domingo, 2 de março de 2014

COR CONTRA CÂNCER

Estranha Teoria para Cor de Pele Escura é Proposta

Tradução: Roberto Rillo Bíscaro

O câncer de pele pode ter levado à evolução da pele escura em humanos, sugere estudo entre pessoas com albinismo na África.

O albinismo é uma desordem hereditária que impede a produção da melanina, pigmento negro ou castanho. No Sub-Saara, pessoas com albinismo quase inescapavelmente morrem de câncer de pele – e jovens, de acordo com artigo publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B.
Essas tragédias modernas apontam para uma potencial razão pela qual nossos ancestrais desenvolveram pele escura, afirmou Mel Greaves, biólogo do Institute of Cancer Research in the United Kingdom.
“No passado, praticamente todos os cientistas descartaram o câncer como razão para a evolução da pele escura”, comentou Greaves. “Eles acreditavam que o câncer não podia ser uma força seletiva no sucesso para sobrevivência e reprodução, uma vez que a doença é geralmente benigna ou ataca em idade avançada nas pessoas de pele branca de hoje.
Cor e câncer
Não há dúvida de que pele escura protege contra o sol. Indivíduos de pele clara são muito mais suscetíveis ao câncer de pele do que os de pele escura. O tom exato da cor faz a diferença, mas, em general, a pele afro-americana apresenta fator de proteção solar 13.4, ao passo que a branca tem 3.4.
Quando nossos primeiros ancestrais começaram a caçar e a se juntarem nas savanas ao ar-livre, perderam seus pelos. Esses primeiros humanos provavelmente tinham pele clara, como nosso parente vivo mais próximo, o chimpanzé, que, por baixo dos pelos, é branco. Aproximadamente entre 1.2 e 1.8 milhões de anos atrás, os primeiros Homo sapiens desenvolveram pele escura. Entretanto, biólogos ainda não se convenceram que o câncer de pele determinou a mudança evolucionária (a pele clara predominou novamente depois que os humanos saíram da África em direção a latitutdes mais elevadas).
Isso porque o câncer de pele, no mundo moderno, tende a aparecer mais tarde, depois dos anos reprodutivos. Pela perspectiva evolucionária, isso não é muito importante. O que realmente importa é sobrevivência durante os anos reprodutivos, a fim de transmitir os genes para a prole.
EVOLUÇÃO DA PELE ECURA
Então, pesquisadores apareceram com hipóteses alternativas dando conta que pele escura podia facilitar a sobrevivência. As implicações envolvem evitar dolorosas queimaduras solares, as quais prejudicariam a agricultura e a caça; melhorar a visão, já que falta de pigmento vem acompanhada de problemas visuais; proteger as glândulas sudoríferas de dano solar e proteger o estoque corporal de ácido fólico, crucial para o desenvolvimento neurológico e danificável por radiação ultravioleta excessiva.   
Além disso, a melanina pode até proteger contra infecções causadas por fungos em climas úmidos, de acordo com um artigo publicado em 2007 na revista Dermatologic Clinics.
Embora pigmentação ofereça benefícios explícitos, Greaves crê que o câncer por si só pode ter sido a causa da criação da pele escura. Na região do Sub-Saara contemporâneo, o albinismo é comum, com cerca de uma ocorrência para cada 5.000 pessoas. Em comparação, há apenas um caso para cada 20 mil na Europa e nos EUA.
Greaves estudou os casos de albinismo na África e descobriu que quase todos os indivíduos com albinismo desenvolveram câncer de pele na faixa entre 20 a 30 anos. No estado sul-africano de Soweto, o risco de desenvolver câncer de pele é mil vezes maior em pessoas com albinismo do que em pessoas com pigmentação escura.
A prevalência de trabalho ao ar livre acarreta lesões muito mais cedo nos africanos com albinismo do que nos norte-americanos de pele branca, descobriu Greaves.  
Um estudo entre pessoas com albinismo na Nigéria mostrou que 50% apresentava câncer de pele aos 26 anos. Na Tanzânia, 80% dos albinos estudados desenvolveram a doença na casa dos 30 anos. Menos de 10% das pessoas albinas na África sub-saariana sobrevivem depois dos 40, escreveu Greaves.
Do mesmo modo, fora da África, a população Kuna do Panamá apresenta uma taxa de albinismo de um em cada 150 pessoas. Virtualmente todos os albinos Kuna têm câncer de pele ao chegar aos 30 anos.
Casos de câncer precoce teriam sido rotina na vida de humanos de pele clara vivendo no Sub-Saara sem o benefício de conhecimento médico ou proteção solar, concluiu Greaves. Tais cânceres teriam sido fatais, como o são hoje, depois de entrarem em metástase ou após ulcerarem e se infectarem. Como resultado, pessoas mais claras teriam morrido mais frequentemente em idades tenras, restando mais indivíduos de pele mais escura para transmitir os genes.
A ideia é especulativa, afirma Greaves. Acrescentou, porém, que sua análise do albinismo na África marca “a primeira vez que o câncer tenha sido citado plausivelmente como influência na evolução humana”.
http://www.livescience.com/43674-cancer-skin-color-evolution.html

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