terça-feira, 4 de agosto de 2015

TELINHA QUENTE 171

Roberto Rillo Bíscaro

Cada geração/década tem nomes que aparecem tanto na telinha como produtores ou criadores de séries, que os memorizamos sem saber quem são, mas dos quais jamais esqueceremos, porque lemos tantas vezes. Os atuais jovens espectadores de Scandal, Grey’s Anatomy e How to Get Away With Murder, dentre outras, sempre terão o nome Shonda Rhimes no subconsciente.
Senhor de meia-idade, tenho nomes acumulados até que o alzaimer nos separe, como Gerry e Sylvia Anderson, casal inglês que produziu diversas séries de ficção-científica pra crianças nos anos 60, como Thunderbirds. Detestava-as, porque eram com bonecos e eu os achava repulsivos, mas como não havia tanta opção no seletor de canais em meados dos anos 70, esperava que acabassem. Por isso, decorei os nomes e cantarolo sempre o começo da canção que encerrava Stingray: “Marina, aqua marina...”  (acho que essa Marina era muda...) 

Como os Andersons criaram Espaço: 1999, a primeira série de que me lembro ter seguido, vi os 26 episódios de UFO, criados e produzidos pelo casal entre 1970-71. Com atores e pra adultos, não haveria perigo de detestar como as de bonecos. Realmente não desgostei, mas também não gostei. O ritmo é lento demais por convenções da época e restrições orçamentárias. Muito patati patatá ao invés de ação ou histórias inteligentes. Além disso, vários episódios nem são sci fi. O que me interessava ver como o casamento do Comandante Straker se desintegrou ao longo de todo um episódio? Já sabíamos que fora por falta de atenção à esposa devido a seu trabalho na SHADO; de que mais era preciso?  Fãs usam o conteúdo humano de UFO como um de seus pontos fortes. OK, pra mim deu no saco.
Alienígenas duma raça e planeta nunca nomeados querem usar a Terra como campo de colheita de órgãos pra suprir seu mundo moribundo. Premissa muito legal e até sombria demais pra colorida TV da virada dos 60’s pros 70’s (os blasers fúcsia sobre camisas laranja/verdes e os cabelos roxos das moças na Base Lunar são achados psicodélicos; aquele povo tomava ácido demais!). Curioso que nos anos 80 – época em que se passa UFO – várias dessas cores estiveram na moda! 
Hoje nem precisaria de ETs como traficantes de órgãos, mas UFO, especialmente nos derradeiros episódios, tentou tramas com conteúdo sci fi mais instigante, mas já devia ser tarde demais pra garantir segunda temporada. Concordo que temas e referências incomuns pra TV da época mereçam ser reconhecidas, como presença de negros, alusão a consumo de drogas (um dos episódios deixa a impressão de que as visões de Straker podiam ser resultado de alucinógenos) e até a pioneira preocupação com lixo espacial ou a não punição duma personagem que planejara eliminar o marido, porque revelar o plano da megera colocaria em risco o segredo da SHADO. Mas, uma série tem que primordialmente nos entreter e UFO por vezes entedia.
O melhor é o tema de abertura, super Swinging London. Como o Jive Bunny deixou passar isso nos 80’s pra transformá-la em acid house pra dançarmos, como fizeram com a musiquinha de Hawaii 5.0? Outra coisa maneira é o cabelão loiro tingido (depois perucado) de Ed Bishop, ator ianque que interpretou Straker. Será que Paul Weller se inspirou nele? Tão mod. E aquele povo fumando até charuto em ambiente fechado de base lunar? O carro que abre a porta pra cima e que tem hora que até eu vi alguém levantando a porta ou fitas adesivas tampando alguma dano. Os aliens que querem conquistar um planeta enviando no máximo 3 naves por vez. O avião que levanta voo como o Sea Harrier, sucesso no início dos 80’s na Guerra das Malvinas.
Enfim, quem curte vintage terá no que se interessar/fixar, mas pra quem está atrás de uma boa série de alienígenas invasores do passado, não posso deixar de dizer que Os Invasores é muito superior. David Vincent rules!

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