quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CONTANDO A VIDA 63

Então é Natal...Se eu fosse você, não apenas leria, mas divulgaria a mensagem natalina de nosso cronista em êxtase. Está linda, confiram!


MENSAGEM DE NATAL

José Carlos Sebe Bom Meihy

Como arrazoar uma mensagem de Natal que não seja trivial, comum, descartável, igual a tantas outras? Como? O que dizer, ou melhor, há algo novo a ser dito?!... Com esse desafio, dia desses, esperei o sol surgir e no sutil silencio que descolora a noite impondo luz ao dia, adivinhei uma espécie de grandiosidade da vida. Plenitude. E redescobri em meu íntimo um deus interior que, cheio de despreocupação, sem laivo de exigência, me fez enxergar, apaixonado, a complexidade do mundo, do mesmo mundo que nos foi dado viver. Igual a ele – ele em mim – se fez algo majestoso e como menino antigo em uma contemplação miraculosa, numa fagulha, imaginei a perfeição daquele que dispensa religiões, cultos, preces, festas, procissões e letra maiúscula. Era um deus desprovido de vela, igreja, confessionário, penitência, sermões e que isenta promessas, indulgências e solenidades absurdas. Deus que, alheio aos argumentos mortais, suporta guerras em seu nome e consente sem desatinar que inventemos tudo, inclusive outro Deus que divide, obriga, cobra, julga, castiga. Ao contrario deste, aquele é um formidável ente calmo e carinhoso; ser que flana sobre pecados, maldades, tramas perversas e faltas ardilosas, do mesmo jeito que franqueia benevolências educadas, juízos adestrados, ponderações cultas e aclarações  científicas. Trata-se de um deus não superior, pelo contrário, igual à gente e, por isso, com todos os rostos e vestido com as diferenças convenientes aos utopistas, visionários que divisam o reclamado “mundo melhor”, mais justo, mais congruente. O deus de que falo era aquele de todas as etnias, línguas, orientações; criador admirado das abelhas que cumprem seus favos na mesma lógica dos elefantes que se isolam para morrer; das flores e florestas que admitem a beleza das parasitas e a fatalidade da morte fátua que fertiliza futuros. Ah! a perenidade da morte e nossa soberba resistência!
Sem arrogância alguma, o deus que me permitiu visita era, sobretudo, resignado dos nossos erros tolos feitos em nacionalismos toscos, políticas pretensiosas, morais contraditórias e variações de classes sociais. E me dei conta da necessidade que se amiúda em nossos discursos cotidianos feito de palavras pulcras, mas entupidas de segundas intenções como: ética, tolerância, fraternidade, direito, legalidade e consciência. E achei o viver social/civilizado, tudo, provisório, mesquinho mesmo. Mas, na meiguice daquele deus não cabia outra atitude que não aceitar, até apático, o esforço sobrenatural, nosso, humano, em dominar o tempo, controlar comportamentos e inventar impossíveis imortalidades. E o saber pareceu algo menor, inútil e incapaz de concorrer com o canto dos canários, verdes matagais e os vazios de sons. A idade da Terra não estava em discussão com aquele deus e sequer a inconsequência de quantos brincam com a natureza, destruindo a organização de rios que levam ao mar, descongelando o glacial que equilibra os oceanos e harmoniza a sobrevivência. Não. O que valia era mesmo o questionamento sobre quem somos, aqui e agora. E mais: que fazer com o viver que nos resta? Mas, como me pareceu bom aquele deus que não se altera com a hierarquia instalada entre os que possuem e os despossuídos; entre os que podem e os que precisam poder. E vivi humanizando o deus que em mim explica o sonho de ser um ser útil. E foi assim, na crueldade do mundo nosso, no fadário do tempo natalino que pensei na generosidade dos presentes saudando o gesto de dar e deprimindo os conteúdos emblemados em preços, marcas e propaganda. E tudo ficou tão ralo: relógios, jóias, roupas, adornos, brinquedos, objetos domésticos. Tudo tão pouco que não fosse o sentido do ofertar, do escolher para o outro, restaria a obrigação mecânica que sozinha apenas sustenta o comércio, a matéria que, afinal, mais abisma as distâncias de seres que são todos, em suas variações, iguais àquele meu deus.

Inventariando a vida, relacionando-a com o ente que se descobria em mim, encontrei um eixo sobre o qual as palavras escolhidas para esta mensagem ganhariam nexo: falar desse deus que sendo resignado espera que o despertemos primeiro em nós mesmos. A certeza de que há algo de fecundo, transcendente, nos habitando permite supor renascimentos que justificam Natais. Tomara, tomara mesmo, que esse algo desperte e tenha a graça de quem me escolheu para dizer esta mensagem: Feliz Natal.

Um comentário:

  1. Professor parabens ,perdoi-me por comentar :DEUS a intelijencia suprema razão primaria de todas as coisas se revelou ao Homem de varias maneiras .Em primeiro lugar ditou os dez mandamentos. Eram regras para que o Homem vivesse com seu senelhante. Mil e quinhentos anos depois enviou Jesus , para mostrar ao Homem como cumprir estes ensinamentos.Jesus esteve aqui na terra ha nais de doisMil anos .Isto mostra que ha mais de tres mil e quinhentos anos ainda não compreendemos a mensajem ..Paravens pelo texto Professor .

    Miguel

    PS. Roberto se não gostar não publica .ok

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