segunda-feira, 25 de abril de 2016

CAIXA DE MÚSICA 215


Roberto Rillo Bíscaro

Por seus antropofagismos e tropicalismos, o Brasil gosta de dizer que aprecia geleias gerais, tudo junto e misturado. Tropix, quarto álbum de Céu, derrete diversos estilos num caldeirão eletronizado e o resultado é MPB, Música POP Brasileira, ultramoderna, cosmopolita e acessível. O próprio título popifica e computadoriza não apenas a referência à Tropicália, mas também os próprios trópicos, ainda tão fadados ao atraso em tudo.
Um título e uma canção explicam à perfeição a tônica desse trabalho da paulistana.  Pixel é um ponto luminoso do monitor que, juntamente com outros do mesmo tipo, forma as imagens na tela. Amor Pixelado é uma das canções desse álbum pixelado, onde não dá pra dizer que tal faixa é isso ou aquilo. Tropix é composto de minúcias extraídas de diversos (sub-)estilos por quem sabia o que queria.
Perfume do Invisível intercala gotejar esparso de electronica com disco-funk que não ficaria deslocado na fase Jesus Não Tem Dentes, dos Titãs. A Menina e o Monstro transiciona o tempo todo entre caixa de música e piscodelismo guitarrado. Arrastar-te-ei e Minhas Bics têm ecos de ritmos nordestinos transurbanizados. A Nave Vai é disco music com guitarrinha sapeca. Varanda Suspensa é uma delícia de synthpop tropical i.e. misturado com brega. Chico Buarque Song é regravação do paulistano Fellini, que gravou pela independente Baratos e Afins nos 80’s. Indie rock meio neopsicodélico, mas aquela batidinha de teclado/guitarra na verdade é batuque de samba, que ficaria em casa nalgum antigo álbum de Dulce Quental.
Uma das formas de se entender a discreta e diáfana Bossa Nova é vê-la como tendência de gosto hegemônica sucessora dos derramados boleros e sambas-canções. E não é que Sangria traz um fiapo de bolero cantado à Bossa Nova? Une 2 inimigos estéticos e é a canção que melhor explica Tropix. E mais pro fim, Sangria vira twee pop com papapa à Sarah CracknellQue antenada essa Céu!
Esta playlist traz o álbum completo:

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