terça-feira, 24 de maio de 2011

TELINHA QUENTE 19



Sessão Comédia

Roberto Rillo Bíscaro

Era uma vez, a Sessão da Tarde começava mais cedo e ainda exibia filmes do John Wayne; também não havia Malhação. Há muito tempo, no longínquo 1987... Naquele ano a Rede Globo importou 5 sitcoms norte-americanas e começou a passá-las às 17:15. Eu trabalhava na biblioteca municipal de Penápolis e entrava às 18:00, por isso sempre perdia os finais. Assistia até o máximo que podia, pra depois voar pelo quilômetro que separava minha casa do emprego. Às vezes, chegava atrasado.
Como a Globo não exibia os créditos iniciais – pelo menos, não que me lembre – procurei-os no You Tube pra disponibilizá-los aqui, ao mesmo tempo que mato saudades minhas e de outros oitentistas.
Segunda-feira era o dia de minha favorita. As Super Gatas tornaram-se uma de minhas sitcoms prediletas, talvez mesmo minha mais amada. As Golden Girls (nome original) tornaram-se icônicas na TV mundial. O programa estreou em 1985 e, juntamente com sitcoms como The Cosby Show, determinou a mudança dos padrões de gosto do público televisivo, que, na primeira metade da década garantia índices de audiência estelares às soaps noturnas tipo Falcon Crest, que mostravam que os ricos também choram.
Os enredos giravam em torno de 4 mulheres na “melhor idade”, compartilhando uma casa em Miami. Sou fã a ponto de saber nome e sobrenome de todas: a ácida Dorothy Zbornak (Bea Arthur), a devoradora sulista de homens Blanche Deveraux (Rue McClanahan), a ingênua-à-beira-da-estupidez Rose Nylund (Betty White, a única Super Gata ainda viva) e a mãe de Dorothy, Sophia Petrillo (Estele Getty), de uma franqueza demolidora.
Durante os 7 anos que permaneceu no ar, Golden Girls recebeu 65 indicações ao Emmy, as atrizes tornaram-se mundialmente adoradas e houve versões na Inglaterra, Grécia, Rússia e, ano passado, na Espanha (Las Chicas de Oro!). Na verdade, a segunda versão espanhola, porque em 93 houvera Juntas, Pero No Revueltas.  
Tenho todas as temporadas. As Super Gatas é um desses programas que quero poder rever até o fim da vida. Uma das coisas boas de ter sido jovem nos anos 80! Minha Golden Girl favorita? 2: Dorothy e Blanche.

Terça era dia de que menos gostava. Na verdade, Perfect Strangers me irritava com aquele personagem fazendo caretas, dançando feito idiota e a vozinha irritante. Entre nós, a série recebeu o nome de Primo Cruzado, em alusão ao Plano Cruzado, uma das muitas bagunças econômicas oitentistas. O primo em questão era Zeca Taylor, que veio de Minas Gerais pra viver com Larry, em Chicago. No original, o personagem imigrante chamava-se Balki Bartokomus e vinha de uma ilha grega. No Brasil, a empresa de dublagem transformou-o em imigrante brasuca ingênuo. Pastelão demais pro meu gosto, a série durou 8 temporadas nos States.       

Quarta-feira era a vez do simpático Caras & Caretas (Family Ties), que girava em torno das diferenças ideológicas entre os pais hippongos e os filhos aspirantes a yuppies da família Keaton. Nos EUA o show ficou no ar entre 82 e 89, dando ao mundo o astro Michael J. Fox, que em 2000 anuncio que tinha Parkinson e passou a dedicar-se a arrecada fundos e a promover conscientização sobre a doença. Minha favorita era a filha mais velha, Mallory. Ao contrário dos pais liberais e cultos, ela era fútil e viciada em compras. Lembro-me dum episódio em que a irmãzinha Jennifer começa a usar em casa as gírias aprendidas na escola e Mallory lhe dá uma aula sob re onde e como usar o palavreado. “Tipo oi, saca?!”

Quinta era dia d’O Poderoso Benson (apenas Benson, no original), uma espécie de mordomo afroamericano dum governador meio atrapalhado. Quando começou a ser exibida por aqui, o prazo de validade de Benson já vencera nos EUA, uma vez que a sitcom foi exibida entre 79 e 86.

A semana da Sessão Comédia encerrava com uma das coisas mais toscas dos anos 80: Super Vicky (Small Wonder). Vicky era uma menina-robô de 10 anos, que morava com a família de seu inventor e vivia às voltas com a bisbilhotice da vizinha Harriet, talvez a criança mais podre da década! Tipo, juntamente com Punky Brewster, Small Wonder afundava mais o poço da lama televisiva. A produção era barata e os atores tão ruins! Uma delícia cult que tenho vontade de rever!   

As sitcoms da Sessão Comédia pré-novela das 6 duraram uns 2 anos no Brasil. A gente não tinha noção desse lance de temporadas. Assistíamos conforme a Globo exibia tudo desordenadamente, víamos em outro canal quando a emissora deixou de exibi-las e muitos de nossa geração guardam a lembrança das vozes dos dubladores. Sei de gente que recusa ver/ter as versões na língua original, porque os episódios em português lembram a infância/adolescência/juventude.  

Um comentário:

  1. Estou postando o episódios de Super Vicky no YouTube, gosto até hj da série

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