quinta-feira, 21 de junho de 2018

TELONA QUENTE 241


Roberto Rillo Bíscaro

Diante dalgumas tristes notícias sobre Geoffrey Rush, lembrei-me de não ter ainda visto O Melhor Lance (2013). Como curto a ator australiano e o filme está no catálogo da Netflix, enfrentei as mais de duas horas roteirizadas e dirigidas por Giuseppe Tornatore.
Debaixo de toneladas de pretensão, esconde-se divertida trama de vingança, suspense e melodrama num romance maio-dezembro. Mas, alguém disse pra ele, e Tornatore acredita, que faz “arte”, então a história do velho leiloeiro que esconde tesouros artísticos apenas pra si e se envolve com moçoila misteriosa é contada em clima de conto de fadas simbólico, com umas duas pitadinhas de “doideira surreal” pra ficar mais cabeça (de bagre) ainda. Tive que pausar o filme quando é revelada a propriedade do casarão, de tanto que ria.
Ou Tornatore não conhece sutileza ou não confia nos miolos de seu público-alvo, porque o roteiro é reiterativo, explicando o tempo todo o que pretende metaforizar. O Melhor Lance é um guia completo para entender cultura middlebrow.
A trama causaria frêmitos nas mãos de alguém menos compromissado em fazer “arte” e mais interessado em contar boa história ou fazer cinema de suspense eficiente. Nas mãos do italiano, ficou um filme longo e cheio de frases de citação nível meme pra rede social.
O Melhor Lance não é inassistível, pelo contrário, a cinematografia é elegante e Rush está impecável (ele vale o filme). Mas, aspira a ser mais do que é e poderia ter sido mais eficiente, se se achasse menos.

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