sábado, 15 de abril de 2017

DOCUMENTÁRIO ALBINO EM CUIABÁ

Documentário mostra dificuldades e superações vividas por albinos em Cuiabá

Intenção da diretora é dar visibilidade a quem tem albinismo.

Um documentário  mostra as dificuldades e superações vividas por albinos na capital mato-grossense. A obra, 'Filhos da lua na terra do sol' tem duração de 20 minutos, foi produzida em 2016 e dirigida por Danielle Bertolini.

"Quis dar visibilidade à pessoa albina porque eles estão relegados na sociedade. Muitas pessoas não têm noção do que as pessoas albinas passam. Mas o mais importante é a superação, a força de vontade que eles têm, de a cada dia fazer algo que eles teoricamente não conseguem, como alguns tipos de trabalho. E, principalmente, ter uma alegria de viver nessa condição de ser albino, e gostar do que eles são", disse a diretora em entrevista à TV Centro América.

O albinismo é uma condição causada pela deficiência na produção de melanina devido a uma condição causada pela genética. A pele e os olhos não têm pigmentação, ou tem bem pouca. Além de dar o tom da pele, a melanina é uma produção natural contra a radiação solar. A visão dos albinos também é afetada.

Dois dos albinos mostrados no documentário são o agente de endemias Hélio de Almeida e a técnica judiciária Laudisseia Figueiredo. Ambos funcionários públicos, eles dizem que precisam usar protetor solar constantemente e procuram sombra para se proteger do sol, que agride a pele e os olhos delicados de quem tem albinismo.

“Procuro lugar com sombra para andar na rua, procuro usar uniforme com camiseta de manga comprida para sair”, disse Hélio. "Protetor solar para nós é como se fosse um remédio", disse Laudisseia.

Os familiares de agente de endemia e da técnica judiciária não tinham muito conhecimento sobre a doença. Hélio relembrou um episódio em que, na casa de parentes, passaram óleo de bronzear nele, com a intenção de mudar a cor da pele. "Passou 11h, meio dia quase e eu não aguentei de desespero. Graças a Deus não aconteceu nada de anormal, de insolação", contou.

“Falaram para a minha mãe que eu tenho albinismo e deficiência visual. Ela percebia que eu não enxergava direito, mas nós não tínhamos conhecimento do termo deficiência, das pessoas com deficiência", relembrou Laudisseia.

Por causa do albinismo, tanto Hélio como Laudisseia têm a visão limitada. Ainda assim, os dois conseguiram estudar e passar em concursos públicos. No caso da servidora, que trabalha no Tribunal Regional do Trabalho, foram feitas adaptações. A sala em que ela trabalha tem quatro lâmpadas, mas só duas ficam acesas. Ela também usa uma lupa com ampliação de 15%.

“A lupa permite eu fazer leitura de letras pequenas. Tenho também uma smart TV de 32 polegadas, meu teclado é especial e se eu preciso de ler alguma coisa, tenho suporte para colocar o livro. A impressora fica mais próxima de mim também”, disse Laudisseia.

No caso de Hélio, como ler por muito tempo é um desafio, a solução foi prestar mais atenção às aulas. "Eu ficava muito atento com a apresentação dos professores, com aquilo que eles iam passar. Lia alguns capítulos, mas o livro todo, não. Porque eu não consigo ler. Se eu leio duas ou três páginas, o olho já embaça”, explicou.

Os albinos tentam formar uma associação em Mato Grosso. Para a médica Otília Teófilo, que acompanha um grupo em Cuiabá, a organização vai ajudar na conquista de direitos. “Eles precisam de dar visibilidade para o albino e suas necessidades. Então, por exemplo, tem que ter facilidade para ser atendido pelo médico de vista, pelo médico de pele, com frequência, regularmente”, opinou.

Para quem tem albinismo, o pedido é para que a sociedade tenha mais conhecimento sobre eles. “O que eu penso é que para quem não conhece o albinismo, procure melhor conhecer, procure conhecer a baixa visão. Um pouquinho mais de respeito”, disse Hélio.

Nota do Dr. Albee: No link abaixo, você encontra também uma ótima reportagem da Globo Mato-Grosso.

 

Um comentário:

  1. Sou albino,e achei fenomenal a iniciativa da cineasta Daniele Bertolini em abordar o tema. Como ela mesmo colocou somos "relegados" na sociedade, vivemos com muitos deveres, porem sem direitos vitais para a nossa boa vivencia como ser humano praticante de politica como somos através das nossas ações. Parabéns pela coragem de abordar um assunto tão negligenciado pela sociedade.

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