quinta-feira, 10 de agosto de 2017

TELONA QUENTE 197



Roberto Rillo Bíscaro

Tenho lugar macio no coração pra thrillers espanhóis, daqueles bem inverossímeis, mas elegantemente montados, às vezes, canastronicamente atuados, mas cheios de reviravoltas. Já resenhei Mientras Duermes, mas sobre alguns não escrevi, como um que há (havia? Nunca sei) na Netflix, sobre um pai e filha num automóvel, onde um desafeto colocou uma bomba.
Quando li a sinopse d’Um Contratempo (2017), no menu da Netflix, adicionei à minha lista e vi na primeira brecha. Apenas depois de vê-lo, descobri que era o segundo longa do diretor Oriol Paulo, d’El Cuerpo, resenhado aqui, e que parece era da Netflix (viram como me perco?). Tomara que o espanhol seja ainda jovem e goze de boa saúde, porque pode vir muito mais coisa boa dele.
“Após acordar ao lado de sua amante assassinada em um quarto de hotel, um empresário contrata advogada para descobrir como acabou sendo suspeito de um homicídio”, diz a sinopse oficial. Pra quem não viu tá de ótimo tamanho saber apenas isso. Suspense tem disso: quanto menos se sabe, melhor. Em Contratempo, quanto menos se enxerga também, mas isso deixo pros mais atentos.
O filme tem como foco central narrativo o embate entre o jovem empresário e a advogada, durante umas 3 ou 4 horas noturnas. Como a promotoria traria testemunha surpresa (magina, dá pra sacar logo quem é), a doutora Goodman compromete-se a criar com Doria uma narrativa pra livrá-lo da cadeia. Narrado em distintos planos temporais não cronologicamente ordenados, Um Contratempo pega todos os elementos típicos dum thriller e recombina-os de 2 ou 3 maneiras, porque a cada possibilidade de história, o espectador as vê como se tivessem acontecido
Se tal estratagema às vezes nos desorienta – quem quer segurança e certeza não deve escolher thrillers, né? – também justifica determinadas alterações na construção de personagens, especialmente da amante morta. Em sentido metalinguístico, Um Contratempo é a escrita dum roteiro, perante nossos olhos.
Tem final surpresa, ambientação noir noturna e/ou florestal, na fronteira sul entre França e Espanha e até participação de Francesc Orella, o Merlí, conhecido dos assinantes brasucas da Netflix. Que mais você quer pruma noite divertida?

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