quinta-feira, 20 de setembro de 2018

TELONA QUENTE 254

Roberto Rillo Bíscaro

Até meio difícil de crer hoje, mas durante toda a década de 1950 até talvez a de 80, floresceu indústria dedicada à criação de abrigos subterrâneos pra quando estourasse a inevitável guerra nucelar entre as superpotências.
Não só nos EUA; em Praga há um que recebe visitas turísticas; parece que na Bósnia, também. Mas, nos EUA o negócio realmente pegou fogo, porque a população classe-média pra cima tinha dinheiro e acreditava que ficar a poucos metros da superfície por alguns dias a salvaria do holocausto.
Revistas como a Popular Science publicaram vários artigos a respeito de modelos de bunkers, a maioria em tom “faça você mesmo” tão caro ao empreendedorismo ianque. Havia até dicas de como aproveitar o porão pra construir um abrigo subterrâneo pra se proteger da Bomba.

Paranoia de se esconder da Bomba feito tatu, aliada à influências de Julio Verne e Edgar Rice Burroughs informam Unknown World (1951), hoje e mesmo na época, tão obscuro quanto o mundo que pretende explorar, mas não tem dinheiro.
Produzido pela mesma equipe e companhia de Rocketship X-M, Unknown World (UW) mostra equipe de cientistas que desce ao centro da Terra, em busca dum lugar habitável, pra que parte da espécie humana se refugie pra quando venha a guerra, inevitável, aos olhos do exagerado Dr. Morley.
Embora situado nos “avançados” anos 50, quando a energia nuclear podia inclusive ser usada pra impulsionar a engenhoca que cava seu caminho superfície abaixo, UW parece tirar seus conceitos científicos do século XIX. A premissa pra descida é que o interior de nosso planeta não é composto por magma, mas um labirinto de cavernas e que pode haver sítio com água, luz (!) e ar, que permita vida. Eles descem pela cratera dum vulcão extinto, mas o roteiro não se importa com a incongruência de usar um canal trafegado pela lava, negada na cena anterior.
Na verdade, o roteiro de UW não se importa com coisa alguma, porque não há grana e então nada acontece na maior parte do tempo. Muita cena na escuridão de cavernas, escalada e rapel, o interior paupérrimo da suposta nave e nada mais. Mesmo, porque não há vida no centro da terra, embora haja luz (!). Se hão há monstro ou homem-tatu pra servir como antagonista, que ação dramática é possível?
A viagem ao centro da terra desses cientistas valeu tanto quanto os bunkers serviriam numa guerra atômica real
Vi no Youtube e o som está ruim.

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