sábado, 21 de maio de 2011

DISCRIMINAÇÃO CONTRA ALBINA EM CUIABÁ


Servidora albina processa Prefeitura de Cuiabá por sofrer discriminação

Priscilla Vilela
Há 20 anos trabalhando no Posto de Saúde do bairro Quilombo, em Cuiabá, a servidora Olesi Josefina da Silva, concursada para o cargo de serviços gerais, e portadora do albinismo, nunca havia sofrido discriminação pela sua doença dentro do trabalho. Entretanto, no dia 11 de março deste ano, esse quadro mudou, quando a gerente da unidade e a secretária de atenção básica a dispensaram do cargo por não aceitarem o “seu jeito de ser”. “A discriminação delas atingiu a minha alma”, afirma a vítima.

Tudo começou em março, quando a Prefeitura de Cuiabá alterou a direção da unidade, e lotou Enáuzera Benedita Azevedo, como gerente e Simayre Helena da Silva para outro cargo de chefia. Logo que assumiram a posição, segundo Olesi, os chefes a indagaram sobre sua aparência. “Por que você é assim?”. Dias depois, ela foi colocada a disposição do cargo, com a desculpa de que o seu trabalho não estava atingido o padrão de qualidade desejado.

Olesi afirma que em todos os seus anos servindo no posto de saúde, nunca recebeu sequer uma advertência, e que foi dispensada por discriminação por sua aparência, resultado do albinismo. Emocionada, ela relembra o momento em que os chefes comentaram que o local era freqüentado por gente de elite, e com a aparência dela, era melhor a transferência para alguma unidade na periferia, como o bairro 1º de março. “Aquelas palavras me doeram na alma”, afirma a servidora.

Com a clara situação de discriminação, a servidora contratou o advogado Manoel Antônio Garcia Palma para representá-la na justiça. Tanto Enáuzera e Benedita, quanto a própria prefeitura, estão sendo acionados para responder ao crime de discriminação. A cliente, segundo o advogado, acabou com sérios distúrbios pela ação criminosa das acusadas.

“Ela está fazendo tratamento com psicólogo e tomando tranqüilizantes para conseguir dormir. Nomearam uma pessoa despreparada para um cargo de chefia que acabou cometendo um ato de discriminação dentro da saúde pública”, destaca Toco Palma. A ação, ainda segundo o advogado, visa inibir condutas imorais como essa.

Mesmo após levar a conhecimento da Secretaria de Saúde o caso, a servidora não consegue ser lotada em mais nenhuma unidade em Cuiabá. Para justificar o salário, ela é orientada por outros chefes da unidade a apenas assinar o ponto, mas não é permitido o cumprimento do trabalho, mesmo com a falta de pessoas para a limpeza. Inclusive se o ponto não foi assinado, ela pode ser demitida por abandono de cargo.

A rotina de Olesi agora segue abalada. Após anos tentando a própria aceitação, teve que reviver toda a angústia de sentir vergonha até mesmo de sair de casa, com medo de que outras pessoas também a discriminem. E enquanto isso, tanto Enáuzera quanto Simayre seguem tranquilamente em suas atividades no posto de saúde, agora, sem o “medo de que os pacientes sejam contaminados”.

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