terça-feira, 21 de novembro de 2017

TELINHA QUENTE 286


Roberto Rillo Bíscaro

Outra forma de denominar o Nordic Noir – filmes, séries e livros policiais produzidos nos países escandinavos – é Scandi Noir. Como diversos países vem tirando casquinha desse estilo narrativo gélido, surgiram derivados, como o Celtic Noir, quando as produções são na Escócia ou País de Gales, caso das excelentes Shetland e Hinterland (esta última, disponível na Netflix).
Em janeiro deste ano, os seis capítulos da primeira temporada de Cardinal, produzidos pela canadense CTV ensejaram a criação de novo derivado, o Can Noir. Encenada no norte do país, neve é o que não falta nessa adaptação dum romance de Giles Blunt, que tem uma série de livros protagonizados pelo problemático e macambúzio detetive John Cardinal.
A descoberta dos restos mutilados e congelados duma garotinha reabrem a investigação de seu desaparecimento e agora assassinato. O calado e metódico Cardinal fora afastado do caso, quando do sumiço, mas a descoberta do cadáver o traz de volta e reacende sua obsessão, que apenas aumenta, quando se constata que há assassino serial agindo na pequena cidade gelada. Como parceira, Cardinal ganha Lise Delorme, realocada do departamento de crimes financeiros. O que John ainda não sabe, é que a moça tem agenda própria.
Cardinal, a série, começa meio morna, apesar do gelo da ambientação – como se não bastassem os capotes e toneladas de neve, a música incidental é bloco de gelo ameaçador e triste, ainda que presente em cenas desprovidas de suspense. Sabe aquela história de tentar criar clima onde não tem, tipo na temporada primeira de Slasher? Mas, tudo melhora sensivelmente, quando o serial killer entra em ação no segundo episódio. Daí, o negócio engrena e a série fica bem tensa e doentia.
O romance original chama-se Forty Words For Snow, enfatizando então a frialdade do local, sempre muito importante em Noirs Nórdicos e nesse Can Noir também, óbvio. Como a ideia é adaptar outros livros de Blunt, a série ganhou o nome do detetive e aí reside o maior pecadilho de Cardinal. Por mais que tenha se esforçado, o roteiro não consegue fazer com que nos importemos com John e seus problemas, como acontece em qualquer versão de  Wallander ou na modelar River (disponível na Netflix). Billy Campbell – da fraca adaptação ianque pra Forbrydelsen – é apenas um meganha calado com problemas, tão frio quanto a paisagem. Isso não elimina Cardinal como série assistível, mas não justifica que leve o nome do detetive. Fãs de Revenge amarão ver Karine Vanasse como parceira de John e mais interessante que ele, aliás. Karine era a Margaux LeMarchal (nome chiquérrimo!) da novelona de vingança de Emily Thorne.
Se você tem Netflix e quer série que te dê frio na espinha pela ambientação e depressão, veja primeira a islandesa Trapped, recentemente adicionada ao serviço de streaming. Caso já a tenha visto, vá pra Cardinal com segurança, vale a pena. Mas, veja as duas.
Cardinal foi renovada pra mais 2 temporadas. Seguro que verei a segunda.

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