terça-feira, 29 de maio de 2018

TELINHA QUENTE 311


Roberto Rillo Bíscaro

Para tantos estrangeiros, a Holanda é paraíso/pesadelo permissivo de drogas e sexo livres. Mas, o pequerrucho reinado tem bolsões onde impera religiosidade em moldes bem Puritanos. Onde mulher é submissa, anda de vestidão e não faz aborto; onde ninguém fuma haxixe ou consome álcool.
Foi desse ambiente rural, que fugiu Eva (olhem que nome simbólico, gentchy!) para viver com seu namorado Peter, crítico de música pop que jamais fumara um baseado até o capítulo 4 ou 5, WTF? Vivem em Amsterdã, mas decidem adquirir casa no subúrbio pra melhor criar a vindoura neném. Mas, quando se mudam pra lá, uma tragédia já se passara com o casal e isso mudará muita coisa.
Essa é a premissa da primeira temporada de Nieuwe Buren. Os Novos Vizinhos do título logo fazem amizade com Steef e Rebecca, liberais que fumam baseado e fazem troca de casais, daí o título internacional The Swingers, que empresta bastante conotação moral ao show, diferentemente do original holandês.
A interação entre essas personagens causará grande explosão emocional, que começamos a descobrir já na cena de abertura. Durante todo o percurso, sabemos que tudo acabará num banho de sangue. Não sabemos quantos morrerão, mas cada capítulo abre com trechos de interrogatório ou um detalhe do tiroteio, pra depois seguir com legenda tipo “11 semanas antes”.
Desse modo, em Nieuwe Buren supostamente deveria interessar o percurso condutor à tragédia; o porquê aconteceu e não muito o quê. Não é bem isso que ocorre.
Novelão vulgar no fundo d’alma, Nieuwe Buren não necessitava duma dezena de episódios pra nos fazer entender os motivos que levaram à tragédia, O roteiro é por demais reiterativo e às vezes a ingenuidade boba de Peter ou a desnecessidade do “alívio cômico” de Jasper incomoda.
Os dois casais são material estético de soap opera: lindos e gostosos a sua maneira manipulada de representação: Peter e Eva mais clean, “inocentes”; Steef e Rebeca, mais malandros e morenos. Segredos vão sendo revelados e tramas paralelas juntam-se pra desaguar no final sangrento, que traz surpresa, mas depois de demasiada enrolação. Daria pra fazer tudo e ter até efeito melhor, em cinco capítulos.

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