quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

TELONA QUENTE 216


Roberto Rillo Bíscaro

A primeira onda de horror cinematográfico da era sonora foram os filmes da Universal (mas, não apenas), estrelando Frankenstein, Drácula, a Múmia, o Homem Invisível, Dr. Jeckyl & Mr. Hyde. O denominador comum dessa galera gótica é a origem inglesa. A múmia entra na lista, porque os britânicos encetaram a febre egiptológica do século XIX e início do XX com sua pilhagem, oops, expedições arqueológicas, em plagas faraônicas.
Os britânicos não se restringiram ao terror em celulose. Sua contribuição em celuloide é muito importante, vide a influência perene das produções da Hammer e da Amicus (fundada por ianques). Embora difuso, bom começo pra se familiarizar com essa produção é o documentário Magic, Murder and Monsters: The Story of British Horror and Fantasy (2007), da BBC.
Sem conceituar o que vem a ser fantasia, o programa abre afirmando que Shaun Of The Dead (2004) marcava renascimento do terror inglês. Essa ideia de que a produção de horror feneceu a partir dos anos 80 torna Magic, Murder and Monsters (MMM) razoavelmente bom para conhecer o filmado entre as décadas de 1930 e 70.
Com depoimentos de gente como Mark Gatiss, John Landis e Danny Boyle, não analisa quase nada e em sua proposta abrangente falha em perceber a produção de fantasia sci fi dos 50’s, que não se resumiu a The Quatermass Experiment. Mas é instrutivo saber que o percurso britânico tenha sido tão distinto do norte-americano em alguns aspectos. Quatermass começou como serial televisivo pra depois ser lançado no cine, fenômeno bem mais raro de ocorrer na América do Norte, onde cine e TV fingiam viver em universos distintos.
Quando passa pra fase Hammer-Amicus o documentário não acrescentará muito a conhecedores da “História Geral” do horror e meio que desconsola a falta de crítica pra apelação das produções setentistas em comparação com as cultuadas produções góticas estreladas por gigantes, como Peter Cushing e Christopher Lee (se bem que esses caras merecem documentários-solo, amo, amo, amo!) Mas, pra quem apenas sabe da Hammer em sua fase áurea, poderá ser interessante ver clipes e ouvir falar da nudez lésbica das vampiras anos 70. Mas, mesmo assim pode interessar até pra estudiosos de cultura pop ou queer studies escutar uma atriz falando que não fazia ideia do que fazia uma lésbica, isso em plenos anos 70! Não a taxemos de estúpida, entendamos que a homossexualidade feminina durante séculos foi invisiblizada e edulcorada sob forma de “amizades muito bonitas”.
Depois dessa parte o material fica difuso demais, porque fantasia se mistura com horror a ponto de dar a entender que Harry Potter tenha alguma responsabilidade no tal ressurgimento do horror inglês no século XXI. Além disso, é difícil crer que nada tenha sido produzido nos anos 90.

Com suas limitações e falta de recorte, MMM está no Youtube.

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