segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

CAIXA DE MÚSICA 295


Roberto Rillo Bíscaro

Na primeira década deste milênio, o Lucky Soul chamou atenção dos fãs de retro e sophistipop, de pop soul, mas não apenas, porque sua modernização de blue-eyed e northern soul conquistou paradas de sucesso. Singles viciantes, como Lips Are Unhappy, não prejudicaram em nada a escalada de popularidade dos britânicos, que chegaram a abrir a turnê de Bryan Ferry pra promover Dylanesque.
Formado em 2005, o Lucky Soul lançou CDs em 2007 e 2010, antes de silenciar por 7 anos, o equivalente a diversos períodos geológicos na cronologia pop. Dia 11 de agosto, o Lucky Soul retornou com Hard Lines e como sexteto. A formação atual tem Andrew Laidlaw e Ivor Sims, nas guitarras; Ali Howard (en)canta; Russell Grooms, no baixo; Paul Atkins, na bateria e a adição de Art Terry, nos teclados. O grupo se metamorfoseou de revivalistas e modernizadores dos aspectos mais pop do soul em campeões ingleses da disco music. Antes eles juravam que viviam numa espécie de eternos anos 60; agora se instalaram na segunda metade dos 70’s.
Hard Lines tem 10 faixas, mais uma versão editada do primeiro single pra tocar em rádios. Os momentos mais sensacionais são as 2 primeiras faixas: More Like Mavis é descomunal paulada disco funk e No Ti Amo – o primeiro single – um pouco mais eletronizada na linha ítalo-disco. A diversidade do álbum reside nas diversas facetas da disco music. Livin’ On a Question Mark tem pegada meio reggae, meio numa vibe Ottawan, ao passo que Too Much bebe da mesma fonte disco-soul que Madonna se banhou pro LP de estreia. O resto de Hard Lines é composto por midtempos como a faixa-título e baladas, como a Rose royciana Stonewashed.
Todos os músicos têm tempo pra brilhar, mas o destaque é a voz de ninfeta sapeca de Ali Howard, espécie de cruza entre Tina Charles (dance, little lady, dance) e Kylie Minogue. E é pela interação entre essa voz e o instrumental dance pop, que Hard Lines agradará a fãs de Bananarama, Little Boots, Sophie Ellis Baxter, Saint Etienne e tantas moças mais.

No atacado, Hard Lines não condensa tantas delícias juntas como os álbuns anteriores (recomendados), mas contém algumas peças no varejo que são irresistíveis.

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