segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CAIXA DE MÚSICA 91


Porto Alegre - faixa de Tulipa Ruiz no disco-tributo Mulheres de Péricles – agradou tanto, que compõe a playlist permanente no notebook e seleção especial pra viagens e passeios no mp3. Descobri que a cantora disponibilizou o segundo álbum de graça em seu site. Não podia perder a chance de me entrosar com a nova geração da música popular brasileira. A gente envelhece e perde a sintonia com a novidade. Não é bom.
Gostei do segundo trabalho da paulistana, que traz um novo conceito de MPB pra 40tões acostumados ainda com o indianismo e as facas amoladas dos anos 70 de Minas. Novo porque agora vem influenciada e misturada com psicodelia, britpop e letras nas quais o inglês está em perturbadora simbiose com o português. 3 títulos são no idioma de Paris Hilton: Like This, OK e Script. Sem contar os “fake” e “superplugada” que povoam as canções. Nós, classe média “isclaricida”, estamos colonizados em excesso?
Urbanas, universitárias e pluri-identitárias, as letras pertencem ao mundo literário pós Caê, irmãos Campos e Arnaldo Antunes, cantadas com aquele erre de certa fração da classe média paulistana. Certo crítico destacou isso como peculiaridade da cantora. Será que ele vive sob uma pedra e nunca escutou gente da paulicéia? Basta ouvir o coral masculino cantando as aliterações de Quando Eu Achar.
Tulipa canta bem e não tem pudor em experimentar com a voz. No blues esganiçado de Víbora, a gente torce pra ela amadurecer logo e perceber o valor da parcimônia e seus limites. O clima britpop de Like This lucraria sem a revoada de maritacas.  
Dois Cafés, dueto com Lulu Santos tinha tudo pra ser grande, com seu clima carnavalesco e sua guitarrinha referindo-se ao estilo californiano-havaiano do veterano oitentista e letra sobre jovens lutando por um lugar ao sol. Mas, parece que as vozes jamais duetam; a impressão é de que cantam juntos, mas separados (superplugado na geração das salas de chat!). E Lulu soa contrito, nunca decola. Gostosa canção, mas poderia ser bem mais.   
Esses senões não comprometem a qualidade de Tudo Tanto. Destaque pra abertura titânica de É e pra opulência orquestral de Desinibida, sublime pra ouvir em fone de ouvido e viajar na tapeçaria instrumental e nos vocais apropriados. 

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