sábado, 24 de fevereiro de 2018

MILHARES DE ALBINOS EM SITUAÇÃO DE RISCO

Milhares de albinos correm risco de vida em Moçambique afirma Amnistia Internacional

Cerca de 30 mil albinos moçambicanos foram vítimas de discriminação e marginalizados da sociedade e muitos correm risco de vida, denuncia a Amnistia Internacional (AI) no relatório anual que publica hoje.

Os autores do documento afirmam que os incidentes de perseguição aumentaram durante 2017 e que há conhecimento de pelo menos 13 albinos mortos, embora admitam que este número possa ser maior.

"Os homicídios foram motivados por superstição ou mitos relacionados com poderes mágicos das pessoas com albinismo. A maioria dos homicídios ocorreu nas províncias do centro e do norte, as regiões mais pobres do país", explicam.

A AI conta como um menino albino de sete anos foi morto em 31 de janeiro do ano passado no distrito de Ngaúma, na província de Niassa por quatro homens desconhecidos que o raptaram de casa da família enquanto esta dormia.

Em 28 de maio foi a vez de um menino de três anos ser arrancado à mãe no distrito de Angónia, província de Tete.

Em 13 de setembro, um jovem de 17 anos foi morto na área de Benga, distrito de Moatize, na província de Tete, tendo os atacantes removido o cérebro, cabelos e os ossos dos braços, mas os responsáveis não foram detidos ou julgados.

"Apesar da indignação da população, o governo fez pouco para resolver o problema. Foi concebida uma estratégia para impedir as mortes, no entanto não foi implementada, alegadamente por falta de recursos", afirma a AI no relatório.

A organização alerta também para o agravamento da insegurança alimentar no país, em particular nas zonas rurais, onde mais de 60% da população foi afetada pela aquisição de terrenos usados para agricultura de subsistência e para retirar água por empresas mineiras.

Na área de Nhanchere, no distrito de Moatize, na província de Tete, a empresa de mineração de carvão Vale Moçambique começou a vedar terras usadas pelos locais para pastagens e recolher lenha em 2013, o que gerou protestos.

Uma manifestação pacífica em 13 de junho de 2017 resultou na morte de Hussen António Laitone, vítima de tiros da polícia local, apesar de ele não estar envolvido no protesto.

A violência também foi usada para intimidar críticos das autoridades, como o Armando Nenane, que foi espancado pela polícia em 17 de maio em Maputo, depois de já ter sido ameaçado de morte pelo telefone.

"Ele foi atacado pelas suas opiniões sobre o chamado G40, um grupo supostamente criado durante o governo do ex-presidente Armando Guebuza para difamar os opositores", garante a AI, que adianta que ninguém foi ainda responsabilizado.

Outro caso foi o do antigo presidente do município de Nampula Mahamudo Amurane, morto a tiro em frente à sua casa em 04 de outubro e cujo autor continua por encontrar.

A AI refere que Amurante tinha entrado em conflito com a liderança do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e preparava-se para deixar o partido e candidatar-se à reeleição nas eleições municipais de outubro de 2018.

O relatório refere também a elevada taxa de homicídios de mulheres, muitas vezes pelos próprios companheiros ou familiares, alegando bruxaria.

Em 10 de janeiro, relata, um homem de 31 anos esfaqueou a esposa de 27 anos no bairro de Inhagoia, nos arredores de Maputo, e em fevereiro, um homem de 27 anos, decapitou a mãe no distrito de Vanduzi, a província de Manica, porque ela se teria recusado a servir-lhe comida.

Em maio, um homem matou a própria mãe no distrito de Guru, província de Manica, por considerá-la responsável por um feitiço de impotência sexual sobre ele e, em agosto, dois irmãos mataram a avó de 70 anos na localidade de Messano, distrito de Bilene, província de Gaza, porque lhes teria lançado um feitiço de má sorte.

"Embora, em todos estes casos, os suspeitos tenham admitido que cometeram os homicídios, as autoridades não conseguiram desenvolver, programar e implementar uma estratégia eficaz para combater a violência contra as mulheres", acusa.

O relatório da Amnistia Internacional 2017/18 abrange 159 países e oferece uma análise abrangente sobre o estado dos Direitos Humanos à escala mundial, coincidindo com o ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos celebra o 70º. aniversário.
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