sexta-feira, 5 de março de 2010

LEMBRANDO DOS HOUSEMARTINS


Em 1987, passava férias do trabalho em casa dum tio em São Paulo. Fazia isso desde guri. Quando mais jovem, via muita TV pra aproveitar a maior quantidade de canais do que a que havia no interior. Na adolescência e juventude, preferia escutar algumas FMs paulistanas pra ficar por dentro das novidades do rock/pop inglês, sobre o qual lia numa famosa revista de musica da época. Ouvia umas 2 ou 3 estações apenas; só as “alternativas”, nada dessas rádios que tocavam o hit parade!

Certo dia, ouvi uma canção chamada Me and the Farmer. Foi paixão instantânea. Recém-órfão dos Smiths, que se separaram naquele ano, babei pelo curto e rápido rockinho e pelo vocal delicado. Melodia grudenta, levada por baixo, bateria e guitarra. O nome da banda: Housemartins. Lembrei-me de que já lera o nome na revista de música que assinava; haviam estado nas paradas de singles e álbuns independentes inglesas. Em 1987, isso pra mim era sinônimo indiscutível de qualidade!!

Enquanto permaneci em Sampa, não ouvia outra estação de FM a não ser aquela que tocara Me and the Farmer pra poder escutá-la tantas vezes quanto pudesse.

Fiquei meses sem ouvir a canção novamente porque o álbum demorou a sair no Brasil. Creio mesmo que só foi lançado em 1988, pouco antes duma canção dos Housemartins estourar nas rádios do país todo, porque foi tema da novela Bebê à Bordo, da Globo. Era a balada Build, que ficou conhecida como Melô do Papel, na época.


Quando os Husemartins estouraram no Brasil, a banda já não mais existia; desintegrara-se poucos meses antes. O vocalista Paul Heaton adicionou alguns elementos mais sofisticados de jazz pop e formou o Beautiful South, popular na Inglaterra nos início dos anos 90. O baixista Norman Cook estava interessado em dance music. Primeiro fundou o Beats International, que lançou um par de álbuns criticamente aclamados e depois partiu pra discotecagem e remixagem solo, transformando-se no todo-poderoso Fatboy Slim.

Ao longo das décadas, jamais esqueci dos Housemartins e frequentemente ouço os 2 álbuns e a coletânea de singles e raridades, que constituem seu legado. Injustamente acusados de cópia ou derivativo dos Smiths, os meninos da pequena Hull eram mais do que isso. Embora as guitarrinhas jangle e os vocais evoquem por vezes os garotos de Manchester (especialmente no primeiro álbum), os Housemartins tinham elementos de Motown e gospel que não eram proeminentes nos Smiths. Isso sem contar as ácidas letras abertamente mais pró-trabalhistas do que as de Morrissey (não direi mais anti-monarquistas porque os Smiths tem um álbum chamado The Queen is Dead!).

É justamente o assombroso impacto e influência dos Smiths na música pop há mais de 25 anos, que fizeram com que os Housemartins caíssem num semi-esquecimento injusto. Ninguém tira de Morrissey, Marr, Joyce e Rourke o cetro de guardiões do guitar pop numa era infestada de sintetizadores. Deus os abençoe por isso!

Entretanto, não podemos esquecer dos momentos divertidos e politicamente antenados proporcionados por 4 garotos ingleses de aparência tão comum, tão cotidiana, o quê aliás, era parte refrescante da postura da banda, nos cabeludamente armados e gelidificados anos 80...

Quem viveu a década de 80, que relembre. Quem é jovem demais, que conheça. Mas, não podemos deixar que caiam no esquecimento.

Um comentário:

  1. Obs. Só soube dessa matéria agora, rs !!!
    Poxa, eu não vivi muito na década de 80: Só 3 anos da minha vida! Não sabia que os Housemartins tinha mais sucesso e como foi sua vida também. Só conhecia a do Melô do Papel...
    Legal a matéria!
    bjs

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