quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

TELONA QUENTE 179

Resultado de imagem para rua cloverfield 10
Roberto Rillo Bíscaro

Demorei meses pra me animar a ver Rua Cloverfield, 10. Mesmo ciente de que não era sequência do excelente Cloverfield (2008), mas “sucessor espiritual” (WTF?), segundo a produtora Bad Robot, temia a inevitável comparação com o primeiro. Excesso de zelo, porque esse thriller-sci fi-survival-(e mais um subgênero que se contar estrago a surpresa pra quem não viu)-film é bem eficiente em seu 2 primeiros terços e no último até perde um pouco da graça, mas conecta a película ao universo de Cloverfield e abre espaço e imaginação pra continuação atrás de continuação.
Michelle briga com o namorado e, como de costume, perante adversidade, a jovem foge. Na estrada, sofre grave acidente e ao acordar descobre estar encerrada num porão. Seu captor é Howard, ex-mariner, com muitos parafusos a menos. Ele lhe explica que o mundo fora invadido por russos ou marcianos e tudo estava contaminado. Como não sabemos se é verdade, a identidade de Howard permanece dúbia, porque embora maluco, prepotente e intempestivo, ele pode ter realmente salvo a vida de Michelle. Um jovem coabitante corrobora a história, mas o modo como ele trata os companheiros como prisioneiros e imagens exteriores de céu azul problematizam sua versão.
A dinâmica entre as 3 personagens no bunker é o melhor de Rua Cloverfield, 10, que em alguns momentos remete a paródia de sitcom de família feliz, porque o cenário lembra bastante esse bem-humorado subgênero ianque e há sequência em que os 3 parecem estar se divertindo às pampas ao som de I Think We’re Alone Now – minina, tô passado, o original não é da oitentista Tyffany!
Mas, a tensão é perene, porque Howard é instável demais e claramente guarda um segredo, além de um barril de poderoso ácido. A situação faz com que Michelle cresça como personagem, à moda da arquetípica Ripley, de Alien, O Oitavo Passageiro (1979). O moço só serve mesmo pra temperar a tensão entre Howard e Michelle, habilmente interpretados por John Goodman e Mary Elizabeth Winstead. Nossa, que estranho ver o Fred Flintstone de pirado!
Há uma ou outra barbeiragem, tipo o ácido derreter metal, mas quando tiozão cai de cara só aparecer machucado periférico, mas de modo geral, tudo é bem feito até a resolução (ma non tropo), que, não estraga o filme, mas leva-o prum caminho que particularmente não me interessa tanto, numa linha mais pra sci fi de luta, que de científico tem pouco; é desculpa pra porrada mesmo.
Não possui o vigor criativo do primeiro filme e nem sei se vai me interessar, caso siga na linha apontada pelo final, mas Rua Cloverfield, 10 ainda dá bom caldo nessa nascente possível mitologia. 

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