quinta-feira, 17 de maio de 2018

TELONA QUENTE 236


Roberto Rillo Bíscaro

Os filmes com orçamento parco eram – não sei se ainda são - informalmente chamados de cheapies (do adjetivo barato) nos anos 1950, quando muito da produção de ficção-científica se encaixava nessa categoria.
Produzidos por estúdios independentes – mas nem sempre – essas películas reciclavam cenários de outras produções, faziam muitas cenas noturnas ou brumosas pra disfarçar a pobreza do cenário e também pra poder gravar em estúdios, onde era fácil conseguir tal ilusão. Externas são mais caras, porque implicam, dentre outras coisas, pagar logradouros, obter permissões, sem contar o deslocamento de equipes e equipamentos.
Dessa categoria é O Homem do Planeta X (1951), que se aproveitou, como diversos outros, do temor causado pela explosão de relatos de aparições de discos-voadores. O orçamento de pouco mais de 50 mil dólares era escasso mesmo pros padrões da época. Por exemplo, Rocketship X-M, onde já se nota mambembice, custou quase o dobro.
Os minguados recursos determinam que os enredos dessas produções amiúde se desenrolassem em localidades remotas, assim se poupava com extras. Daí, ocorre aquela contradição muito engraçada de tantos filmes de invasão alienígena. Civilizações supostamente ultra-avançadas, poderosas e inteligentes escolhem começar seu domínio da Terra numa aldeia perdida no meio do nada, com apenas uma espaçonave tripulada por um ET. Não diferente da “vida real”, com relatos de OVNIs que aparecem pra zé-ruelas que não influem nem na família, mas recebem mensagens de ETs tecnologicamente séculos-luz adiante de nós.
No caso de The Man From Planet X, o mundo estava a poucas horas de estar o mais próximo possível do tal planeta X, quando numa afastada ilha escocesa, nave com seu respectivo tripulante misterioso são descobertos. Nada de debochar da inocência do roteiro a partir de suposta superioridade contemporânea: ano passado mesmo, um maluco inglês (note que não foi de país “subdesenvolvido) disse que o mundo acabaria, porque se chocaria com o tal de Nibirú. Vai vendo a patetice...
O ET é capturado, mas um cientista do mal o agride pra tirar-lhe os segredos. O mais importante deles é que os habitantes do planeta X tencionavam colonizar a Terra, porque seu planeta estava em processo de congelamento. A criatura tinha o poder de zumbificar as pessoas, submetendo-as a sua vontade, mas parece que esta não era muito forte, porque as informações sobre a invasão são arrancadas de um hipnotizado com a maior facilidade. Bastou perguntar e o suposto dominado deu a ficha completa.
Com atores norte-americanos nem sempre se saindo bem no sotaque escocês, The Man From Planet X não é essencial prum panorama dos anos 50, mas cultores de obscuridades e de sci fi da década poderão apreciar.

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