terça-feira, 5 de janeiro de 2016

TELINHA QUENTE 193

Roberto Rillo Bíscaro

A influência do Nordic Noir e a modinha Scandi na Grã-Bretanha de classe média estavam (ainda estão) tão altas que em janeiro de 2015 a Sky Atlantic exibiu a dúzia de capítulos da série mais cara da TV inglesa, cuja ambientação é em uma ficcional colônia norueguesa no Ártico. Fortitude – comunidade e série – tem carro de polícia escrito politi, mas todo mundo fala inglês, as externas foram filmadas na Islândia e a governadora do assentamento é a atriz dinamarquesa Sofie Gråbøl, a Inspetora Sara Lund, de Forbrydelsen
Ursos surtados atacando insuspeitos; gente tentando matar urso, mas acertando humano; ossadas de mamutes; um sujeito que quer engordar cada vez mais sua namorada, porque tem fetiche por obesas; um menininho febril que sai quase pelado pela neve pra ficar em coma hipotérmica e assassinatos e mais gente surtando. Tudo numa cidade que se gaba de ser a mais pacífica do planeta e quer construir um hotel no gelo onde turistas possam ver auroras boreais e desfrutar da branca tranquilidade glacial.
Fortitude é um thriller psicológico, que poderia ser descrito como Nordic Noir encontra David Lynch encontra David Cronemberg, sem alcançar a qualidade de nenhum dos originais. Bem produzida, sem dúvida, mas faltou-me empatia com quase qualquer personagem. A narrativa é tão gélida quanto a locação. Difícil sentir qualquer coisa por uma personagem estúpida quanto a de Sir Michael Ganbom, embora seja um velho fotógrafo morrendo de câncer. Mas, ele é muito sem noção, como se importar?
É um elencaço não jogado fora, porque Fortitude é bem escrita, o que faltou foi me pegar emocionalmente. Sei lá se verei a temporada segunda.

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