domingo, 31 de janeiro de 2010

NÃO TINHA LÁPIS DE COR

Domingo especial este: temos outro relato de uma mulher com albinismo. Desta vez foi a Emília quem gentilmente cedeu seu tempo – que sei é muito corrido – pra compartilhar suas vivências conosco.

Bem vinda ao blog Emília e esteja à vontade pra escrever o que quiser, quando quiser. Basta mandar que eu publico.

Sempre lembrando aos demais albinos; por favor, relatem suas experiências. Vocês não imaginam o que bem que faz pra nós mesmos e pra quem lê.

Vamos à narrativa da Emília:

“Não tinha lápis de cor.”
Por Emília Vitória da Silva

É muito comum, quando ando pelas ruas, vielas, galerias, praças e becos, as pessoas ficarem me olhando. Os adultos de soslaio; as crianças, em sua sinceridade lindamente transparente, de modo mais incisivo.
E esta beleza da sinceridade infantil é mais forte quando vem junto com uma curiosidade pura. Certa vez, ao visitar uma amiga, mãe de três filhos, um deles me perguntou: “porque suas sobrancelhas são brancas?” Então, respondi – de pronto, pois a resposta já havia sido pensada há muito tempo: “porque quando Deus me fez, não tinha lápis de cor”. Não sei se esta metáfora satisfez a curiosidade daquela criança, mas talvez seja esta a melhor forma de encarar a questão do albinismo. É simples: na hora, faltou cor, só isso.
Claro que a coisa não é tão simples como deveria ser; tem sempre um ser humano pensante, com conceitos preconcebidos e sem informação, que complica nossa vida.
Um dos fatos desagradáveis que aconteceu comigo foi no meu primeiro dia de aula, quando a professora, despreparada é claro, teve a infeliz idéia de me colocar sentada bem rente ao quadro-negro (ou lousa para alguns), ao perceber que não conseguia enxergar o que ela escrevia.
E houve outras situações desagradáveis, quando recebia apelidos depreciativos ou era alvo de brincadeiras pejorativas. Mas isto tudo é simplesmente fruto da ignorância, imaturidade e falta de amor próprio (sim, quem não se ama não sabe manifestar amor e tolerância para como os outros) daqueles com quem eu convivia.
De certa forma, isto me deixava magoada, constrangida, insegura; mas a minha curiosidade e espírito interativo sempre falaram mais alto e, desde o início, procurei saber do meu problema e compartilhar o que aprendia com as pessoas; explicava o que era albinismo, que não enxergava direito e que não podia tomar sol. Por vezes, acho que cheguei até mesmo a ser muito incisiva e enfática, colocando minha condição física como explicação para tudo que fazia ou deixava de fazer. Certa vez, uns amigos até me disseram que eu exagerava, que superdimensionava o fato de ser albina. Refleti um pouco sobre o caso e até baixei o tom, mas nunca deixei de assumir que era uma pessoa albina.
Esta minha postura por certo anulava as atitudes desagradáveis das quais era alvo. Contudo, apesar de situações desagradáveis, muitas vezes até depressivas, por que passei na minha trajetória de vida, o que gostaria de trazer e transmitir para os outros, é uma mensagem de gratidão e superação.
Gratidão por crer que todas as dificuldades por que tenho passado por ser uma mulher com albinismo só serviram para melhorar a mim mesma como pessoa e me fazer crescer em espírito. Reconhecer minhas limitações e buscar o apoio dos outros é muito salutar para minha evolução espiritual.
Superação porque tenho também a absoluta certeza de que se cheguei onde estou – no aspecto afetivo, intelectual e profissional – foi com muita luta e determinação; sempre procurei não esmorecer com as adversidades e buscar caminhos alternativos que pudessem me levar a meus objetivos. É claro que muitas vezes contei com o companheirismo e generosidade de alguns colegas e amigos, o que retribuí sempre com simpatia e sentimento de agradecimento.
Enfim, ser albina não me impediu de estudar, de fazer amizades, de conhecer pessoas, de namorar, de trabalhar, de viajar, de viver!! Muito pelo contrário, me fez um ser mais forte, mais aguerrida, mais audaz e, certamente, uma mulher mais madura...
Agradeço muito a Deus por, mesmo sem ter lápis de cor, ter me dado a vida, uma verdadeira dádiva que a cada dia me faz mais feliz.

Dedico este relato a todos aqueles amigos que sempre me ajudaram a vencer minhas limitações, a meus familiares, por serem meus companheiros de caminhada, por aprenderem e me fazer aprender e, finalmente, ao meu “amigo” Negi da Luz, por me fazer afundar com suas palavras, num dos momentos mais lindo da minha vida... obrigada a todos!!!

Falei para o Roberto Bíscaro que gostaria de anexar um vídeo de música a este meu relato. Poderia ser algum com a Marisa Monte ou com o Djavan, que adoro. Mas vou postar este com as Chicas, com uma música que tem uma letra fantástica, pelo otimismo que transmite. Aliás, a autora da letra se chama Isadora Medella, componente do grupo e que, além da bela e poderosa voz, canta sorrindo... é o máximo vê-la cantando!! É assim que todo mundo deveria encarar a vida – sorrindo, porque “a vida é boa... a vida é boa...”

Olha
Isadora Medella
Olha a luz que vem de lá

Veja a chuva já passou
Espera que a vida vai melhorar
Reza pra Deus Nosso Senhor
Jura que vai me esperar

Volta, vamos recomeçar
Planta amor que amor vai dar
Viva a vida, vida...
Roda nesse mundo carrossel

Brinca solta pipa olha pro céu
Muda de lugar pra ver além
Chama o irmão pra vir também
Grita, que é pra todo mundo ouvir

Ouve, eu não vou mais repetir
Toca a canção da esperança
Avisa, vou voltar a ser criança
Pega a estrela que caiu

Leva onde haja a escuridão
Pede pra miséria acabar
Vamos todos repartir o pão
Luta pelo seu ideal

Força, vai adiante até o final
Voa pra sua liberdade
Canta que a vida é boa.....
A vida é boa....

sábado, 30 de janeiro de 2010

VAMPIROS SÃO ALBINOS?

Depois que os albinos começaram a se manifestar através de associações, como a APALBA, ou via internet, como no Orkut e em blogs, várias pessoas começaram a perceber a maneira por vezes nada simpática de como somos imaginados/representados. Isso passava despercebido por sermos um grupo ainda bastante desorganizado, se comparados aos negros e às mulheres ou gays, por exemplo. Esses grupos vivem denunciando e expondo preconceitos sofridos e representações pejorativas na mídia e em outros segmentos.

Claro que nem todas as representações sobre albinismo são negativas. Por vezes, somos associados a anjos, devido a nossa alvura. Antes anjos do que demônios, mas, siceramente, eu optaria por representações mais realistas. Nada contra a ficção e ficcionalização, pelo contrário; elas até fazem parte de meu ganha-pão! Entretanto, uma dose de realismo de quando em vez não nos faria mal.

Algumas vezes, devo ter escrito sobre a associação estabelecida entre albinos e vampiros, devido a nosso problema com luz solar e o vermelho que alguns de nós apresentamos nos olhos.

Outro dia, achei um texto que explicita essa correlação. Não se trata aqui de acusar o autor, apenas deixar registrada essa forma de representação, afinal, essa é uma das funções deste blog. Não posso deixar, contudo, de protestar contra o final do texto, que classifica a "vidinha" dos vampiros como sendo "de merda" precisamente porque uma das características arroladas é o albinismo. A minha não é "vidinha" e muito menos é "de merda"!

Vejam:
Racionalizando Mitos I – Vampiros
Senhor, gostaria de uma fatia de alcatra com alho?FFFFFFFFFUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!» 20 de janeiro de 2010, às 3:00 pm» Tags:
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Ano passado, passei pouco mais de dois meses trabalhando no Conta-Gotas Trazendo À Realidade, no qual desconstruí nove personagens das HQs, tornando-os menos fantasiosos e mais compatíveis com a realidade do caráter humano. Como eu gostei de fazer o CG, resolvi voltar a fazer a mesma coisa, mas, desta vez, com cinco dos monstros mais amados da mitologia popular. Começando com vampiros, para poder avacalhar mais ainda a série Prepúsculo.
Para facilitar um tanto a minha vida, fatores considerados absurdos, alguns dos inexplicados ou de fundo metafísico serão desconsiderados (Capacidade de metamorfose, vôo, aversão a certas coisas etc.) em todos os mitos analisados (Notem que, a cada dia que passa, essa coluna fala menos de HQs e mais sobre qualquer coisa. Isso aqui tá virando o Seinfeld do Bacon, e a culpa é da falta de assunto, não me culpem). E, quase esqueço, o esquema é o mesmo do TàR: Eu faço esse post e vocês, meus três leitores (Orra, tô pior que a SE?), indicarão os outros quatro a ser abordados. Vamos começar logo com isso.
Primeiro, vamos listar as principais características dos vampiros: Palidez, aversão a alho, fraqueza a luz solar (Ou a ultravioleta), alimentação baseada em sangue (Não necessariamente humano, como mostrado em séries como Supernatural e True Blood, apesar de haver uma preferência por Homo sapiens sapiens), capacidade de caçar à noite sem ajuda de equipamento e, claro, presas.
Vamos começar do começo: Palidez. Ou, por que não, albinismo? Vampiros sempre são descritos como portadores de uma pele cadavericamente pálida (Com exceção, claro, de Blade. Mas negros podem ser portadores de albinismo, o que não exclui ele). Então, vamos associar isso ao albinismo. Albinos, como vocês devem saber, não produzem melanina, pigmento essencial para proteger e definir a coloração da pele. Por isso, só podem sair à luz do dia cobertos e usando protetor solar, para evitar queimaduras e insolação. Também podemos considerar a rara, mas existente e perigosa, urticária solar (Alergia a luz solar). A pessoa que tem a alergia fica com erupções na pele ao ser exposta a radiações ultravioleta. Além disso, a alergia é tão forte que pode atingir a partes cobertas do corpo, causando uma dor excruciante, explicando a aversão dos sanguessugas ao sol.
Quanto a aversão a alho, acho que posso, sem muito medo de falha, inferir que a aversão não é ao alho, especificamente, mas a cheiros muito fortes. Alguém aí já leu o conto “A queda da Casa de Usher”, de Edgar Allan Poe? Caso algum de vocês desconheça, vou citar o que interessa: Roderick Usher, foco narrativo do conto, desenvolve “Uma agudeza mórbida dos sentidos: tolerava apenas os alimentos mais triviais; somente conseguia usar roupas de determinados tecidos; todo e qualquer aroma de flores o sufocava; a luz, por tênue que fosse, era um suplício para seus olhos; e unicamente certos sons particulares [...] não lhe causavam horror”.
No conto, tal doença é hereditária (Não sei sabe se é de origem patológica, como a AIDS, ou genética). Aplicando isso ao vampiros, a teoria se encaixa bem. A hipersensibilidade dos sentidos causaria aversão a cheiros fortes, o que explicaria o ódio ao alho; visão e audição hipertrofiados permitiriam deslocamento noturno sem problemas (E, talvez, o desenvolvimento de um sonar – existem pessoas cegas que conseguem se deslocar livremente utilizando-se deste princípio). E, claro, a pele extremamente sensível seria mais uma razão para sair apenas à noite.
E a alimentação à base de sangue? Bom, existe
gente que só pode comer Tic Tac, então, não vejo lá uma grande dificuldade em pensar em alguma doença que cause uma necessidade de consumir sangue, ou que faça com que o doente só possa ingerir sangue.
E as presas, bom, elas seriam simples caninos que cresceram demais. Não queiram complicar minha vida, ok?
Quanto ao envelhecimento, eles seriam como os elfos de SdA: Não envelheceriam, mas não devido à graças de Eru Ilúvatar, mas devido ao fato de não haver desgaste nas cromátides durante a divisão celular (Li em algum canto que o desgaste das crométides é que causa o envelhecimento – médicos e biólogos, me corrijam se eu estiver errado).
Saldo final: o vampiro seria um azarado albino, portador de urticária solar, que padece de uma agudeza mórbida dos sentidos, tem caninos longos e afiados e alguma desordem estomacal que rejeita qualquer alimento que não seja sangue. Ô vidinha (Eterna) de merda.

(Encontrado em http://baconfrito.com/racionalizando-mitos-i-vampiros.html )

(Como pra mim, o Drácula definitivo e mais elegante é Christopher Lee, ai vai um tributo ao ator inglês.)

PROFESSOR GEORGE E MADÁ, OBRIGADO!

Agradecendo ao Blog do Professor George Araujo, lá do Rio Grande do Norte, que colocou nosso blog em sua lista de blogs recomendados.
http://georgeprofessor.blogspot.com/

Muito obrigado também à Madá, pela linda postagem a meu respeito, no blog Causa Albina MT. Até corei, euqanto lia!
http://www.causaalbinamt.com/2010/01/luta-pela-inclusao-dos-albinos-na.html

Por falar no site da Causa Albina MT, não deixem de ler a convocação feita pela Madá, que se encontra imediatametne abaixo da grande foto no topo da página.

(Percebi que há várias postagens sobre futebol no blog do professor George, por isso o vídeo escolhido pra ilustrar esta postagem.).

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

EXPERIMENTANDO

Quando o blog está prestes a completar um ano, decidi dar uma mudada no visual.

A cor de fundo negra tornava o blog sombrio demais e decidi transformá-lo em um sítio mais alegre, mais "albino"!!!

Também alterei o estilo da fonte e doravante as postagens serão publicadas em letras maiores. Aos leitores incomodados com o tamanho, lembro que há um dispositivo no canto superior direito da página, que permite alterar estilo e tamanho da fonte.

Como este espaço é totalmente democrático e coletivo, conto com a opinião dos leitores. O objetivo é sempre tornar a leitura mais agradável e divertida.

(Toda essa experiência me fez lembrar da diva Diana Ross!)

INCLUSÃO ESCOLAR DE DEFICIENTES VISUAIS

Em 10 anos, matrículas de alunos com deficiência visual cresceram mais de 600% no Brasil
Teresa Cristina Machado

Cresceram 620% as matrículas de alunos jovens e adultos portadores de deficiência visual no Brasil comparadas a 1998, de acordo com Censo Escolar de 2008 publicado pelo Inep/MEC no final do ano. Em 1998, eram 8.963 estudantes, sem segmentação por deficiência. Já em 2008, foram registradas 55.915 matrículas, das quais 4.604 de alunos cegos e 51.311 de estudantes com baixa visão.
Em 2009, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) divulgou que 30% das crianças em idade escolar apresentavam problemas de refração no Brasil, o que equivale a dizer que oito milhões de estudantes entre 7 e 14 anos de idade passam por dificuldades visuais para aprender.

Para a oftalmopediatra do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Dorotéia Matsuura, muitas crianças, principalmente no início da idade escolar, apresentam problemas de visão não diagnosticados. "Pais e professores devem ficar atentos aos sinais de que a visão das crianças tem problemas. O aluno que não enxerga bem tem uma limitação de aprendizado", alerta.
Populações - De acordo com o levantamento do CBO, a menor prevalência da cegueira infantil em países desenvolvidos é de até 0,3 por mil crianças. Este número se torna mais preocupante nos países em desenvolvimento, onde alcança a proporção de 1,5 por mil crianças. No Brasil, a estimativa é de que 30% das crianças entre zero e 15 anos de idade sejam portadoras de cegueira, cerca de 54 milhões de habitantes.
Mas com os recursos médicos existentes atualmente, já é possível tratar pelo menos 60% das causas que levam a ao comprometimento visual, conclui o estudo da entidade que integra o programa governamental Olhar Brasil.
Causas x Tempo- Segundo Dorotéia, as principais causas de cegueira infantil são distrofia retiniana, catarata, aniridia, albinismo, ambliopia, deficiência de vitamina A, sarampo, meningite, oftalmia neonatal, rubéola, toxoplasmose. Entre as causas evitáveis estão, por exemplo, as doenças infecciosas e a retinopatia da prematuridade, bem como a ambliopia (olho preguiçoso). As causas tratáveis decorrem de ocorrências de catarata congênita ou infantil, glaucoma congênito e alguns tipos de retinopatia da prematuridade.
Em avaliação geral, oftalmologistas acreditam que cerca de 50% das crianças cegas no mundo chegaram a esse estágio por não tratarem em tempo as causas evitáveis.
Regionalização - No Censo de 2008, a região Nordeste apresentou o maior crescimento de matrículas de alunos portadores de deficiência visual. Foram 1.600% de matrículas feitas a mais no período de 10 anos. Eram 1.362 estudantes em 1998, passados 10 anos, o volume é de 22.945 matriculados com deficiência visual. Já no Sudeste brasileiro, o crescimento das matrículas neste segmento educacional foi de 665% no mesmo período. O volume de alunos saiu de 2.934 em 98 para 19.523 em 2008.
A região Norte registrou crescimento de 470%, saindo de 1.025 alunos com deficiência visual em 1998 para 4.825 em 2008. No Centro-oeste, o salto foi de 415%. Na região da capital do País, os 651 estudantes com deficiência visual matriculados em 1998 passaram a ser 2.706 no último Censo. Já os estados da região Sul tiveram um aumento de 197% entre esses alunos. Com 2.991 alunos em situação de cegueira ou baixa visão matriculados em 1998 a região mostrou em 2008, um contingente de 5.916.
Baixa visão - A oftalmologista do HOB explica que os principais problemas de baixa visão em estudantes estão relacionados aos erros refrativos, defeitos de qualidade de visão como a miopia, hipermetropia e astigmatismo e se manifestam exatamente nos primeiros anos de escola. "A miopia é a dificuldade de enxergar de longe. O olho do míope é longo e a imagem se forma antes da retina. Já a hipermetropia é a dificuldade de enxergar de perto já que o olho é pequeno e a imagem se forma depois da retina. E o astigmatismo ocorre quando a visão fica embaçada, com mais de um ponto de foco. Não se vê bem o que está na vertical ou na horizontal", explica Dorotéia.
Outra irregularidade visual que pode afetar o aprendizado e, esta tem prazo para ser corrigida, é a ambliopia, chamada também de "olho preguiçoso".
A ambliopia, de acordo com a oftalmologista, pode ser ocasionada pelo estrabismo nos primeiros anos de vida, pela anisometropia (diferença de grau entre os olhos), pela catarata e por outras doenças oculares congênitas.
O tratamento da ambliopia deve ser realizado o mais precoce possível, pois em torno dos 6 a 7 anos de idade a visão já está estabelecida e qualquer estímulo para recuperar a visão após esta idade tem poucos resultados. O tratamento cirúrgico, necessário em alguns casos, é realizado somente após a busca da recuperação da visão, quando os dois olhos estiverem com boa visão para a criança. "A correção estética não é o mais urgente", comenta a médica ao aconselhar que o primeiro exame oftalmológico seja realizado antes dos três anos idade.
Como identificar - Dorotéia Matsuura conta que as crianças que têm deficiências visuais normalmente são agitadas em sala de aula, não conseguem se concentrar e chegam bem perto do quadro ou do livro para poder enxergar. "O mal rendimento em sala de aula pode ser um sinal de que algo não vai bem com a visão da criança. Muitas vezes a criança já é estigmatizada como desinteressada, mas, na verdade sofre com problemas de refração, como miopia, hipermetropia ou astigmatismo, por exemplo".
Outro comportamento frequente entre crianças em idade de alfabetização é a troca de letras. "É muito comum crianças com baixa visão confundirem as vogais cursivas fechadas como a e o ou consoantes semelhantes como o q/g ou m/n".
Já no caso da ambliopia, a situação é controversa, porque é justamente na idade limite para o tratamento (entre os 6 e os 7 anos de idade) que a criança dá sinais mais evidentes do problema. É quando vai para a escola, iniciando o período de alfabetização que aparecem as primeiras mostras dessa dificuldade visual. Dorotéia aconselha aos pais realizarem o primeiro exame de acuidade visual a partir dos dois anos de idade, quando ainda é possível fazer o tratamento da ambliopia com sucesso.
A oftalmologista enumera como principais indícios de problemas oculares nas crianças:
· Mal rendimento em sala de aula;
· Confusão de letras;
· Lacrimejamento excessivo;
· Dificuldade de ler o que está no quadro;
· Coceira nos olhos;
· Vermelhidão ocular.
Site do Censo Escolar: http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/Sinopse/sinopse.asp
(Encontrado em http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1534:em-10-anos-matriculas-de-alunos-com-deficiencia-visual-cresceram-mais-de-600-no-brasil&catid=50:demais&Itemid=331 )
(O vídeo desta postagem é em homengagem à leitora Lady Sixties, que me deu valiosa dica a respeito da fonte nas postagens. Como ela é "Sixties", espero que curta esse vídeo do The Byrds, também 60's.)

PRIMO ALBINO DO BATMAN

Os animais albinos/semi-albinos continuam virando notícia onde quer que apareçam. Dessa vez, a estrela é um morcego semi-albino gaúcho!

Morcego albino é encontrado em prédio no centro de Porto Alegre
26 de janeiro de 2010

Foto: Smam/PMPA/Divulgação

Um morcego parcialmente albino foi encontrado esta semana em uma colônia que vive em um telhado de um prédio no centro de Porto Alegre (RS). O exemplar, de uma rara espécie conhecida pelo nome científico Tadarida brasiliensis, foi capturado para ser fotografado, mas já foi devolvido ao meio ambiente.
Segundo a bióloga Soraya Ribeiro, coordenadora da equipe de Fauna Silvestre da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), "morcegos são visitantes de verão em Porto Alegre e abandonam a capital em busca de zonas mais quentes a partir do final de fevereiro". "Esses animais são importantes no equilíbrio ambiental, pois controlam as populações de insetos que se proliferam no ambiente urbano durante o verão".
"Exemplares albinos são raríssimos de se encontrar dentro de populações de morcegos. Ainda assim, a incidência de albinismo parcial é um pouco mais comum", explicou a bióloga Susi Missel Pacheco, especialista em quirópteros.
De acordo com a bióloga, no geral, não existe nenhum tipo de segregação por parte da organização social de uma população de morcegos com os exemplares albinos. "A cor não é uma coisa que geralmente influencie. Em 20 anos que trabalho com a espécie, só vi morcegos serem rejeitados quando possuem alguma doença", completou.

(Encontrado em http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4228400-EI8145,00-Morcego+albino+e+encontrado+em+predio+no+centro+de+Porto+Alegre.html )

(Pra ilustrar esta postagem, nada melhor que o tema do seriado Batman, tocado pelo fundamental grupo punk inglês, The Jam, liderado por Paul Weller, The Modfather.)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O GOSTO DAS CEREJAS IRANIANAS



Roberto Rillo Bíscaro

Em minha lista dos melhores de 2009, havia 2 filmes iranianos (ver  ) Só não coloquei mais porque optei eleger apenas os comentados no blog. Caso contrário, pelo menos mais um entraria na lista. Não duvido de que haja lixo produzido por lá também, mas até agora tive sorte de ver apenas produções de boas pra cima.

Ontem à noite, finalmente vi Ta’m E Guilass (1997; Gosto de Cereja, no Brasil), aclamada película do diretor Abbas Kiarostami. Creio que foi a respeito desse filme que um amigo comentou certa vez que ia do nada ao lugar nenhum. Concordo que a narrativa fuja da convencional e isso possa afugentar os acostumados a um tipo de cine mais dinâmico (por falta de melhor palavra no momento). Discordo diametralmente da opinião do amigo, porém. Ta’m E Guilass é uma verdadeira pérola em celulóide!

O enredo, com quase todo filme iraniano que assisti, é falsamente simples: Badii, um quarentão que passa quase o filme todo dirigindo seu carro, quer se suicidar. Para isso sai pedindo que o ajudem. Ele tomará uma overdose de pílulas e se deitará em um buraco. Tudo o que o ajudante terá que fazer é ir ao buraco de manhã, chamar Badii 2 vezes e, se ele não despertar, cobrir o corpo com terra.

O que mais me frustrou enquanto via Ta’m E Guilass é desconhecer totalmente sobre cultura iraniana e muçulmana em geral. Fiquei me perguntando se o ato de enterrar tem alguma importância capital nas tradições desses povos. Afinal, por que um suicida se importaria em ter seu corpo enterrado? Notem que nestes casos, seria criminoso até, falar em furo no roteiro, sob risco de interpretar uma cultura inteira com olhos ocidentais hegemônicos.

A busca por quem o ajude, leva Badii a se encontrar com homens de diversas etnias/nacionalidades. Primeiro com um jovem soldado kurdo, que foge assustado ante o pedido do motorista. A seguir, dá-se o encontro com 2 afegãos. Com um deles, um refugiado de guerra, há uma interessante discussão a respeito de como um conflito bélico afeta diferentemente as pessoas. Questionado sobre o porquê escolhera fugir de um país em guerra pra outro em guerra (no caso, com o Iraque), o afegão responde: “essa guerra não é minha, é de vocês, iranianos..”

Finalmente, Badii leva em seu carro um velho taxidermista turco. O homem conta a Badii que certa vez tentara o suicídio enforcando-se numa cerejeira, mas desistira ao provar das frutas e descobrir um novo sabor pra vida. A cereja, simbolicamente representativa da paixão, despertara no homem que trabalha com animais mortos, a paixão pela vida. Lindo...

Entretanto, a madurez de Kiarostami não pára por ai... Apesar de ser frontalmente contrário à decisão de Badii e tentar dissuadi-lo, aceita ajudá-lo porque necessita do dinheiro oferecido pra cuidar de sua filhinha doente, vida nova que ameaça fenecer e precisa de comida pra vencer a anemia. Claro que seria mais “fácil” e ao gosto dum determinado tipo de cine, construir o turco como alguém que apesar de seus problemas, não abre mão de seus ideais e crenças. O diretor iraniano provavelmente sabe que é muito fácil pensar assim quando a conta bancária está no azul... Palmas pra ele! Na verdade, acho mesmo que esse filme levou a Palma de Ouro em Cannes...

O final aberto de Ta’m E Guilass deixa o espectador imaginando se as palavras do velho turco tiveram efeito ou não em Badii. Também nunca somos informados da motivação da personagem em cometer suicídio. Tudo isso, aliado às instigantes idéias expostas nos diálogos, torna o filme um ótimo exercício pra refletir e discutir.

Filmado em grande parte dentro do carro do protagonista, jamais vemos uma imagem sequer que apresente ele e seu interlocutor juntos. Em vários momentos, tudo o que vemos é apenas o carro se movimentando ao longe pelas poeirentas e arenosas estradas iranianas (desprovidas de vida vegetal...), enquanto ouvimos o diálogo das personagens. Essas escolhas formais somente reforçam a desconexão e solidão de Badii.

Ta’m E Guilass é um triunfo do cinema iraniano. Discute a vida e a morte, além das razões pra se viver e morrer. Por vezes, pode parecer tedioso pra nós que estamos acostumados a roteiros mais “dinâmicos”, mas o resultado final compensa o estranhamento de algumas cenas.

E o filme vai a muitos lugares, sim senhor!

(Achei um vídeo dum grupo iraniano chamado Kiosk, contendo cenas de Ta’m E Guilass. Boa oportunidade pra conhecer um pouco de rock iraniano também!)

MODESTA? NEM UM POUCO!

Mais uma albina generosamente decidiu compartilhar conosco algumas de suas experiências de vida. Desta vez, foi a Solange, de Campina Grande (PB).

A menção à irmã, também albina, certamente despertará nos leitores a curiosidade em conhecer as suas experiências. Soraya, por favor, conte-nos sua história, pleeeease!!! Eu, particularmente fiquei ardendo de curiosidade!

MODESTA? NEM UM POUCO!
Quem sou eu:
Uma filha muito amada por DEUS!
Templo do ESPÍRITO SANTO!
Eclética, versátil!

Sou de fazer, não sou de falar!
Não dá para descrever tamanha personalidade em poucas palavras...
"Quem se descreve, limita-se!"
EU sou EU, e basta!!!
SOLANGE, simplesmente, SOLANGE!
"Cada um tem de mim exatamente o que cativou, e cada um é responsável pelo que cativou!"
Significado do meu nome: Latim: RELIGIOSA!
Francês: MAJESTOSA!
Espanhol: SOLENE!
Geralmente é isso o que respondo quando me perguntam sobre minha pessoa!
Para vocês, serei mais detalhista!
Nasci em Campina Grande, Paraíba onde resido até hoje.
Quando criança, me achava estranha e diferente das demais com quem convivia. Quando comecei a frequentar o colégio as mães das outras crianças perguntavam para minha mãe se eu era adotiva; ela respondia com muita convicção NÃO!
Muitas vezes, aquele interrogatório me deixava questionativa, mesmo com toda certeza com que minha mãe respondia. Quando estava com quatro anos de idade, chamei minha mãe para uma conversa de MULHER para MULHER, e pedi que ela me falasse a verdade: se eu era ou não adotiva, e que eu a amava muito e não queria nem saber quem era minha mãe verdadeira. Ela chorou e ficou triste, pois eu não acreditava nela... NUNCA ESQUECEREI ESSA CENA!
Desde esse dia, jamais fiz essa pergunta novamente, mas a dúvida permanecia, pois depois de mim nasceu uma irmã não albina (FALECEU) e depois mais outra não albina, também um anjo de DEUS em nossas vidas, SONALY. Como sou uma pessoa religiosa, pedi a DEUS que me tirasse essa dúvida, me mandando de alguma forma uma certeza de que não era adotiva, pois não queria tocar mais nesse assunto em nossa casa. No ano de 1990, ELE me mandou a resposta concreta: o nascimento de minha irmã SORAYA. Nasceu de parto cesariano e passou três LONGOS dias para chegar em casa. Ai sim, a certeza veio... Agradeci a DEUS por ter me atendido!
A primeira vez que ouvi falar em albinismo, foi na minha primeira consulta ao oftalmologista, com quatro anos de idade. Ele disse que nasci albina por "culpa" dos meus pais, que são primos em primeiro grau, AINDA NADA COMPROVADO CIÊNTIFICAMENTE!
Atualmente, sou uma mulher bem resolvida emocionalmente. Gosto de ser albina e de chamar atenção. Acho estranho quando chego em um lugar público e os olhares não se voltam para mim... Me acho "normalzinha", é um saco!
AMO MEUS CABELOS LOIROS, nem penso em mudá-los.
Ah, para Soraya tudo foi diferente, pois ja me tinha como referência, e como sou bem psicologicamente e me aceito como sou sem problemas, ela também é assim!
Aproveito para fazer um convite: Visitem nosso blog
http://albinosdonossonordeste.blogspot.com/
Que foi inspirado por este blog!
E também nossa comunidade no ORKUT
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=87445912
Obrigada! Tentei resumir um pouco de minha história.
Lembrem-se: É um ato de coragem ser você, mesmo quando todos discordam ou pensam diferente. Cecília Meireles!
Fiquem com DEUS!

(Um pouco de Solange, a irmã de Beyonce.)

CÃNCER DE PELE DIAGNOSTICADO E TRATADO NA HORA?

Vejam o que descobri no site do C@STRO

Aparelho brasileiro capaz de diagnosticar e tratar na hora o câncer de pele

Pesquisadores da Universidade de São Paulo desenvolveram um aparelho que faz o diagnóstico e tratamento do câncer de pele na hora. Esse tipo de câncer é o mais frequente no Brasil e corresponde a 25% dos tumores malignos registrados.O aparelho desenvolvido na USP de São Carlos indica na hora se o paciente tem ou não câncer de pele. Para o tratamento, primeiro é aplicada uma pomada no tumor, o laser entra em seguida. As células doentes não resistem à toxidade da reação química e morrem. Um equipamento semelhante usado nesse tipo de tratamento já existe aqui e em outros países, porém custa R$ 200 mil, e não tem as vantagens do modelo brasileiro, que pode ser fabricado por menos de R$ 7 mil, é leve, fácil de transportar e o melhor: tem diagnóstico e tratamento rápido.Sobre o tratamento com esse novo aparelho, a dermatologista Ana Gabriela Salvio afirma: Menos irritação, menos cicatrizes residuais da lesão tratada e sendo com pouca dor e bem tolerada pelo paciente.
Segundo Vanderlei Salvador Bagnato, pesquisador da USP-São Carlos, o aparelho já permite a resolução de casos numa faixa bastante grande, 70%, 80% dos casos são tratados com sucesso.A criação desse aparelho é muito importante para pessoas que têm a pele clara e/ou são albinas como eu, mais propensas a desenvolvermos esse tipo de câncer. O aparelho já foi capaz de curar pessoas que estavam totalmente desenganadas do tratamento convencional. O BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social está financiado o aparelho e espera-se que logo ele esteja presente em diversas cidades brasileiras.E já que estamos falando de pele, confira algumas dicas importantes para você se proteger corretamente:- Evite exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h e procure lugares com sombra sempre que possível.- Use sempre proteção adequada, como bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros, barraca e filtro solar com fator mínimo de proteção 15.- Usar o filtro solar apenas uma vez durante todo o dia não protege por longos períodos. É necessário reaplicá-lo a cada duas horas, durante a exposição solar. Mesmo filtros solares “à prova d’água” devem ser reaplicados.- Não esqueça de proteger a face, os lábios e as orelhas, locais comumente afetados pela doença.Apesar dessas dicas, se você for albino como eu e/ou tiver a pele muito clara, uma boa maneira de se proteger, é tomar sol apenas quando for realmente necessário. É assim que faço.


(Encontrado em http://www.castrodigital.com.br/2010/01/aparelho-brasileiro-tratamento-cancer.html )

(Falar em C@STRO além de internet, também lembra música eletrônica. Portanto, ai vai uma pra ele, de 1983.)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

LITERATURA ALBINA


Durante a sessão de fotos no estúdio do fotografo Gustavo Lacerda, conheci o Flávio André Silva, escritor albino muito simpático e inteligente. Ele tem um blog onde posta alguns de seus textos. Assim que voltei da sessão de fotos, publiquei o link aqui:

http://www.albinoincoerente.com/2009/10/miopia-virtual.html

Dando mais uma prova de que nós albinos temos mais é que ir à luta, Flávio acaba de lançar um livro, por conta própria. Trata-se do livro de poemas A Última Luz de Narciso.

Vejam a resenha:

Narciso, segundo a mitologia grega, foi o homem mais belo que já existiu e existirá. Sua beleza era de fazer inveja aos deuses, mas sua vida só seria próspera se não visse nunca sua própria imagem refletida. Não poderia se conhecer, até que um dia, por obra do destino, ao passar por um lago, viu seu reflexo e se apaixonou imediatamente. Num impulso ensandecido de possuir o alvo de seu amor, lançou-se no lago para abraçar a si mesmo e nunca mais subiu para respirar. E você, acha que Narciso é uma alegoria para Vaidade ou para Autoconhecimento? Será que você conhece a si mesmo? Será que conhece o modo que os outros te veem? A Última Luz de Narciso é uma tentativa de responder a essas perguntas, falando sobre desejos, tristezas e amores. Com certeza, você se verá refletido nesses versos ou mergulhado nessas páginas.

TÍTULO: A Última Luz de Narciso
GÊNERO: Literatura Brasileira – Poesias
Nº DE PÁGINAS: 96
VALOR: R$ 20,00

AUTOR: Flávio André Silva
E-MAIL: sorrisoalbino@hotmail.com
TEL.: (11) 6683-3293


O livro pode ser adquirido diretamente com o Flávio. Funciona assim: a pessoa interessada manda um e-mail pro Flávio com seu endereço, ele o responde com seus dados bancários e assim que houver a confirmação do depósito, o livro é enviado pelo correio.

(E por falar em Luz, ai vai a do Djavan, de seu álbum que mais amo.)


ALTERNATIVA PARA EL DALTONISMO

Surge una alternativa para el daltonismo
A partir de una investigación llevada adelante en los Estados Unidos, un conjunto de monos daltónicos pudieron diferenciar colores luego de un tratamiento genético.

En un estudio recientemente publicado por la revista Nature, un grupo de científicos de diversas instituciones norteamericanas compartió una experiencia realizada con “monos ardilla” sudamericanos de una especie donde los machos naturalmente son incapaces de distinguir los colores.Los investigadores introdujeron genes para fotopigmentación presentes en algunas hembras en las células fotorreceptoras de las retinas de dos machos adultos. La introducción se dio por medio de un virus inofensivo. Así los genes produjeron proteínas llamadas opsinas, que actúan en la producción retinal de pigmentos sensibles al color verde y al rojo.

Cinco semanas después del tratamiento, los tests físicos y de comportamiento comprobaron que los animales pasaron a distinguir entre los colores verde y rojo, algo que no podían hacer antes de la terapia.

El estudio demuestra que es posible adicionar capacidades sensoriales en primates, indicando que el cerebro es capaz de reprogramarse con informaciones completamente nuevas, aún después del periodo inicial y crítico para el desarrollo cerebral.

“Demostramos que podemos curar el problema en un mono y que podemos hacerlo de manera segura. Eso es extremadamente alentador también para el desarrollo de terapias para dolencias que causan ceguera en los humanos”, afirmó William Haus-Wirth, profesor de genética molecular oftálmica de la Universidad de Florida, uno de los dos autores del estudio.

(Encontrado em http://www.elcisne.org/ampliada.php?id=1347)

(Lembrei do Dalto! Os seus olhos são espelhos d'água...)


TORCENDO PRAS PLANTAS CARNÍVORAS

Roberto Rillo Bíscaro

The Day of the Triffids é um livro já adaptado 3 vezes pras telas. Em 1962, numa produção B pra cinema, estrelada pelo ator-cantante Howard Keel (que nos anos 80 reencontraria a fama interpretando Klayton Farlow, na minha venerada DALLAS). Em 1981, uma adaptação seriada pra TV, pela BBC, que, embora simples, era efetiva. Ano passado, a mesma BBC resolveu filmar a história de novo, repetindo o formato de minissérie. Cada filmagem apresenta alguns elementos distintos pra tornar a história mais significativa pra época de produção. Nada de errado nisso.
O enredo é basicamente o seguinte: devido à crise do petróleo, os seres humanos procuram um combustível alternativo fornecido por uma espécie de planta, as Triffids. Há um inconveniente, porém. Elas são capazes de se movimentar, comunicar entre si e, pra completar, são ferozes carnívoras. Por isso, são mantidas em fazendas secretas pelos governos ao redor do globo. A história de The Day of the Triffids inicia com um especialista nessas plantas se ferindo nos olhos e sendo obrigado a passar a noite no hospital, vendado. Acontece que, praquela noite, astrônomos previam uma série de explosões solares, que proporcionariam um espetáculo inofensivo de luz e calor por todo o planeta. Desse modo, a população da Terra fica de olho no céu pra ver o show pirotécnico grátis. O que ninguém previra era que em determinado momento, a luz se tornaria tão intensa que cegaria quem estivesse olhando. Resultado: a maior parte da espécie humana fica cega e o caos se instaura em um mundo sem governos e com milhões de cegos indefesos, porém lutando pela sobrevivência. Apenas a minoria que não olhou pro céu escapa da cegueira. Pra completar o caos e justificar o nome do filme, as Triffids escapam em massa e começam a devorar os incautos.
A história é boa pra fãs de ficção-cientifica e, como gostei das 2 outras versões – especialmente a de 1962 - minha predileta – não poderia perder a produção contemporânea, com grande orçamento e elenco contando com participações de Vanessa Redgrave e Brian Cox. A presença de Joely Richardson, filha de Redgrave, também me era convidativa, afinal os clãs Redgrave-Richardson são basilares nas artes cênicas britânicas.
Na cena do cegante clarão solar noturno, pensei: “Jesus Luz, isso vai ser um desastre!” Todos os passageiros e obviamente os pilotos, perdem a visão, exceto por um que dormia. Ele acorda em meio ao tumulto e em silêncio dirige-se ao banheiro enquanto o avião perde altitude. No cubículo, ele infla um montão de airbags ou sei lá o quê e aguarda a queda da aeronave, que deve ter durado muito afinal, deu tempo de o cara inflar e arrumar todos os airbags a seu redor! Não entendo nada de física, mas me parece que um avião nessas condições cairia de bico praticamente, mas não é isso que ocorre. Ele cai de barriga em plena Londres e o tal passageiro sai caminhando com arranhões e cara de pastel!
Depois disso, tudo vira um festival de implausibilidades, ações não explicadas/justificadas, coincidências forçadas, atitudes sem cabimento. Pra vocês terem uma idéia, 2 ou 3 dias após o acidente, o tal passageiro já era líder de uma organização paramilitar, que dominava toda Londres! Como assim? Qual a legitimidade do cidadão pra conseguir ser tirano tão rapidamente? Que motivação seus seguidores tinham pra fazê-lo?
E olha que estou dando apenas um par de exemplos, mas o roteiro é péssimo, horrivelmente lotado de furos, de falta de lógica. Motivação e verossimilhança não constam do vocabulário de quem o escreveu. As personagens tomam decisões estúpidas, que surgem do nada. O tal tirano quer eliminar o protagonista e por isso manda que seus asseclas o transportem pra longe de Londres pra fazer o serviço. Pra quê??? A cidade toda está cega e mergulhada no caos!! Qualquer lugar seria lugar pra executar o dito cujo.
Com material tão estúpido nas mãos, não tem Redgrave ou Cox que salvem o dia, até porque as personagens são mal construídas, enfim, é tudo um grande equívoco que merece ser esquecido.
Ao final, pra sinalizar os tempos da falácia pós-colonial, o gênio roteirista desencavou uma espécie de cerimonial africano com máscara e tudo pra garantir imunidade contra as plantas.
Eu sequer pausava o DVD pra ir ao banheiro ou beber água; o botão não merecia trabalhar pra isso, tadinho... Enfim, ao assistir a versão 2009 de The Day of the Triffids a gente torce pra que as plantas devorem todas as personagens, sem exceção, e livrem o planeta de tanta gente idiota!
(A versão pra cine, de 62, atingiu status tão cult que inspirou o nome duma banda australiana da década de 80. Eles chegaram a ter um álbum lançado no Brasil, na época.)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CUIDADO COM AS LENTES DE CONTATO!

O uso incorreto de lentes de contato pode cegar
Gislandia Governo

Lentes de contato são uma opção prática para muitas pessoas com problemas de visão. Mas especialistas alertam: seu mau uso traz risco de cegueira. Estudo conduzido pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier (Campinas), mostra que 2 em cada 10 brasileiros que usam lente de contato têm complicações na córnea.

Desde setembro tramita na Câmara Federal parecer do Conselho Federal de Medicina para que a prescrição de lentes seja feita exclusivamente por oftalmologistas. Queiroz Neto destaca que as complicações atingem mais quem compra lentes em farmácias ou óticas sem prescrição médica. "Para evitar ferimentos na córnea é preciso fazer vários exames. Nem toda pessoa pode usar lente de contato. Quem tem baixa produção lacrimal ou doenças alérgicas pode não ter boa adaptação", exemplifica.
Segundo o especialista, mesmo as lentes indicadas para uso noturno devem ser retiradas antes de dormir porque à noite a produção de lágrimas é menor. Dormir com lentes de contato ou usar além do tempo prescrito reduz a oxigenação da córnea. "Isso aumenta em até dez vezes a chance de contrair contaminação por bactérias que podem levar à ulcera corneana e à cegueira", diz.
Outro erro comum é lavar a lente e o estojo com soro fisiológico, em vez de usar soluções apropriadas. "O soro não contém conservantes e se torna um campo fértil para a proliferação de bactérias e fungos."
O oftalmologista recomenda, ainda, lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes de contato. Outras providências importantes são trocar o estojo a cada quatro meses e nunca entrar no mar ou na piscina com as lentes. No caso de viagens de avião, elas devem ser retiradas se o voo durar mais de três horas. E, a qualquer desconforto, deve-se procurar oftalmologista.

(Encontrado em http://saude.terra.com.br/interna/0,,OI4185566-EI1497,00-O+uso+incorreto+de+lentes+de+contato+pode+cegar.html)

(Deu vontade de ouvir I Have the Touch, do Peter Gabriel porque ele canta "I'm only wanting contact..." Daí, achei esse vídeo com cenas do filme THX 1138 casadas com a canção. Ficou ótimo! Ainda mais que tem meu herói Robert Duvall encabeçando o elenco. Gabriel e Duvall "juntos"... Que sonho!)


TARTARUGUINHAS ALBINAS

Filhotes albinos de tartaruga amazônica nasceram em projeto de preservação

No final do ano nasceram cinco filhotes albinos de Iaçá (Podocnemis sextuberculata), no lago do Calabar, no Rio Uatumã, no Amazonas. Na mesma ninhada nasceram ainda outros cinco filhotes com pigmentação normal.

Entre os filhotes albinos, apenas quatro sobreviveram. Um deles nasceu morto, de acordo com o coordenador do Centro de Preservação e Pesquisa de Quelônios Aquáticos, CPPQA/Balbina-AM, Paulo Henrique Oliveira. O iaçá é uma espécie de tartaruga amazônica que vive em toda a bacia amazônica.
Estes são os primeiros filhotes nascidos em doze anos de projeto. O nascimento foi no dia 12 de dezembro.
A condição do albinismo é determinada geneticamente. Os genes recessivos predominam e impedem a produção de melanina. A sensibilidade à luz e à radiação solar diminui as possibilidades de sobrevivência. Os problemas de visão dificultam a caçada e a fuga de predadores e a ausência de cor reduz as chances de camuflagem na natureza.
Os animais são visados pelo consumo predatório de comunidades ribeirinhas. Os ovos também são foco dessa exploração, o que compromete a reprodução das espécies e aumenta o risco de extinção.
O CPPQA mantém ainda um criatório de tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa) e tracajás (Podocnemis unifilis). São quase 400 tartarugas adultas. Os filhotes são soltos rio Uatumã. Mais de 110 mil já foram soltos na natureza pelo programa.

(Encontrado em http://ecoespacobrasil10.blogspot.com/2010/01/filhotes-albinos-de-tartaruga-amazonica.html )

(Voltando aos anos 60 pra ver e ouvir The Turtles.)

PROMOÇÃO


Dia 15 de janeiro estreou a documentário-musical O Homem que Engarrafava Nuvens, sobre a vida e a obra do compositor, advogado, deputado federal e criador das leis de direito autoral, Humberto Teixeira, também conhecido como "O Doutor do Baião" por ser o autor de clássicos como Asa Branca.

Em parceria com a Equipe de Mídia Social, este blog realiza uma promoção aos leitores interessados em concorrer a um kit contendo 01 Memo Board e 01 par de ingressos de sustentação.

Basta responder à seguinte pergunta: Qual o músico albino, já falecido, que tocou com o Doutor do Baião?

Mande sua resposta ao endereço de email albinoincoerente@gmail.com e concorra ao prêmio!

(Trailer do documentário.)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

NEM PIOR, NEM MELHOR, MAS, ESPECIAL!

É com satisfação que publico a historia da primeira albina que resolveu colaborar com a proposta do blog de tornar nossas experiências mais difundidas pro mundo.

Bem vinda, Mirian. O espaço é seu pra escrever quantas histórias quiser. Isso só agregará valor à nossa luta!

MIRIAN DIAS: NEM PIOR, NEM MELHOR, MAS, ESPECIAL!

Há meses vinha querendo escrever algo nesse blog. Contar um pouco da minha vida, porque acho que ter um blog só pra mim seria demais... Apesar de ter muitas histórias pra contar, algumas não seriam divulgadas... rs O Roberto me deixou bastante á vontade pra isso, então, vamos lá.
Sou albina, 33 anos, nasci em Campos dos Goytacazes, RJ, mas fui criada em Niterói. Hoje, moro na região dos Lagos do Rio de Janeiro, Maricá, cidade bonita, de mar e montanhas. Ao lado da minha casa tem uma linda! De família numerosa, sou a única albina, porém... Sempre acreditei não ser possível ter irmãos albinos; fiquei surpresa em conhecer alguns posteriormente.
Minha mãe sabia o que era albinismo, já tinha visto alguns, mas o nome pra ela era outro. Aço. Ou asso rs. Via alguns na roça, no plantio da cana-de-açúcar e o meu nascimento foi um dos motivos pra que ela quisesse sair do interior. Na verdade, quando nasci, meus irmãos mais velhos já tinham ido pra Niterói, trabalhar. Já eram adolescentes, sou o que chamam de filha "temporã", minha mãe me teve com 42 anos e meu pai 46.
Infância quase normal, fora o preconceito, que era pesado. Crianças não perdoam... Não concordo quando dizem que não têm maldade, porque sofri na pele o que é ser diferente. Não lembro muito, mas quando tento lembrar da minha infância, me vem um sentimento de medo... Tinha medo que me olhassem... Não gostava de ser percebida. Engraçado como tudo mudou. Hoje adoro aparecer. Detesto quando não me notam. Até pouco tempo atrás, tinha receio de ir a algum lugar onde houvesse crianças que nunca tinham me visto antes. Sabia que passaria por constrangimento...
Apesar de ter muito cuidado comigo, minha mãe nunca soube que eu precisava usar filtro solar. Me protegia com sombrinha, com sabonete Soapex, que meu pediatra passou. Sol, só via ao ir pra escola, sob a sombrinha. Fora isso, sofá, televisão, boneca e outras brincadeiras dentro de casa.
É incrível eu não ter tido tantas lesões, por causa disso. Os dermatologistas dizem que tenho que ficar contente, porque como comecei a usar filtro aos 18 anos, era pra ter tido muitas mais. Eles sempre dizem que minha pela é bem cuidada. Bom, né? Fui orientada da importância do uso do filtro solar através de um casal norte-americano. A partir daí, esse artigo passou a ser minha segunda pele.
Sobre o albinismo, confesso que até há pouco tempo, sabia menos do que deveria. Isso porque, além de ser a única albina da família, nunca tive grandes problemas: tive algumas lesões, mas poucas.
Quanto á visão, minha miopia não avançou tanto no decorrer dos anos, apesar de enxergar pouco. Também tenho nistagmo, mas quem me conhece desde criança diz que diminuiu muito. Problemas sociais por causa do albinismo? Não considero que tenha tido muitos. Minha mãe sabia o que era albinismo e os cuidados que deveria tomar comigo, isso era suficiente. Os porquês nunca fizeram diferença pra nossa família, desde que eu estivesse protegida do sol e tivesse resposta “na ponta de língua” para as indagações dos mais curiosos e menos informados. Fui criada em igreja evangélica, acho que isso me ajudou muito. Era tímida até os 12 anos. Depois, me soltei. Não teve jeito. Minha mãe sempre fala que tinha medo de eu me tornar dependente dos seus cuidados, de não andar na rua sozinha.... Mas, o receio dela não a fez me segurar dentro de casa. Hoje, sou uma mulher independente, graças a Deus.
Sobre conhecimento científico, tenho buscado mais nos últimos meses, depois que conheci a comunidade Albinos do Meu Brasil. O fato de não ter buscado conhecimento sobre o assunto antes não significa indiferença ou ignorância, mas creio que seja pela educação que tive, porque minha mãe sempre fez questão de me tratar como criança normal. Até porque, médicos nunca enfatizaram minha condição como algo extraordinário, entende?
Quando comecei a ir às consultas médicas sozinha, percebi que pra eles albinismo não era encarado como doença. Falta de melanina? Use filtro solar. Evite as lâmpadas florescentes. Miopia? Use óculos. Você é normal. Até há pouco, não usava óculos escuros. Por orientação dos albinos comecei a usar, mas, por conta própria. Então, vou levar ao oftalmologista, pra ele aprovar ou não.. Cirurgia de correção de miopia nenhum médico quer fazer em mim. Parece que têm medo...
Bem, não vivo o albinismo durante as 24h do dia. Até esqueço que o sou, sabe? Principalmente no meio dos amigos, no trabalho...
Namorados? Tive muitos... Mas, também houve rapazes que me ignoraram, com via de mão-dupla! rs
Sou uma mulher de 33 anos, que gosta da vida, que chora, que ri, que ama, que odeia, às vezes (confesso!), que tem sentimentos como qualquer outro ser humano.
Insultos? Quando estou p...respondo, quando estou de boa, finjo que não ouço.
Dificuldades? Todo mundo as possui.
Tenho uma amiga muito querida que sempre fala pra mim que isso de ser diferente é apenas um ponto de vista e me compara aos suecos, aos noruegueses... rs A Roberta é um doce!
O mais importante é que consigo sobreviver nessa selva de pedra. O mundo me olha com olhos diferentes, mas eu também o olho do mesmo jeito, porque não aceito preconceito e nem ser vista como anormal.
Mas, muita coisa tem mudado e isso tem que partir da gente. Não podemos esperar as coisas acontecerem, temos que ser agentes transformadores, pra vivermos num mundo melhor. Mundo melhor? Sim, mundo melhor, porque temos aquilo que buscamos e eu quero isso pra mim.

(Uma linda canção da chilena Myriam Hernández.)

CADEIRA DE RODAS MODERNINHA

Crearon la silla de ruedas fantástica
Catedráticos de la UIB (Universidad de las Islas Baleares) crearon una silla de ruedas desde la que se pueden realizar diferentes funciones, además de transportar a la persona.

Según dichos de Vicente Canals, profesor asociado de Tecnología Electrónica de la UIB, el proyecto se basó en el “tuneado” de una silla de ruedas convencional, hasta convertirla en una silla de ciencia ficción que puede “memorizar” el plano de una casa y llevar al usuario a la parte de la casa que desee, incluso sorteando eventuales obstáculos a través de un sistema láser.

Pero eso no es todo, los técnicos encargados del proyecto han llevado sus posibilidades a un límite insospechado, ya que además de cumplir con las funciones de desplazamiento, “la silla fantástica” puede encender las luces, subir o bajar la calefacción, cerrar o levantar las persianas y controlar distintos componentes electrónicos de la casa con sólo tocar una pantalla.

Los científicos aseguraron a los medios que dentro de tan sólo unas décadas la domótica hogareña habrá dado todos sus frutos y comenzará la época donde penetrará en infraestructuras públicas a través de la “inmótica”. Como ejemplo de ello y para ir trazando un itinerario en esta nueva perspectiva, el equipo de la UIB ya tiene elaborado un estudio para mejorar la seguridad de las personas con discapacidad cuando viajen en subterráneos. Y cuando estos sistemas se hayan planteado será la “urbamótica” la nueva ciencia tecnológica capaz de activar sonidos en los semáforos cuando éstos detecten que una persona ciega está por cruzar las calles.

(Encontrado em http://www.elcisne.org/ampliada.php?id=1337)

(Sentada na porta em sua cadeira de rodas... ah, me lembro dos anos 70...)


PRESENTINHO CHILENO

Cine chileno quase nunca penetra o mercado nacional, e, nas exceções, as exibições restringem-se a capitais. Lembro-me de Machuca (2004) sendo exibido em cine de shopping em São Paulo. Creio que os demais ficam mesmo restritos a festivais e mostras especializadas.

Esta note, vi uma produção chilena de 2008, El Regalo. Dirigido a 4 mãos por Cristián Galaz e Andrea Ugalde. Francisco, astrofísico viúvo, aposenta-se e perde a motivação pra viver e decide cometer suicídio após ver na TV a historia de uma professora jubilada de 69 anos que sofria de Alzaimer (vamos aportuguesar essa droga de palavra, ok?) e acabou comendo seu próprio colchão. Achei essa decisão um pouco mal trabalhada na película, precisava ter havido mais acontecimentos preu acreditar de verdade que Francisco precisa morrer.

No dia de seu aniversário de 70 anos, seus 2 melhores amigos – que não sabem de suas intenções suicidas – presenteiam-no com uma viagem da terceira idade pruma estação termal nos Andes, desculpa pralgumas imagens lindas do filme.

No trem, Francisco reencontra um antigo flerte de verão que não via há 40 anos. Também conhece Carmen, com quem antipatiza de cara. El Regalo é uma comédia romântica e o roteiro não acrescenta nada de novo á formula. Sendo assim, todo mundo sabe com quem Francisco vai ficar no fim do filme. Mal entendidos, desencontros, tentativas frustradas de suicídio, dramas pessoais e final feliz/esperançoso são alguns dos ingredientes que El Regalo nos oferece.

Entretanto, o maior presente da fita é a maneira como a personagem gay é representada. Um dos velhinhos é gay e hostilizado por quase todos, exceto por Francisco. Já assistira a filmes com personagens gays da melhor idade e também é comum ver gays em películas contemporâneas. Nunca havia visto, porém, uma personagem gay no meio de um grupo de idosos heterossexuais e, ainda por cima, formando alianças fraternas com as demais personagens.

Com quase 1hora e 50 de duração, El Regalo seria melhor se fosse um bocadinho mais curto. A simpatia do elenco, afiado e competente, compensa essa duração um pouco dilatada demais.

Enfim, El Regalo merece ser visto principalmente pelo modo como representa o gay da terceira idade. Também cota o fato de mostrar que a vida pode ser plenamente vivida em qualquer idade. Mas isso eu já vi em outros filmes, por isso, prefiro a parte do coroa gay.

(Eis o trailer.)

domingo, 24 de janeiro de 2010

CAUSA ALBINA NO MATO GROSSO

No dia de meu aniversário de 43 anos, tenho o prazer de divulgar o blog da recém-fundada APAMT, Associação das Pessoas com Albinismo do Mato Grosso.

Orgulho-me de que meu trabalho no blog tenha sido modesto elemento contribuidor pra essa associação. Já me explico.

Assim que voltei da entrevista pro Sem Censura, no Rio de Janeiro, havia uma mensagem da Madá, mestranda da Universidade Federal do Mato Grosso. Rapidamente nos tornamos amigos e seguidores recíprocos de nossos blogs. Madá logo se apaixonou pela causa albina e manifestou interesse em desenvolver pesquisa de doutorado nessa área.

Coloquei-a em contato com o pessoal da APALBA e o núcleo de estudos sobre albinismo de Vitória da Conquista. Em dezembro, Madá foi à Bahia onde particpou do encontro sobre albinismo realizado pela UESB e também conheceu o pessoal da APALBA.

Nascia assim, mais uma ativista pelos direitos pra albinos.

Vejam o email de Madá anunciando a abertura do blog da APAMT:

É com grande satisfação que deixo aqui o endereço do mais novo blog sobre albinismo de MTFoi a forma que encontrei, por enquanto, de divulgar a causa albina no estado.Também participo a todos que já foi contactado um grupo de pessoas com albinismo e que nossa primeira reuniao será nesta quinta feira (14/01) as 19.30h. também foram contactados ate o momento, uma psicologa, uma assistente social, representante da Unemat e Ufmt. vamos ver se constituímos uma associação por aqui e um núcleo de estudos. quero agradecer a ajuda preciosa de todos vcs, com quem tenho aprendido muito. Sem a participação de vcs este grupo nao teria sido alcançado. Muito obrigada a todos! Ah, antes que eu me esqueça: as imagens postadas são de pessoas que participaram do encontro em Vitória da Conquista, pois ainda não nos reunimos e não tenho imagens nossas, mas assim que tiver, trocarei as fotos. Essas são para iniciar o blog. será uma pequena surpresa para o grupo na quinta feira. hehe. O endereço do blog é: www.causaalbinamt.blogspot.com e o endereço de email é:causaalbinamt@gmail.com
um abraço
Madá

Parabéns e boa sorte ao pessoal do Mato Grosso.

(E pra Madá, uma singela homenagem na voz de Sidney Magal. Madá, quando eu estava na quinta série, eu imitava o Sidney!!!)

MINHAS FÉRIAS

Carlito e eu no topo do edifício do Banespão.
Carlito no bondinho que fica em frente ao Memorial do Imigrante.

Eu no saguão do edifício do Banespão, o Empire State Building de Sampa.

Quando guri, era comum após as férias, os professores primários e/ou de português darem uma redação no primeiro dia letivo. O título invariavelmente era “minhas férias” e a gente contava o que tinha feito. Quem não fizera nada, inventava. No dia em que completo 43 anos vejo-me na mesma situação de 30 anos atrás; é hora de contar um pouco de como foram as minhas.

Os 12 dias em São Paulo foram repletos de caminhadas e comilança! Calor quase igual ao da noroeste do estado, mas meu companheiro de andanças é cervejeiro contumaz, então estávamos sempre nos “refrescando”... Caminhando pelo centro velho de Sampa, de hora em hora parávamos nalgum boteco pra uma loiruda (fique bem, Hebe!!). Quando não, nos gelávamos com açaí na tigela. O andar e transpirar constantes não nos permitiam ficar tontos de cerveja ou gordos com a bomba calórica do açaí.

Carlito, o amigo argentino, é ótimo pra explorações urbanas. Topa tudo e sugere muito. Além disso, tem paciência de Jó com minhas distrações de esquecer ou achar que perdi coisas. “Carlito, a minha carteira tá com você?”, “Carloooos, acho que perdi a câmera fotográfica!”, “Cadê o bilhete do metrô?” Tudo sempre estava sempre na mochila dele, repleta de coisas minhas... Algumas vezes eu esquecia mesmo e tinha que descer de volta a Brigadeiro, ir ao apartamento pra pegar o objeto esquecido. Carlito não fez cara feia sequer uma vez.

Protetor solar fator 60 no bolso de minhas bombachas ou na mochila dele era reaplicado em todo momento. Não tenho o menor problema de fazer isso em público. Sou do tipo que dança ouvindo mp3 onde quer que esteja, acha que me envergonharia de passar protetor solar no meio do Viaduto Santa Ifigênia? Como dizia uma velha propaganda de absorvente: incomodada ficava a minha avó!

Bugigangas e acarajé na Praça da República, sanduíche de mortadela no Mercado Municipal, bugigangas e comida árabe na região da 25 de Março, fiação e DVDs virgens na Santa Ifigênia, quebra-queixo pro Carlito no parque Dom Pedro, serviço bancário e supermercado na região da Paulista. E cupuaçu, tapioca, guaraná, carambola e lichia pro amigo estrangeiro.

Ambos de mochila, chapéu, câmera fotográfica, parando pra olhar algo de quando em vez, dava na cara que éramos turistas. Pra variar, fui devorado com os olhos por milhares de transeuntes; sem problema já me acostumei com isso. Pra falar a verdade, até gosto, sabiam? Houve época em que incomodava, agora juro que não mais. Ser facilmente identificável tem suas vantagens. No Parque do Ibirapuera, uma ex-aluna me encontrou totalmente por acaso. Carlito e eu entrávamos, Oriana saía. Coincidência, não? Isso já me ocorreu outras vezes em SP...

Bom ter companheiro como o Carlito; bom também rever os amigos de Sampa. Jayme e Claudio que nos hospedaram; como agradecer tanta generosidade e paciência? Ir ao Museu do Imigrante com a Mônica, que já viajou comigo pra Buenos Aires e se hospedou no apartamento do Carlito. Ela tá feliz da vida com o novo trampo, dá gosto de ouvi-la contar a respeito. Revi o Pedrinho, que sempre me faz rir com as aventuras que conta tão coloridamente.

Também conheci gente nova. Uma tarde, fui encontrar uma aluna do Professor Sebe porque ela quer iniciar um blog também de ativismo social e tomou o nosso como modelo de “sucesso”. Fiquei lisonjeado e gostei de Carol logo de cara. Papo agradável e divertido, sem frescurite.

Conheci o Renato, de fala mansa; acabamos virando seguidores dos blogs um do outro.

Estou com a bateria recarregada pro ano novo e já tem tradução pra fazer; amanhã será dia de ficar em frente à tela do computador, traduzindo pro inglês, complicados nomes de substâncias químicas. Chegou a hora de pagar pelas férias!

(De volta pra casa...)


sábado, 23 de janeiro de 2010

SEXO É BOM!

Estudo aponta mitos sobre vida sexual de pessoas com deficiência
Agência Inclusive21/01/2010
Psicóloga Ana Cláudia Bortolozzi Maia desenvolveu estudo a partir de relatos que contrariam a noção de que as pessoas com deficiência têm uma vida assexuada e infeliz

A psicóloga Ana Cláudia Bortolozzi Maia, da Faculdade de Ciências, campus de Bauru da Unesp (Universidade Estadual Paulista), desenvolveu um estudo sobre sexualidade e deficiência física a partir de depoimentos das pessoas com deficiência. Os relatos contrariam a noção de que as pessoas com deficiência têm uma vida assexuada e infeliz. Os participantes demonstraram levar em conta as limitações causadas pela deficiência, mas sem abrir mão da satisfação no trabalho e nas relações afetivas e sociais.
As conclusões estão no projeto de pós-doutorado de Ana Cláudia, “Inclusão e Sexualidade: análise de questões afetivas e sexuais em pessoas com deficiência física”, concluído em 2009. A pesquisa foi realizada no Núcleo de Estudos da Sexualidade e no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Sexualidade, da Faculdade de Ciências e Letras do câmpus da Unesp de Araraquara, e contou com a supervisão do professor Paulo Rennes Marçal Ribeiro.
Foram entrevistadas doze pessoas com impossibilidade ou dificuldade de andar. Em todos os casos foi verificado o interesse pelo relacionamento amoroso e sexual. São pessoas com boa auto-estima e que reconhecem a limitação física como integrante de sua condição pessoal”, afirma a pesquisadora. Para ela, essa auto-imagem positiva se deve ao tempo prolongado de convívio com a deficiência, que faz com que usem bem a cadeira de rodas ou vejam a muleta como parte do próprio corpo.
O grupo pesquisado é formado por pessoas casadas, que namoram ou têm parceiros eventuais, e também de outros que não praticam sexo regularmente ou são virgens. Foi comum encontrar casais em que ambos são pessoas com deficiência, o que se deve ao intenso convívio entre eles em clínicas e escolas. Os que tinham filhos, em geral, tiveram antes da deficiência. A estudiosa explica que o número pequeno de filhos da amostra tem relação com o fato de muitos serem jovens e ainda não terem planos sobre maternidade e paternidade.
Quase todos trabalham e alguns também estudam. A independência conquistada pela profissão os ajuda a romperem com a recorrente superproteção da família, além de dar acesso a facilidades, como comprar um carro adaptado ou ter condições de viajar. “Há a percepção de preconceito e discriminação, mas em geral, eles pareceram lidar bem com isso”, diz a pesquisadora.
Adaptações
A relação sexual, nesses casos, pode requerer alguns cuidados especiais, como a aplicação de lubrificantes para as mulheres e o uso de medicamentos orais ou intravenosos para a ereção do pênis. Também pode ser necessário esvaziar a bexiga antes do ato e adaptar posições. “Eles aprendem sobre essas técnicas com outras pessoas ou experimentando o contato com amigos e namorados”, afirma Ana Cláudia.
Tanto a família quanto as pessoas com deficiência fazem perguntas aos médicos, mas encontram pouco esclarecimento. Para a pesquisadora, isso acontece por dificuldades de prognóstico e por falta de preparo e conhecimento por parte dos profissionais de saúde.
Em geral, os homens querem saber se poderão ter ereção, orgasmo e ejaculação. No caso de deficiência adquirida, comparam o desempenho sexual atual com o que tinham antes do acidente. As mulheres, em geral, têm dúvidas em relação ao orgasmo, à fertilidade e a possíveis problemas reprodutivos. “É curioso ninguém ter comentado sobre a masturbação, que representa uma forma de conhecer melhor as sensações e o próprio corpo”, diz.
Um comportamento comum entre os familiares é achar que o deficiente não tem interesse por sexo, namoro e casamento. Uma jovem que participou do estudo conta que sua mãe não se importa quando ela sai com amigos homens, mas controla sua irmã mais nova, como se o contato dela com rapazes fosse assexuado e sem intenções eróticas, ao contrário da irmã.

(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=27761)
(Como diz Marina Lima: "Sexo é bom!" Escolhi a versão original, dos anos 80, pra mim, a definitva. Marina é tudo!)

AOS ALBINOS DE PORTO ALEGRE E REGIÃO

Tamires Souza, produtora do programa Faça a Diferença, da TV Assembleia, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, contatou-me solicitando auxílio pra encontrar pessoas com albinismo residentes em Porto Alegre e adjacências.

A próxima pauta do programa será albinismo e a equipe procura pessoas pra serem entrevistadas.

Os interessados em gravar depoimentos devem falar com Tamires ou Juliana nos fones 3210-1264 ou 9286-1087. O e-mail é: facaadiferenca@al.rs.gov.br .

(Deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre, tchau!)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

AINDA DE FÉRIAS

Escrevo este post de uma lan house na Galeria São Bento aqui em Sampa. Volto pra casa amanhã e o blog voltará ao ritmo normal de postagens a partir do sábado à tarde.

As férias estão uma delícia; depois conto os detalhes.

Mesmo longe, aconteceram umas 2 coisinhas relacionadas à causa albina. Aguardem...

Qqer urgência liguem no celular 18 9148 2888

Bjo e me liga!
Antes de dormir sempre ouço mp3. Difícil, porém, sair da canção do Everything But The Girl. Ouço repetidamente. Nem na lan eu consegui deixar de ouvir! A Tracy Thorn é mesmo um ser de luz!!!)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

FÉRIAS!!!!!

Queridos leitores, chegou a hora do Dr. Albee tirar férias!!!

Trabalhei bastante em 2009 e não parei de trabalhar em projetos pessoais ainda, neste ano que mal se inicia.

Pra não correr risco de ficar sem férias, resolvi me dar uns 10 dias de descanso. Posso?

Aproveitando que o Carlito, amigo argentino famoso neste blog, chega ao Brasil na sexta de manhã, decidi ciceroneá-lo por minha cidade natal, Sampa!

Espero fazer alguns programas que normalmente nunca faço quando vou pra lá, porque sempre tenho pressa ou vou a trabalho/estudo.

Sendo assim, o blog provavelmente ficará sem atualizações durante quase 2 semanas, mas isso não significa que vá morrer. Prometo que não!

Quando voltar, conto como foi o passeio e, se der, posto alguma notinha durante a viagem, mas acho difícil...

Em caso de alguém precisar se comunicar comigo, meu celular é 18 9148 2888.

O mp3 player como sempre foi entupido com canções amadas, pra distrair na viagem de busão. Uma delas é essa:

FUI!

ALBINOS DO ROCK AND ROLL


Mais músicos albinos de sucesso; desta vez 2 irmãos norte-americanos que se tornaram lendários no mundo do blues e rock and roll: os irmãos Edgar e Johnny Winter, ou os Winter Brothers.

Nascidos no Texas, na década de 40, os irmãos começaram a se apresentar juntos desde crianças, vencendo concursos de talentos e aparecendo nas TVs estaduais. Influenciados pela música country, foram pra Nova York ainda crianças, onde entraram emcntato com o mundo do rock and roll e do rhythm and blues.

Na adolescência, ainda no Texas, lançaram seus primeiros compactos e, ao final dos anos 60, cada um tinha seu próprio público e direção musical, embora tenham colaborado um com o outro ao longo dos anos.

Elementos em comum aos 2, entretanto, é a profunda influência do blues e amaneira como usaram seu visual albino pra construírem suas imagens de estrelas do rock. Longos cabelos brancos, tatuagens, esses albinos estão longe de imagem de indefesos, coitadinhos

Ambos se apresentaram ao redor do mundo pra platéias lotadas e lançaram álbuns comercial e musicalmente bem sucedidos! Johnny recebeu diversas indicações ao Grammy por seu trabalho como músico e produtor pra outros artistas. Edgar é um dos pioneiros do rock eletrônico, usando sintetizadores como instrumentos principais em shows e em estúdio.

(Fonte http://www.lunaeterna.net/popcult/winters.htm Vale acessar esta página em inglês também pelas fotos)

Eis o site oficial de Edgar Winter
http://www.edgarwinter.com/

Este é o de Johnny Winter
http://www.johnnywinter.net/welcome/

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN


Estou prestes a sair em férias, então, a quantidade de filmes assistidos será menor, se não nula! Não queria deixar de comentar sobre 2 filmes que vi esta semana, porém.

Hanami (tradução literal “observar as flores”) é um festival japonês que marca o início da primavera, ou seja, é uma celebração da vida, após o rigoroso inverno do hemisfério norte. No evento, as famílias vão a parques observar as cerejeiras, árvores-símbolo do país.

Kirschblüten – Hanami (2008) é o nome do sensível longa da diretora alemã Doris Dörrie. Na primeira cena somos informados de que Rudi, marido de Trudi, tem uma doença terminal. A esposa decide não contar a ninguém, nem mesmo ao esposo, o qual ama profundamente, apesar de ter desistido de alguns projetos de juventude por ele. Rudi é um burocrata a um ano da aposentadoria e que não gosta de experiências novas, vive pro trabalho e pra esposa, residindo numa aldeia. Ambos vivem um pro outro; note que Rudi está contido em Trudi e Trudi parcialmente em Rudi.

Trudi convence o marido a visitar os filhos em Berlin, mas a estadia com eles resulta em fracasso. Absortos em seus próprios mundos, os jovens não têm tempo pros pais, os quais consideram um estorvo, além de ressentirem-se por acharem que são preteridos em detrimento de Karl, que vive em Tóquio. A única que presta alguma atenção aos sexagenários é a namorada da filha. O casal conclui que, no final das contas, não conhece os próprios filhos.

Durante a visita aos filhos acontece virada que tira o filme do trajeto de tantas outras produções protagonizadas por pessoas terminalmente doentes. Trudi morre enquanto dorme, e com ela o segredo da doença do esposo. A partir daí, assistimos a uma tocante jornada em busca da recuperação de antigos sonhos postos de lado devido às contingências da vida cotidiana e à falta de atenção e cuidado para com os desejos, anseios e necessidades do outro. Rudi vai ao Japão visitar o filho, e, perante sua frieza e hostilidade começa a passear só pelas ruas de Tóquio onde se aproxima duma artista de rua. É neste percurso que Rudi adquire o T que falta pra se tornar Trudi... Os filhos continuarão pra sempre sem entenderem os pais porque interpretam os sinais deixados por ele erroneamente, o legado de Rudi eTrudi se consubstancia pra nós de fora, não pros filhos, do mesmo modo que no filme recebem mais atenção dos de fora do que dos de dentro da famíla.

Kirschblüten – Hanami é tecnicamente caprichado: a parte passada na modorrenta aldeia alemã é lenta, com estilo mais convencional de um tipo de cinema europeu. O ritmo se acelera um pouco em Berlin e ganha tons algo documentais, com direito a câmera dando uma ou outra balançada no turbilhão incandescido por neon que é Tóquio. Por vezes, a câmera reproduz mesmo o olhar do turista de cidade pequena, perdido e encantado em meio à tanta gente, numa cultura cuja língua e os caminhos desconhece.

O outro filme, em princípio, parece não ter nada a ver com a produção alemã. Trata-se do anglo-irlandês, The Escapist (2008), ambientada quase exclusivamente dentro de uma prisão, mundo claustrofóbico, onde vemos luz solar apenas por breves segundos.

Confesso que a motivação preu ver esse filme foi o ator Brian Cox (o Hannibal Lecter original...). Há alguns anos vi L.I.E. (2001), no qual o ator escocês criou uma personagem pedófila bastante nuançada e desde então virei fã. O título também me intrigou um bocadinho: a película é sobre uma fuga da cadeia, porque então, uma palavra que deriva de “escapism”, que é fuga da realidade através da imaginação etc? Por que não um título como “The Runaway”, “The Escapee” ou algo do gênero?

The Escapist começa nos mostrando a fuga, ou seja, o suposto desfecho. Isso significa que queriam que eu prestasse atenção ao processo de elaboração da escapada. O filme se desenrola em 2 tempos que correm simultaneamente; ora vemos cenas da fuga, ora assistimos aos fatos que levaram a ela, os preparativos, conchavos e fricções entre os detentos. Cada um dos pedaços aclara o outro, fornecendo-nos partes faltantes do quebra-cabeça, que é o que cria interesse pra ver como as pecinhas do dominó dramático caem no filme (literalmente). Destaque pra edição e montagem, que mantém suspense e agilidade á trama.

Entretanto, The Escapist não nos oferece explicação pra tudo. Sabemos que Frank (Cox) está na cadeia há anos, mas não sabemos porquê. Somos apenas informados que quer fugir pra tentar salvar a filha que quase morreu pela segunda vez devido a uma overdose de heroína. A ênfase da narrativa é na fuga, lembram-se? E o mérito dos atores é tornar essas personagens sobre as quais pouco sabemos, críveis e dignas de que nos importemos com elas. Liderados por Cox – em atuação impecável – o elenco dá conta do recado. Nota: o filme conta com o músico brasileiro Seu Jorge, interpretando Viv Batista, um traficante. Quem assistiu ao brasileiro Casa de Areia (2005) deve se lembrar dele no elenco.

O final-surpresa justifica a escolha pelo título The Escapist e liga o filme irlandês ao alemão, de início tão díspares. Os 2 apresentam falsas aparências: Kirschblüten – Hanami na figura dos filhos, que entendem distorcida e sordidamente os momentos finais de seu pai; The Escapist que nos coloca como aparência uma parte da própria narrativa fílmica. Talvez mais do que isso, porém, ambos mostram personagens que conquistam sua liberdade já na velhice, após viverem vidas trancafiadas, seja numa prisão, seja na rotina cinzenta dum escritório.