segunda-feira, 21 de outubro de 2013

CAIXA DE MÚSICA 106/TELINHA QUENTE 95



Roberto Rillo Bíscaro

Se a data do vídeo do You Tube estiver correta, em 2001 a VH1 fez uma semana anos 80. Outro dia, achei 10 documentários produzidos pelo canal, enfocando cada ano da década. Mal posso esperar pra ver, mas antes chequei retrospectiva mais geral sobre New Wave e Alternative Rock, encontrável em inglês não-legendado no meu canal favorito de TV (link após a resenha)
Bem sucedido comercialmente na Inglaterra – vender bem = sucesso artístico nesses documentários – o punk era rebelde demais pros subúrbios classe-média estadunidenses. Despolitizado, colorizado e gelzificado em seu vestuário e cabelo, o movimento virou New Wave e fez sucesso no começo oitentista, com bandas como Devo, The Motels, Talking Heads etc. Bandas punk se popificaram, tipo The Clash, livrando-se do rigor minimalista dos 3 acordes, que permitiam nenhum avanço estético.
O synth pop surgiu como filhote bastardo do prog rock com o punk e sintetizou o mundo pop pra sempre, despertando a ira de puristas que achincalharam as carreiras de pioneiros fundamentais como Gary Numan.

Revoltos contra o glamur sintetizado e a supremacia “careta” de Madonna, Phil Collins e Wacko Jacko, bandas que não compartilhavam do consumismo glutão da década neoliberal faziam som mais cru e/ou agressivo. Excluídos da MTV e das grandes rádios, grupos como Hüsker Dü e os Dead Kennedys azedavam o coro dos contentes da era Reagan. Sua divulgação vinha dos selos independentes e das rádios universitárias – as college rádios, que a gente morria de vontade de ouvir no nosso isolamento invejoso brasuca.
Até que... até que o R.E.M estourou na MTV e grandes rádios e a maioria dos ex-alternativos guitarreiros não pestanejou pra assinar contrato com gravadora gigante, tornando o rock “alternativo” outra etiqueta no shopping center que é a cultura pop. A condição de possibilidade pra “revolução” do Nirvana nos 90’s foi o caminho de aceitação midiática dos Replacements e Midnight Oils da vida.

Virtude: os 40 e poucos minutos de documentário trazem bastante informação concentrada sobre essas 3 vertentes do pop oitentista.
Defeitos:
- não trazer os nomes das tantas bandas cujos trechos de canções são mostrados. E se a gente ama o pedacinho, não conhece a canção e quer tentar baixar, faz como?
 - não citar os Smiths, sacrilégio imperdoável; heresia condenável com danação eterna! Certo que o REM alcançou as paradas, ao passo que Morrissey & Cia foram queridinhos da independência britânica, mas a influência dos manchesterianos no indie rock é comparável à dos Beatles no rock de forma geral.
Mesmo assim, penso ser indispensável.

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