quinta-feira, 14 de julho de 2016

TELONA QUENTE 167

Roberto Rillo Bíscaro

Depois de ver e resenhar o documentário Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story Of Ozploitation!, nada mais natural do que ter vontade de conferir alguma produção de terror ou exploitation do continente australiano. Acabei assistindo 2, daí fiz a segunda dobradinha com filmes de terror/suspense da ilha. A primeira, de 2014, você lê aqui.

The Pack (2015), de Nick Robertson, insere-se no volumoso subgênero do terror ecológico, daí seu appeal meio anos 70 às vezes, década em que a bicharada despirocou e atacava sem parar. Dentro de seu subgênero, The Pack encaixa-se por sua vez no nicho de ataque de cães raivosos. Sejam possuídos pelo capeta, seja demonizando a raça odiada do momento (os mais velhos hão de lembrar os dobermanns setentistas), os au-aus nem sempre são representados à fofurice dos Bichos Curiosos.
Aproveitando-se dos reais ataques de matilhas de híbridos selvagens ao rebanho ovino australiano, o diretor estreou com um filme que traz lindas imagens de drone do campo e de florestas de eucaliptos em roteiro furado. O pecuarista Adam e sua esposa veterinária moram numa casona enorme no campo, mas estão sob risco de perder tudo e a filha quer vazar pra cidade. Pra piorar, numa noite a casa é cercada por gigantescos e raivosos cachorrões negros (pastores-alemães tingidos, filme B é tudo!). Antigamente os animais tinham alguma motivação pra atacar, hoje não mais. Eles aparecem e depois vão embora assim, puf!, do nada. Quanto a isso, tudo bem, o que incomoda é que o roteiro não inutilizou o telefone da propriedade. Era só ter chamado a polícia novamente, quando descobriram que era uma matilha e pedido reforços. Pronto, nem haveria filme então. Dá a sensação de que a família é meio lerdinha. E esconder os filhos num armário cuja porta até um gatinho poderia detonar força a amizade. E aquelas imagens em câmara lenta de comercial de margarina quando os animais somem? Falta maldade a The Pack. Até tem momentos tensos, mas se fosse menos fórmula, seria bem superior.


De 2014 é o suspense psicológico com toquinhos de horror, The Fear Of Darkness, do diretor Chris Fitchett, que na linha de seu compatriota The Babadook assanha o espectador com a possível materialização de uma neura. A jovem Skye é acusada dum assassinato e, como está encrencada mentalmente, a famosa psiquiatra Sarah Faithfull (quando ouvi o sobrenome matei a plot twist) é designada pra tentar recuperar as lembranças suprimidas da moça. Mas, há 2 complicadores: Skye estava tomando uma poderosa droga alucinógena experimental, então, muito do que vemos pode ser alucinação e a Dra. Faithfull tem história pregressa que a deixa potencialmente vulnerável/parcial.
The Fear of Darkness é o típico thriller B de câmara. Lento, quieto, algumas atuações parecem rivotrilizadas, com reviravolta na trama e também belas imagens rurais australianas feitos a partir de drone. Se o final não tivesse sido adaptado pra gerar potencial continuação/franquia, seria mais digno.

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