quinta-feira, 31 de maio de 2012

TELONA QUENTE 51


Incrível que em mais de 3 anos escrevendo resenhas pro blog, eu jamais tenha feito uma sobre filme italiano. Na verdade, fazia anos que não via algum. O jejum foi quebrado com Vermelho Como o Céu (2006) e a ração valeu muito. Um filme sobre inclusão, superação e pessoas de baixa/nenhuma visão, que não descamba pra apelação lacrimogênica.
Trata-se da história da infância de Mirca Mencacci, um dos sonoplastas mais famosos do cine ítalo. Na meninice, ao mexer no rifle do pai, a arma dispara e Mirca perde a visão. Aldeão, é enviado a Gênova pra estudar em uma escola pra não videntes. Nos anos 1970, o conceito de inclusão escolar inexistia na península da bota.
Dirigida por um não vidente, o Instituto é altamente conservador e acredita que os cegos devem aprender apenas um par de profissões pras quais são pré-programados. Paternalismo extremado temperado com doses mal disfarçadas de sadismo religioso, que obriga as crianças a penitências estúpidas pra ganhar o paraíso.
Mirco é o menino diferente, destinado a cambiar esse estado de coisas. Munido de gravador e imaginação vivaz – aprimorada por seu amor à sétima arte – ele e os colegas inventam uma história à qual adicionam sofisticada sonoplastia.
Vermelho Como o Céu é sobre como compreender, desfrutar e explorar o mundo utilizando os demais sentidos, quando um não se encontra à disposição. Também é uma declaração de amor à contação de histórias e ao cinema.
O filme é correto, tem estrutura tradicional e acerta quando nega transformar as crianças não videntes em anjos especiais de candura. Há tensões e rivalidades entre os meninos, mostrando que a falta de visão não outorga nenhuma elevação per se a quem quer que seja. 
Recomendo “de com força” a professores, coordenadores de escola, pedagogos, futuros docentes. Em breve, exibi-lo-ei a meus alunos da licenciatura em matemática do IFSP – Campus Biriguí.
Além do interesse específico pra profissionais da área de educação e saúde, Vermelho Como o Céu agradará a todos desejosos de momentos ternos, divertidos e que proponham nova forma de ver um grupo que não enxerga. Sem ser didático, antes de tudo, é cinema pra entreter e emocionar.
Ah, e entre os alunos do Instituto, há um garotinho albino que aparece bastante!

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