segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 353

Roberto Rillo Bíscaro

A estreia de Judith Hill teve as bênçãos de ninguém menos que Prince, que participou do processo de criação e execução de Back In Time (2015), resenhado aqui. A norte-americana não parou de se apresentar, mas não lançou nada durante três anos. Em entrevista, contou que a morte de seu mentor e amigo ainda lhe dói e foi um dos motivos pela ausência de lançamentos.

Dia 13 de novembro, finalmente, saiu seu segundo álbum, Golden Child, que intercala canções de cunho pessoal com letras sobre a necessidade de união, nesse planeta tão cindido. Demonstrando amadurecimento como compositora, o que chama mais a atenção, porém, em termos técnicos, é a extrema elasticidade do vocal, que pode ir do cristalino gorjeio etéreo à Minnie Riperton, no urban soul de Chasing Rainbows à voz raspada à Janis Joplin, no blues-rock de I Can Only Love You By Fire. De uma faixa a outra, parece que há intérpretes distintas.
Sua Majestade Púrpura informa o funk de You Can’t Blame Me, desde os arranjos aos vocais e ao infeccioso riff. Não que seja cópia, é que Prince influencia meio mundo há décadas; não tem muita escapatória. A porção funk do álbum é deliciosa e conta ainda com grandes faixas como The Pepper Club e a setentista Gipsy Lover. Queen Of The Hill também é funkeada, mas com a produção mais contemporânea do álbum, com vocais altamente processados.
Os tributos ao Rhythm and blues são prestados com Hey Stranger e a balada-bluesy Irreplaceable Love. E é com uma espécie de power-ballad oitentista, empoderada com coro gospel, que Hill fecha Golden Child: sonicamente, We Are One não tem muito a ver com o resto do material, mas o clamor por unidade da letra, resume tematicamente um trabalho que demonstra bem o crescimento de Judith Hill como compositora e intérprete.

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