direito-a-brincadeiras-a-luz-do-dia-198084.php

    Me emocionei mt, pois sao mt pobrezinhos!

    Nao tem dinheiro pra comprar o protetor solar, nem pra comer direito...

    Se puder, veja e veja tbm o slide show.

    Sao 3 anjinhos Liiiiiiindos!

    E a mae deles eh uma batalhadora!

    Abrçs

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