quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

TELONA QUENTE 145

Roberto Rillo Bíscaro

No começo dos anos 90, uma encenação teatral numa escola secundária sai muito errada. Os alunos apresentavam a peça A Forca e Charlie morre enforcado em cena, porque o cadafalso se abriu acidentalmente. 20 anos mais tarde, uma classe de formandos decide reapresentar a obra, com apoio da direção escolar e dos pais. Eis a premissa de The Gallows (A Forca, 2015), a qual fãs de horror até poderiam fingir que engolimos se o filme fosse bom. Imagine que uma forca de verdade seria construída num palco pra adolescentes e que uma escola norte-americana – terra dos processos indenizatórios até por unha encravada – permitiria que tal asneira se repetisse.
Além do espectador, alguém mais não está feliz com a encenação, porém. Um garoto velho demais pra ser adolescente (todos são), com voz horrível e cujo nome marcou tanto que nem lembro, propõe a 2 colegas que entrem na escola de noite e vandalizem o palco pra que a peça não aconteça. O motivo o roteirista guardou pra ele. Um dos colegas é o protagonista do teatro escolar; será que ele não poderia simplesmente ter dito não bem antes? Eles vão à escola, encontram a menina boazinha da trama que lhes dá uma desculpa esfarrapada pra estar ali e logo se veem presos no labiríntico prédio, com uma assombração perseguindo-os.
Daria um slasher film bem legal, mas optou-se pelo formato dos found footage films. Talvez por ser moda, talvez por ser mais barato, afinal, se não há dinheiro pra efeito especial, basta zoar a imagem e o som fingindo que a câmera quebrou. Nos found footage films também estamos dispostos a relevar a estranheza de alguém apavorado ou morrendo empunhar câmera ou celular pra gravar tudo. Mas, esse perdão só ocorre quando o filme é decente. The Gallows pede demasiado prum filme medíocre: como acreditar que alguém trocou a bateria do celular pra continuar gravando sua própria correria desesperada pra se salvar?
A Forca tem reviravolta de trama que também se encaixaria como luva em slasher retrô. Mas estando num filme tão bobo, a implausibilidade grita mais alto do que o berreiro que os atores fazem pra fingir que há tensão na trama. Imagine que os pais deixariam de fornecer informações tão importantes aos filhos!
Se é pra ver found footage film, sugiro o muito superior The Bay, resenhado aqui.   

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