domingo, 3 de março de 2013

CROCHÊ DA SUPERAÇÃO

“Homem do crochê” uma história de superação

Se você tem como caminho diário a Avenida JK, já deve ter notado que ali, quase sempre na parte dos canteiros, tem um homem fazendo crochê. Um trabalho manual geralmente desempenhado por mulheres, se tornou o ofício e ganha-pão de Marcos Ziemann.
 Natural de Cruzeiro do Oeste, Marcos, hoje com 40 anos, já passou por muitas coisas em sua vida. Divorciado, tem um filho de 20 anos e há quatro meses reside em Foz. Antes, como contou ao Cidade Foz, morou em vários lugares.

 Entre idas e vindas, a Terra das Cataratas por quase dez anos, é o lugar para onde Marcos sempre volta.
 A história
 Um homem como Marcos desperta curiosidade, não? Convidamos você a conhecer um pouco da história dele, um misto de perseverança, sonhos e esperança.
 Desde muito cedo, ainda criança, começou a trabalhar para ajudar no sustento de casa. Aos sete anos deu início como vendedor de sorvete. Depois foi cobrador, guarda-costas, enfim, desempenhou outras profissões até que o alcoolismo deu outro rumo a sua vida.
 
O interesse pelo crochê surgiu quando era detento no interior de São Paulo. Marcos conta que o álcool e as drogas acabaram com tudo o que tinha. Quando se viu sem nada, começou a praticar assaltos para sustentar o vício. “Eu fazia muita coisa errada, bebia, dava vexame, humilhava a mim e as pessoas, e no outro dia eu acordava arrependido. Sempre pedia a Deus para que me ajudasse, até que fui preso. Ali, onde não existia drogas, álcool e prostituição, tudo começou a mudar. Mesmo tendo alguns anos para cumprir, eu só agradecia a Deus”, desabafa.
 
 Ele conta como estar dentro de uma penitenciária é difícil, principalmente pelo tempo, que parece não passar, “tudo é muito lento”. Ao ver outro detento fazendo crochê, decidiu que ocuparia o tempo com a mesma atividade. Foi a partir daí que a paixão surgiu, e segue há 16 anos.
 “É um trabalho que mexe com o ego. Ao terminar uma peça, as pessoas começam a elogiar e isso fica na minha mente como algo bom, criado por mim. Porque no mundo do crime, você faz coisas ruins e feias. Em contrapartida, comecei a aprender algo que resultou em elogios. O processo é lento e difícil. Ainda estou evoluindo, é uma luta diária, espero ser bem melhor do que sou. Acredito que estou no caminho”.
 

Reconstruindo a vida

Durante o tempo em que esteve preso, ele terminou o ensino médio e passou a gostar de ler. Através da leitura, apaixonou-se por Filosofia.
 Em março, vai realizar uma prova seletiva para o curso de pré-vestibular da Unila, e almeja fazer a prova do Enem para com bolsa integral fazer um curso de graduação.
 “Meu objetivo é ser, porque quando era ter, tive a “dor de cabeça, né?! brinca. Então, ser melhor todos os dias, e me capacitar intelectualmente para quem sabe um dia, dar aulas, compensar toda a inutilidade da minha vida até agora e lá na frente ser motivo de orgulho para meu filho”.
 http://www.cidadefoz.com.br/a-virada-homem-do-croche-uma-historia-de-superacao/

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