sábado, 2 de julho de 2011

SANGUE RALO

Como quase toda a península balcânica, a República do Kosovo é pobre, tem grupos étnicos que não se entendem e a população emigra ilegalmente em grandes números pras partes ricas da Europa. Uma espécie de lado B europeu, onde tem gente que ainda toma banho de bacia. A diáspora balcânica, não por acaso, tem servido de inspiração pruma leva de filmes que denunciam a defasagem entre as 2 Europas.

Ontem vi Blodsbånd (2006), do diretor norueguês Marius Holst, que perdeu a chance de fazer um filme meio na linha triste de 21 Gramas e Casa de Areia e Névoa, onde eventos acontecem pra inexoravelmente destruir a vida das personagens.

Marush é uma criança kosovar que vive com a mãe e o irmão mais velho em uma espécie de favela. O pai emigrara pra Noruega quando o garoto era ainda bebê e logo cortara contato com a família. Após mais uma desgraça familiar, Marush foge pra Oslo a procura do pai, que possui um restaurante na cidade. Lá, ele encontra um homem que decidira construir nova vida com uma norueguesa e enfrentava problemas com a máfia albanesa.
O processo de reaproximação prova ser muito mais difícil do que supusera Marush, o que leva o menino a reagir de forma explosiva, desencadeando mais tragédias familiares e fora dela. Blodsbånd lida com a questão dos laços de sangue, que embora indeléveis, às vezes não são fortes o bastante pra aguentar o turbilhão das forças sócio-históricas.
Tinha tudo pra ser um grande filme, inclusive pela excelente atuação do pequeno Nazif Muarremi. Infelizmente, implausibilidades no roteiro subtraem parte do poder pretendido.
O garoto cruza a Europa de sul a norte muito rápida e “suavemente” e encontra o restaurante do pai mal chega a Oslo, que não é uma aldeota, pelo amor de Deus! O final – postiço, arbitrário e em câmera lenta pra dar ar esperançoso à película – compromete tudo.
Malgrado não seja destituído de grandes cenas, Blodsbånd tem muito de sua força aguada por soluções apressadas.               

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