quinta-feira, 31 de agosto de 2017

TELONA QUENTE 200

Roberto Rillo Bíscaro

O diretor James Wan e o roteirista Leigh Whannell são os responsáveis pela franquia Jogos Mortais, uma das mais lucrativas e imitadas do século XXI. Não que isso signifique muito pra mim, um não-fã em absoluto desse tipo de horror, mas mesmo assim, tais credenciais qualificam-nos até certo ponto. Isso, somado à mediocridade da seção de filmes de terror da Netflix, foi o bastante pra que eu desse chance à recente adição de Gritos Mortais (2007). Não me arrependi, mas Dead Silence só serve mesmo se você está em crise de abstinência por uma dosesinha de sobrenatural, suspense e, nesse caso, nonsense.
O filme centra-se em bonecos de ventríloquo, aqueles serezinhos superesquisitos e partícipes do subgênero horror desde sempre. Provavelmente dá pra criar um mini subsubgênero e se incluirmos bonecos em geral, tipo Chucks e Annabelles, aboliríamos até o “mini”.
Um casal recebe na porta de seu apê um típico boneco de ventríloquo. Não há remetente, mas bem na lógica ilógica de narrativas horroríficas, isso não torna a entrega suspeita. O objeto é prontamente acolhido e amado, erro caro, cuja fatura será paga pela esposa. Provavelmente, dessa assombração eu me livraria, porque acho esses bonecos tão escrotos, que atearia fogo na hora, especialmente se não soubesse quem enviou. Mas, Gritos Mortais é um filme de terror, o que pressupõe decisões estúpidas.
Após a tragédia com a patroa, Ryan retorna a sua pequena cidade pra investigar, porque, quando criança, havia lenda urbana local envolvendo ventríloqua que não tinha filhos, apenas bonecos e ao passar por vergonha pública começou a se vingar de todos. Os gritos do título brasileiros referem-se ao fato de as vítimas terem que conter o ímpeto de berrar, senão perdem a língua.

Talvez não tenha visto Dead Silence em seu longínquo ano de lançamento, por ter associado os nomes dos criadores de Saw e esperar sucessão de mortes por tortura. Se foi isso, estava mais equivocado do que de costume, porque o maior defeito de Gritos Mortais é quase não ter mortes. Há (certo) suspense, climas, reviravolta final, mas faltam óbitos e fã de horror geralmente adora. Daí, sei lá, fica uma coisa meio thriller psicológico sobrenatural, se é que isso faz sentido. Mesmo se não fizer, tá valendo, porque Gritos Mortais também não faz nenhum, embora sirva como diversão sem consequência prum dia de tédio e fissura por horror.

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