terça-feira, 30 de abril de 2013

TELINHA QUENTE 76


Roberto Rillo Bíscaro

Satisfeita com o estouro de Revenge (tô demorando pra ver), a ABC escalou 666 Park Avenue pra exibir depois do novelão ryko, a partir de setembro do ano passado. O sucesso de American Horror Story na TV paga e a audiência maciça de Revenge certificavam sucesso à nova série de terror, ambientada no setor mais caro de Nova York. Casava certinho com Revenge. Mas... Vamos à sinopse antes.
O casal de namorados Harry e Jane vêm da interiorana Indiana pra cosmopolita Grande Maçã. Ele quer vencer na vida como político. No começo, ela está mais lá por causa do bofe e pra usar o colar herdado de vovó. Encontram apartamento no número 999 (que de cabeça pra baixo...) da abastada Park Avenue. Narcisa provavelmente venderia a alma pra viver no Drake. Os donos do antigo e elegante prédio, Gavin Doran e Olivia, apadrinham os novatos e logo aprendemos que o velho bilionário está de olho em Harry. Jane é contratada pra renovar o sisudo edifício, que, desde a cena de abertura sabemos ser do Demo. Gavin é o representante do Coisa Ruim, concedendo aos desesperados e ambiciosos aquilo que mais desejam, em troca de suas almas. Aquela relação bem da burguesia comercial faustiana.
Logo, Jane (perfeita pra ser Samantha, num remake da Feiticeira!) começa a ter visões, Harry a progredir na carreira e os cadáveres e esquisitices a se empilharem. 666 Park Avenue pede que compactuemos com incongruências típicas de histórias de horror: o demônio suga gente pra dentro de paredes ou do chão, mas precisa de alguém pra efetuar algo tão simples como decidir pela liberação de venda duma propriedade. Como verossimilhança funciona internamente, se o roteiro for bem feito – e formos fãs de terror – aceitamos, até porque, o que queremos é morte e que o Bem vença (eu nem sempre, mmm, ok, quase nunca, vai!...)
Só que a série foi exibida numa grande rede, após um campeão de audiência, prum publicão não necessariamente devoto ou tolerante a roteiro de horror demorado (os capítulos iniciais são mais lentos do que uma soap) e com tendência a ser errático, furado ou a não responder indagações (como Gavin tornou-se representante comercial do Tinhoso?). A ABC cancelou-a ainda no nono episódio, ainda que 13 tenham sido gravados. Os norte-americanos não viram a conclusão, mas como canais estrangeiros já exibiram tudo, pode-se baixar pela internet.
Quem curte sobrenatural em grandes edifícios e belos edifícios, divertir-se-á. A reviravolta final tem mais cara de indecisão do roteiro ou de fracasso do protagonista masculino do que de surpresa, mas me agradou (adivinha quem vence?).
E como resistir ao loosho, ao elenco lyndo e, sobretudo, ao casal Doran? Ainda que muito frequentemente sem peso dramático, Olivia – interpretada pela fervida Vanessa Williams – age em momentos decisivos e é puro glam. Gavin - estelarmente corporificado por Terry O’Quinn - é daqueles arquivilões que amo: papaizão chique, poderoso, afável, e que empurra desafeto pro poço do elevador. Como eu poderia não gostar?

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