terça-feira, 19 de maio de 2015

TELINHA QUENTE 164


Roberto Rillo Bíscaro

Eis que chegou ao fim a saga degradada de Amanda Clarke. Depois duma primeira temporada brilhante, a audiência de Revenge só diminuiu e a trama jamais recativou o público. Diante disso, a ABC cancelou a série ao final da quarta temporada. Como os autores sabiam do corte, puderam dar um final às personagens, diferentemente do que ocorreu com Dynasty, cuja ambientação podre de rica inspirou Revenge.
A morte de meu amado Conrad Grayson e a volta de David Clarke no final da temporada 3 não me animavam. Terem tirado a fortuna dos Grayson diminuíra muito o poder de barganha dramática de Conrad, mas podiam ter-lhe recuperado o dindim. Quanto a David, tinha certeza que seria do time dos “bonzinhos” chatos. O grosso do público parece ter adotado a visão taliônica instilada pela própria série: Emily/Amanda é “boazinha” e merece vencer, porque sofreu muito na mão dos Grayson e em sua jornada de vingança jamais matou ninguém (a pilha de cadáveres e danos colaterais que certamente destruíram a vida de outra montanha de inocentes não tem a menor importância nessa percepção). Fã assumido dos “vilões” (se forem glamorosos!), nessa batalha entre a morena “má” Victoria Grayson e a loira “sofredora boazinha” Emily, meu lado estava escolhido desde a primeira cena que vi de Queen Victoria sentada em sua poltrona tomando chá nos Hamptons.
Outro alerta se faz necessário antes de comentar sobre a derradeira temporada: quem lhes escreve permite-se exacerbada suspensão de descrença quando se trata de soaps. Pra terem ideia, a temporada-sonho de DALLAS, que lhe custou muito da audiência, pra mim é aceita tranquilamente. Novelão ianque tem que ser assim, senão não é divertido. Mas, a quarta temporada de Revenge conseguiu pôr até minha tolerância no limite (confesso que porque Victoria levava desvantagem).
O afã de proporcionar um desfecho feliz e de “justiça” a Emily e punir Victoria fez da quarta temporada uma sucessão de malogros da vilã. Até aí tudo bem, mas imaginar que alguém que sabe que a inimiga é ardilosa e poderosa não se precaver em pelo menos fazer um back up da única cópia existente de material comprometedor a ser entregue pro FBI é duro de engolir: daí já é porquice de roteiro ou insulto à inteligência.
Nem a série slasher Harper’s Island teve tantas mortes (Scandal, então, promoveu massacres, mas sobre isso só semana que vem) e nunca foi tão fácil enganar a polícia ou fazer revelações bombásticas em rede nacional e sofrer praticamente nenhuma consequência. Também jamais foi tão simples tornar-se anônimo: a pessoa vive na mídia, mas quer desaparecer. Tranquilo, basta ficar com o mesmo visual, só é preciso mudar-se pruma casa classe-média na mesma cidade!
Tirando os furos cada vez mais evidentes, os roteiristas ainda conseguiram aquele efeito de nos fazer ansiar pelo próximo capítulo, mas era evidente que a mágica se esvaíra; Revenge tinha que acabar. E as ações se sucediam rápidas e muitas vezes vazias de sentido, especialmente nos capítulos finais quando personagens como Charlote e Margaux tiveram seus finais rapidamente decididos.
Eu só queria ver como eles honrariam a tal epígrafe confuciana do primeiro capítulo atestando que o caminho da vingança conduzia a 2 sepulturas. Uma era óbvio que pertenceria a Victoria, então a outra tinha que ser a da vingadora Emily. Não revelarei o final, mas odiei.
De uma coisa podem ter certeza, porém, o coração de Victoria Grayson ainda pulsa!  

Nenhum comentário:

Postar um comentário