segunda-feira, 6 de outubro de 2014

CAIXA DE MÚSICA 141

Roberto Rillo Bíscaro

O Erasure foi parte da geração synth-pop da segunda metade dos anos 80. Andy Bell e Vince Clark cravaram diversos sucessos; 30tões em diante se recordam de Oh L’Amour, Give a Little Respect e Blue Savannah.
Apreciador mais de singles da dupla do que de álbuns, não prestei atenção ao trabalho dos ingleses depois que parei de ouvir rádio e eles deixaram de ser executados. Sabia que estavam em atividade e lançavam álbuns, mas só voltei a escutá-los agora, com o recém-lançamento de The Violet Flame.
Os concisos 38 minutos dentro dos quais se distribuem 10 canções provam 2 coisas já na primeira audição:
a1)  A idade apurou os vocais de Andy Bell, antes propensos à cabritice;
b2) O tecladista Vince Clark não tem mais necessidade ou criatividade de/pra ser bombástico. Numa lista de riffs de teclado mais marcantes dos anos 80, ele facilmente paparia 2 entradas devido aos divinos sintetizadores de Don’t Go e Situation, de sua fase Yazoo. Agora, ainda há momentos gostosos, mas integrados à estrutura das canções, bastante parecida uma das outras, aliás.   
The Violet Flame é predominantemente dançável, mas sem o nervosismo e a zuação electro da atualidade; é synth pop tradicional safra virada dos 80’s pros 90’s. Mas, como as tias não vivem numa bolha de plástico, há respingos de contemporaneidade, como as frações de segundo quando os teclados assumem som de videogame vintage, lembrando a dupla canadense Crystal Castles, em Promises.
O álbum jamais será acusado de original; todos os ritmos e sonoridades já foram ouvidos e testados/dançados por nós mais antigos, mas isso não significa falha em despertar interesse. The Violet Flame é muito agradável, exceto pela lentosa Smoke and Mirrors que pretende ser sombria, mas tem produção leve demais pra tal. O Erasure acertou em continuar sendo mais dançante, forte do duo.
Confortável como um sapato velho, The Violet Flame não tocará em rádios (pena, a grudenta Dead of Night merecia exposição) nem atrairá novos fãs. Manterá a chama dos admiradores antigos que terão material novo pra curtir nas turnês de Bell e Clark  

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