quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

TELONA QUENTE 214

Roberto Rillo Bíscaro

Visões panorâmicas da história do horror não têm como evitar um ou mais blocos a respeito dos filmes de monstro dos anos 1930, vide a ótima A History Of Horror.
Os interessados em mais especificidade deveriam procurar Universal Horror (1998), cujos 90 minutos narrados por Kenneth Branagh, focam na produção do estúdio Universal, que deu ao mundo Drácula, Frankenstein, a Múmia, O Homem Invisível, só pra citar os mais famosos; muitos representados tão iconicamente que ainda hoje representações seguem seu visual.
Geralmente desprezado pela intelligentsia, o terror tem sido responsável por farta parcela da subsistência de muita companhia cinematográfica. Não foi diferente com a Universal, que, começou como grande fábrica de filmes B pra baixo.
Nos Depressivos anos 30, filmes de horror abarrotaram os cofres do estúdio, porque baratos de produzir e lucrativos. As plateias amavam: podiam escapulir um pouco do horror real da Crise de 29, nos reinos de terror egípcios, transilvânicos, londrinos. Curioso esses documentários jamais abordarem porque o terror era quase sempre localizado fora do solo norte-americano. Mesmo quando ameaçava Nova York, no caso de King Kong, era importado de terras exóticas e primitivas. Como o sucesso das películas da Universal fez outros estúdios copiarem a fórmula, produções inevitáveis como a do gigante gorila estão em Universal Horror. Kong era da RKO.
O documentário é excelente, embora panorâmico. Atores, críticos e personalidades como o escritor de ficção-científica Ray Bradbury revelam detalhes técnicos e de recepção desses filmes que hoje não assustariam criança, mas à época deixavam a moçada histérica, de cabelo em pé, claro, com alguma ajuda do estúdio, que contratava gente pra desmaiar ou sair correndo aos berros e assim gerar burburinho.
Deveras influenciado por correntes vanguardistas europeias, como o Expressionismo alemão, esse primeiro ciclo de horror falado foi precedido por farta produção muda. Universal Horror dedica generoso tempo em apontar e discutir superficialmente esses precursores, que tiveram até a estreante Joan Crawford nos elencos. Os familiarizados com a primeira fase dourada do horror falado certamente preferirão as referências aos filmes mudos, que não ficam só nos manjados Metropolis e Gabinete do Dr. Caligari.
Atando o fascínio exercido por deformados como Quasímodo e Frankenstein às mutilações em massa tornadas rotineiras pela Primeira Guerra, Universal Horror informa, entretém, encanta e desperta curiosidade danada pelos filmes mudos até em caras como eu, que não os suporta. Mas, resistirei facilmente à tentação; tenho saco, não, sorry.
Se você entende inglês, tá no Youtube:

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