terça-feira, 26 de julho de 2016

TELINHA QUENTE 222

Roberto Rillo Bíscaro

Durante a Segunda Guerra Mundial, a mansão rural Bletchley Park, no condado de Buckinghamshire, serviu de QG prum grupo altamente intelectualizado e especializado, cuja função era decifrar mensagens em código circulantes entre as potências inimigas, leia-se Alemanha. A Government Code & Cypher School quebrou vários códigos nazistas e pode ter abreviado a duração do conflito, por ter frustrado mais de um nefasto plano hitlerista.
A ITV aproveitou esse mote pra criar The Bletchley Circle, que teve 2 temporadas (2012-14) e sete episódios. Ambientada entre 1952-3, a série adicionou outro elemento a esse chão histórico pra criar diferencial no amplo universo dos detetives amadores, que na Inglaterra tem como uma de suas ancestrais mais ilustres Miss Marple, de Agatha Christie. Com a ida de enorme contingente masculino pros campos de batalha, a mulherada teve que sair de casa e pegar no batente em fábricas, escritórios e um sem-número de atividades. Até a então Princesa Elizabeth foi mecânica e motorista de caminhão (embora não possua carteira de motorista, porque ela não é obrigada!). Quando os homens retornaram pra casa, as mulheres também, porque os postos de trabalho voltaram pra eles.
The Bletchley Circle tem como protagonistas 4 ex-decifradoras de códigos, que, entediadas com o papel de rainha do lar nos Anos Dourados (SIC) decidem usar seus dotes de lógica, memória fotográfica, poliglotismo pra investigar casos que a Scotland Yard não dá conta. Capitaneadas por Susan Gray, na primeira temporada investigam assassino serial que poderia estar atuando há anos sem que a polícia percebesse que casos aparentemente isolados e resolvidos eram obra de homem só.
Esses 3 episódios iniciais são os que valem mais ver, porque a história assume contornos sombrios de necrofilia e loucura, além de mostrar como as mulheres passaram de protagonistas – mesmo que em segredo – em parte dos anos 40 e nos 50’s encontravam-se desvalorizadas, em relacionamentos abusivos ou simplesmente entediadas até as unhas com a subserviência a maridão e filhinhos.
A segunda temporada tem 2 histórias em 4 episódios, mas a saída de Susan – interpretada por Anna Maxwell Martin, a Miss Summerson, de Bleak House e a Mary Shelley, de The Frankenstein Chronicles – extrai parte do charme, embora o segundo caso traga trama de garotas do então comunista leste europeu sendo contrabandeadas pra Inglaterra. Depois de ter lido Prostituição à Brasileira e assistido à belga Matrioshki, interessei-me mais sobre o tema. Bora pesquisar se na época da Guerra Fria esse comércio já era relevante.

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