quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

TELONA QUENTE 141

Roberto Rillo Bíscaro

Brinco que a década de 80 foi a saxodécada, devido à proliferação do saxofone e os 70’s a demodécada, por conta da infestação demoníaca, que não se iniciou naqueles anos e nem parou por ali, mas atingiu graus de popularidade e influência jamais observados antes ou depois. Quem contesta que O Exorcista influencia produções de possessão até hoje?
Talvez seja esse um dos motivos que levou os produtores a ambientarem The Atticus Institute (2015) em 1976, em sua maior parte. No Brasil conhecido como O Misterioso Caso de Judith Winstead, o filme escrito e dirigido por Chris Sparling joga mais ou menos no time dos found footage films, sub-gênero que ainda segue forte no mundo do horror. No caso de The Atticus Institute, as imagens granuladas “de época” são usadas, porque pretensamente o espectador está assistindo a um documentário sobre uma mulher com poderes sobrenaturais.
Em um pequeno laboratório de pesquisas paranormais na Pennsylvania, pesquisadores felizes realizam modestos experimentos sobre telepatia, telecinese, até que Judith aparece como objeto de estudo e o enxofre começa a feder. Incapazes de lidar com tamanho poder, os estudiosos requerem ajuda governamental, mas logo percebem que o demônio talvez seja o menor dos males, uma vez que Tio Sam tenta condicionar o capeta a usar seus poderes pra dizimar seus inimigos. Se Kate Bush cantou sobre a música como arma, por que não imaginar o senhor das trevas como mascote d’alguma potência? Só que o diabo não é príncipe apenas honorário; domesticá-lo não é tão simples assim.
The Atticus Institute é estruturado como um documentário do passado, com gente depondo intercaladamente a imagens de arquivo. Os cientistas hoje velhos e coloridos relembram, qualificam e explicam os fatos, mostrados por meio das imagens resgatadas de diversas câmeras de segurança em preto e branco ou desbotadas/granuladas. Isso confere sabor de realidade ao falso documentário, mas o preço pago pelo filme talvez seja alto demais: The Atticus Institute é um pouco frio.
Unindo teoria da conspiração e desconfiança pra com o governo – essa última bastante disseminada nos 70’s ainda rescaldando os 60’s e experimentando Watergate – a película distrai, mas nunca assusta. Seu único trunfo é a forma pouco usual, mas isso é pouco prum filme de horror.

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