segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

CAIXA DE MÚSICA 251

Resultado de imagem para bruno mars 24k magic
Álbuns se empilham desde agosto e o hiato de quase 1 mês sem postagens não melhorou a situação, então, vamos pruma trilogia! O elo é serem trabalhos que bebem na saborosa fonte oitentista, a favorita deste blog(ueiro).

DIANA foi formado em Toronto, em 2010, por Joseph Shabason e Kieran Adams, que logo adicionaram a vocalista Carmen Elle no projeto que era pra ser só de estúdio. Interesse pelo material disponibilizado no Soundcloud estimulou apresentações ao vivo e desde então o grupo vem excursionando pelo hemisfério norte. Em 2014, saiu o LP de estreia, Perpetual Surrender e dia 18 de novembro, a dezena de canções de Familiar Touch.
O toque familiar do título será sentido pra qualquer (sobre)vivente/amante dos 80’s: a voz de fadinha falsamente gélida de Carmen flutua por cima de arranjos synthpop. Confession abre com percussão sintetizada pesadinha de linha de produção à Depeche Mode, fase People Are People, mas cedo arrefece numa linda melodia pra Elle flanar, com muito acontecendo nos teclados. Essa ocupação tecladística é um dos charmes de Familiar Touch: quem leva a batida de Moment Of Silence é a percussão, deixando o teclado livre pra criar. Muito bom ouvir esse álbum com fones de ouvido pra perceber isso em várias faixas, além das influências talvez até nem intencionais de grupos hoje esquecidos pela maioria. Momentos de Moment Of Silence não lembram The Promisse, do Arcadia? Aliás, esta está presente também em Miharu, que igualmente evoca Clouds Across The Moon, da Rah Band. Arqueologia oitentista; não é totalmente delícia? Os backing vocals e a percussão estereotipadamente “negros” de Miharu retomam a velha contradição do synthpop: vocais gélidos em cima de instrumentação suingante e orgânica. Sinta-a também em Slipping Away, gostosura dançável com voz de cristal gelado, mas guitarra afogueada à Chic e teclado oriental. Fãs de The Bird And The Bee e Chvrches podem tentar DIANA sem receio.


Nunca pensei que ouviria LP do Busted, mas o fiz com Night Driver, lançado em 25 de novembro. O trio formado por James Bourne, Matt Willis e Charlie Simpson, em 2000, gerou um par de álbuns bem-sucedidos na sua nativa Grã-Bretanha, onde seu pop-punk (ugh!) mela-calcinha estampou muita capa de revista teen. Plutonicamente distante do que me interessa, já esquecera da boy band muito antes de sua dissolução em 2005. Qual não foi minha surpresa quando soube que lançaram álbum calcado nos 80’s! Os caras agora são 30tões, mas pus-me a imaginar que público tencionavam atingir, porque nós 50tões oitentistas talvez não liguemos pra eles, pois temos o original e sua geração é jovem demais pra que essa sonoridade tenha valor afetivo. Seja o que for, Night Driver atingiu o 13º lugar na parada inglesa.
Enquanto DIANA envereda pela seara indie (sem perder acessibilidade), essa versão do Busted abraçou a produção polida do AOR oitentista: Out Of Our Minds, One Of A Kind e I Wil Break Your Hearts foram cuidadosamente planejadas pra serem ouvidas num passeio por freeway californiana. E não é que Night Driver foi produzido em Los Angeles e até o logotipo do trio lembra o design ianque dos 80’s? Tem bateria eletrônica, bastante sax, power ballad (New York) pra cantar no show com celular aceso, porque isqueiro lembra cigarro e esse hábito é coisa daqueles primitivos anos 80! A faixa-título nos faz dançar como Hall & Oates, circa 1984. É isso; Night Driver soa como delícias esquecidas como Go West, Glass Tiger; até Toto. É como ouvir FM comercial nos meados da Melhor Década. Até os vocais de vez em quando lembram Hall & Oates e Sting. De mais moderninho, só On What You’re On, mas nos termos retrô do Daft Punk ou Capital Cities: tem solaço de sax e vocoder, mas é hip, porque tem o feeling neandertal do atual pop-cabeça, sem soar neandertal. Kids With Computer tenta vibe mais electro-modernete também, com Autotune e tudo, mas sei lá, me veio sensação Kim Wilde early 80’s na cabeça... Felizmente, o passado pop punk (ugh!) só é detectado em 2 faixas: Easy tem aquela vozinha enjoativa de muito do subgênero, mas o arranjo é pop-roquinho bem diluído, baladinha mesmo, porque afinal, agora aquela geração de teens é trintona e barulho já chega o que fazem os filhos. Coming Home, a faixa de abertura, parece apontar prum álbum mais roqueirinho, mas a enxurrada de teclados avisa que o passado “acústico” foi enterrado. Depois dessa deletável abertura é que vem delícias como Without It, com faceless mid 80’s de Cutting Crew e refrão grudento. Mas, aí está a questão: por quanto tempo?


Um dos queixumes/elogios mais constantes sobre a seção de música é que tem muito artista antigo/que ninguém conhece. Ambos argumentos me agradam, porque o blog não tem porque falar daquilo que a grande mídia já se encarrega de veicular à diarreia. Nesta edição, todavia, daremos espacinho pro superastro da atualidade Bruno Mars, que com seu 24K Magic, lançado dia 18 de novembro, também leva o ouvinte pruma viagem não apenas aos 80’s, mas às 2 décadas que lhe fazem fronteira.
A faixa-título é delírio eletrofunk totalmente início dos anos 80. Obrigado Daft Punk por tornar essa sonoridade retrô fashionable novamente. É uma paulada, que vem no mesmo estilo, embora com um tiquinho menos de BPMs, na faixa seguinte, Chunky, que assentaria confortavelmente num álbum oitentista de Jocelyn Brown ou Evelyn ‘Champagne’ King. Diz que Mars começou imitando Elvis. Ele devia fazer isso muito bem, porque a emulação de James Brown, em Perm, é de destruir cadeiras e incendiar genitais. Super funk anos 70, mas quer coisa mais anos 80 que permanente?
A velocidade de 24K Magic decresce a partir daí, mas nunca a qualidade, numa produção densa e cheia de detalhes. Versace On The Floor é balada sensacional, pleno 1986, enquanto as também lentas Straight Up And Down e Finesse avançam pra primeira metade dos 90’s; nesta última Bruno modula a voz como doido, provavelmente o ponto vocal mais elevado.
Com suas letras bem-humoradas/boladas e repletas de ostentação, 24K Magic é pura magia.

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