segunda-feira, 30 de novembro de 2009

"...UM GOSTO DE FRAMBOESA..."

A postagem de hoje é sobre a framboesa dourada, uma frutinha albina. A reportagem abaixo foi extraída do jornal Estado de São Paulo. Bastante interessante. Eu não fazia ideia de que as framboesas douradas eram albinas. Nem sabia que exisitam de verdade; achava que era apenas o nome do "Oscar" pra filmes e atores ruins...
Apenas uma ressalva sobre a matéria: modernamente não se diz mais que alguém "sofre de" albinismo ou qualquer outra coisa. Basta usar o verbo "ter". Já tá de bom tamanho.. A pessoa tem diabete, tem albinismo etc.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Cacho de ouro acidental
No princípio as framboesas eram brancas. Aí, por um incidente entre os deuses, surgiram as vermelhas - e as púrpuras, e as negras... Ainda era pouco. Eis que brota então a framboesa dourada. O fato de ela virar troféu para filme ruim é outra história.

Cíntia Bertolino
Tudo começou com um desses acidentes naturais, do tipo que mesmo botânicos experientes têm dificuldade de explicar, mas são rápidos em reconhecer. De repente, no meio de uma florada de framboesas vermelhas, lá estava ela, uma framboesa dourada. A primeira reação foi achar que a "intrusa" estava estragada, que, por não ter a característica pigmentação rubra, não servia para consumo.
Não é de admirar conclusão tão precipitada, afinal, entre as mais de 300 variedades de framboesa - uma frutinha vermelha natural da Europa, América do Norte e Ásia -, a esmagadora maioria pertence a uma paleta de cores fortes, que vai do vermelho vivo até o negro, passando pelo púrpura.
Separada das outras framboesas, notou-se que a frutinha dourada tinha sabor e personalidade particulares. Ela era apenas fruto de uma mutação genética natural: sofria de albinismo. Até aqui, nada dramático, ou melhor, a caçula da família provou ter brilho próprio. "A framboesa dourada tem pouco mais de 80 anos. É mais delicada e só começou a ser cultivada comercialmente nos Estados Unidos há 30 anos", diz o engenheiro agrônomo Rodrigo Veraldi Ismael, que cuida da plantação da fazenda Baronesa Von Leithner (Av. Alto da Boa Vista, 3025, 12/3662-1121), em Campos do Jordão (interior de SP). Rodrigo também produz a fruta em seu sítio, o Frutopia (12/ 9745-9897) e avisa que em 15 dias elas devem chegar ao Mercado Municipal de São Paulo.

A fruta dourada é sutil, mais doce e menos ácida que seus pares vermelhos e negros. Na boca, é quase cremosa. E o amarelo radiante talvez ajude a provocar a sensação de que se tem algo bastante incomum entre os lábios. Privilégio é poder prová-la diretamente do pé, já que é frágil - ponto em comum com o restante da família Rosacea, especialmente as Rubus idaeus, nome botânico das framboesas. Provar do pé foi o que fez a reportagem do Paladar na Fazenda Baronesa Von Leithner, uma das primeiras a produzir a framboesa dourada no País.
Na encosta de uma montanha com vista para a Pedra do Baú, esparrama-se uma plantação ainda pequena. As frutas são colhidas uma a uma, manualmente. Por enquanto a maior parte da produção vai se destinar ao consumo interno e logo vai começar a aparecer em sucos, geleias e doces produzidos na fazenda e servidos em seu café e restaurante. A ideia, porém, é aumentar a produção no ano que vem. Ao lado, fizemos um raio-x da framboesa dourada, um desses felizes e deliciosos acidentes da natureza.

No vermelho-vivo, o sangue da ninfa
Um dia, Zeus estava tão destemperado que seus gritos reverberavam furiosamente pelas montanhas de Creta. Assustada, a ninfa Ida resolveu ir ao monte mais alto da ilha colher framboesas para acalmar a pequena fera. Na pressa, acabou arranhando o seio nos espinhos do arbusto e seu sangue respingou nas frutas, tingindo-as permanentemente de vermelho-vivo.
Segundo Alan Davidson, em Oxford Companion to Food, os gregos antigos partiram dessa bela lenda mitológica para explicar por que as framboesas são vermelhas - embora hoje elas existam numa gama de cores que vão das claras às bem escuras. O Monte Ida, em Creta, onde teriam surgido as primeiras framboesas, foi batizado em homenagem à ninfa Ida, que também inspirou o nome científico da fruta da família das rosáceas, Rubus idaeus.

Um oscar que ninguém deseja ganhar
O cinéfilo americano John Wilson só descobriu que framboesa dourada era algo de comer quando foi registrar o nome de seu prêmio, o Golden Raspberry.
Desde 1981, a framboesa de ouro de Wilson "premia" os piores filmes, atores e atrizes do ano.
"Não sabia que existia uma coisa na natureza chamada framboesa dourada. A palavra raspberry (framboesa) também tem um som que é uma onomatopeia insultuosa, algo usado para tirar um impiedoso sarro de alguém", disse Wilson ao Paladar, por telefone.
O prêmio foi criado por brincadeira. "Assistia às cerimônias do Oscar e sempre esperava que aquilo melhorasse. Como não aconteceu, resolvi fazer algo a respeito para ‘honrar’ aquele monte de filmes ruins lançados anualmente", diz.
Mas, e quanto à fruta? "Já provei e comprei para servir aos membros de nossa ‘academia’. Não sei se é influência do prêmio, mas prefiro a vermelha." Para votar nos piores filmes do ano entre em:
http://www.razzies.com/.
Geleia dourada
ingredientes
500g de framboesa dourada350g de açúcar1 maçã pequena, sem casca ecortada em cubinhos
preparo
Ponha todos os ingredientes em uma panela grande. Leve ao fogo bem baixo. Durante todo o processo de cocção, não deixe de mexer. Quando a mistura atingir ponto de fio, desligue o fogo. A consistência será meio líquida. Ainda quente, transfira a geleia para um vidro esterilizado com tampa. Ela estará pronta para consumo após esfriar completamente em temperatura ambiente. Conserve na geladeira.

(Encontrado em http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos+paladar,cacho-de-ouro-acidental,3438,0.shtm)
(Uma vez que o assunto é framboesa, ouçamos Canteiros, do Fagner. "Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa...")

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