segunda-feira, 31 de março de 2014

CAIXA DE MÚSICA 119


Azia

Em 1981, sobreviventes de bandas de rock progressivo aparentemente desintegradas formaram um supergrupo. John Wetton, baixista e vocalista do King Crimson; Steve Howe, guitarrista do Yes; Geoff Downes, tecladista que passara pelo Yes e tocara no Buggles, cujo clipe pra Video Killed the Radio Star iniciou as transmissões da MTV e Carl Palmer, baterista do Emerson, Lake & Palmer formaram o ASIA.
Em 82, saiu o álbum Asia, decepção pros fãs sinfônicos de prog rock. A banda tocava rock de arena, formato popular nos anos 1980: produção polida nos detalhes duma fórmula rígida, que rendeu um monte de canções como sonoridade pasteurizadamente igual, com vocalistas sem voz marcante, mas que vendiam milhões e lotavam estádios. Vez ou outra alguma canção se sobressaía e, dentro do contexto da época, até era excitante e continua até hoje (será que apenas por evocar memórias?). Do álbum de estreia do ASIA, Only Time Will Tell e Heat of the Moment estouraram e continuam nas minhas set lists.
Os demais álbuns não repetiram o sucesso e, típico de egos prog, o ASIA mudou mais de formação do que David Bowie a cor do cabelo. Perdi contato e interesse por eles ainda nos anos 80; soube que se reagruparam com a formação original em 2006, mas nunca ouvira nada até semana passada, quando soube do lançamento de Gravitas há poucos dias.


Howe abandonara o ASIA novamente e um novo guitarrista fora contratado, Sam Coulson, que tem idade pra ser neto de Carl Palmer. Resolvi checar Gravitas porque li que a vertente sinfônica aflorava mais do que a de rock de arena, com suas canções planejadas pra agradar FMs oitentistas.
Gravitas tem tanta personalidade quanto os milhares de despercebidos álbuns de fracassadas bandas aspirantes a prog, hard rock ou AOR enterrados na areia dos tempos. Imperdoável considerando-se o pedigree das ex-bandas dos Asiáticos.
A impressão é de que voltamos pro mais asséptico dos anos 80, quando ex-prog falidos ou semi-esquecidos tentavam sucesso comercial. As canções parecem a mesma: Valkyrie, Gravitas e Heaven Help Me Now têm a mesma base, depois das introduções. Valkyrie inicia auspiciosa com seu violoncelo e vocalização; Gravitas tem introdução estendida de orquestra de sintetizador e Heaven.... evoca Queen na vocalização inicial, pra depois lembrar a possibilidade de um rockão sinfônico a la Angra, anos 90. Depois do descrito, as 3 caem na mesmice faceless. Iguais entre si e idênticas a centenas de outras.
Se lançadas em 85, I Would Die for You e a balada Joe Dimaggio’s Glove talvez alcançassem alguma posição entre as sexagésimas no Top 100 da Billboard. Alguém que decida perder tempo como eu, pode me dizer qual a diferença entre a versão não acústica e a acústica, presente na Deluxe Edition?
Em The Closer – balada excessivamente longa que arremeda um trecho de Woman in Love, da Barbra Streisand e depois Drive, do Cars; ouça e tente cantarolar junto! – o cantor reclama que quanto mais se aproxima, mais alguém o repele e ele não sabe o que fazer. Com um álbum impessoal como Gravitas não admira a rejeição. O que fazer? Produzir um disco relevante. 

Um comentário:

  1. Muito legal a sua resenha sobre o Asia inglês, tenho os 3 primeiros álbuns deles em disco de vinil, mas faz um tempão mesmo que não ponho pra rolar, com o you tube lotado de músicas desses discos, ultimamente tenho achado mais prático ouvir aqui no pc. Parabéns pelo seu blog e aquele abraço do Barbaro do Sul.

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