segunda-feira, 17 de agosto de 2015

CAIXA DE MÚSICA 179


Roberto Rillo Bíscaro

Giorgio Moroder é um dos progenitores da música pop contemporânea. Quando Brian Eno ouviu a disco music robotizada de I Feel Love, cantada por Donna Summer e produzida pelo italiano, correu a mostrá-la a David Bowie, dizendo que era o som do futuro. Não é pouca coisa ser respeitado por 2 figuras emblemáticas dos 70’s. O baixo gordíssimo e os sintetizadores de Moroder influencia(ra)m meio mundo, de Blue Monday, da New Order a faixas do mais recente trabalho da inglesa Little Boots.
Inventor da eurodance, eurodisco ou Italo Disco, dance, House, como queira chamá-la, Moroder ganhou Oscar com a pioneira trilha sonora de Expresso da Meia Noite e passou parte dos anos 80 papando Grammys, Oscars e produzindo hits. Pra citar algumas faixas oitentistas dele: Call Me (Blondie), Together in Electric Dreams (Phil Oakey), Take My Breath Away (Berlin) e as trilha sonoras de Flashdance e Footloose.
Pouco depois que a segunda metade dos 80’s começou, Moroder se aposentou e foi viver em estilo, casando, tendo filho, construindo apartamentos milionários em Dubai, jogando golfe e dirigindo carros caros. O septuagenário achava que estava esquecido e com a missão cumprida até que os franceses do Daft Punk convidaram-no prum depoimento no álbum Random Access Memories; sucesso espatifante que encetou um revival total de disco music e com isso a careira de Giorgio ascendeu novamente. Uma fila de gente como Coldplay, Lana del Rey e Lady Gaga queria ser produzida pelo ex-bigodudo, que também passou a discotecar pra 30 mil pessoas.
Convém escutar a produção setentista de GM pra perceber sua importância pra sonoridade atual. Saca só este tributo:


Ele deixou o bigode crescer novamente e lançou trabalho em junho. Dèjá Vu merecidamente encabeçou a lista de mais vendidos da Billboard na categoria dance/electronic. Não traz novidade (e nem precisa com o CV do cara!), mas, apesar de ter os elementos que elevaram Giorgio à categoria de divindade pop não soa datado, como se produzido no auge de seus 30 e poucos anos.
A dúzia de canções divide-se entre instrumentais, como 4 U With Love, La Disco e 74 Is the New 24, onde os vocais manipulados (será que dele?) e o baixão poderoso remetem a clássicos como o álbum postado acima. Mas, esses elementos estão imersos em sonoridade bastante atual. As canções com vocal trazem convidados de peso, como Sia, cantando a infecciosa faixa-título, com seu vocal mistura de Amy Winehouse com Eartha Kitt, que dá vontade de sair pulando como se ouvíssemos uma faixa da trilha de Flashdance. Kylie Minogue é viagra natural em Rigth Here, Right Now: há tempos faixa tão sexy não despontava. Electrofunk com baixo e guitarrinha inquietos e fogosos. Toda vez que La Minogue canta “till the skies ain’t blue”, alguém goza. Britney Spears nada acrescenta a Tom’s Diner, mas daí, ela já acrescentou algo a alguma coisa? O teclado de Don’t Let Go e a interpretação de Miky Ekko (quem?) levam diretamente à Italo Dance de meados dos 80s.
Não há faixa fraca ou chata em Dèjá Vu; retorno do Mestre em plena forma e charme. Junto com o Kraftwerk (que GM sempre diminui quando pode), ele é responsável por muito do que amamos ainda hoje. Não haveria Skrilex ou Hot Chip sem esses europeus. Só por isso, esse álbum deveria ser ouvido.


Colcaram essa delicinha cremosa no Youtube, obaaaa!

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