segunda-feira, 29 de maio de 2017

CAIXA DE MÚSICA 267

Resultado de imagem para niia I
Roberto Rillo Bíscaro

Niia Bertino nasceu no estado de Massachusetts, em 1988, em uma família musical. Sua mãe é cantora de ópera e a treinou em piano clássico; diversos parentes frequentaram a prestigiosa Julliard School of Music, em Nova York. Niia também migrou pra Grande Maçã, assim que se livrou do ensino médio. Estudou jazz e começou a fazer apresentações, dentre elas uma temporada reinterpretando os maiores sucessos das trilhas-sonoras dos filmes do 007.
Tarimbada ao vivo com shows ao redor do globo e aparições em programas badalados de TV, como os de David Letterman e Jimmy Kimmel, Niia lançara apenas alguns singles elogiados e um EP. A falta de um LP foi suprida com o lançamento de I, pela major Atlantic, dia 5 de maio. São 12 faixas luxuosamente produzidas pelo dinamarquês Robin Hannibal. Apresentando sonoridade de urban soul contemporâneo salpicado por trip hop e sophistipop, I não decepciona, embora evite voos mais altos.
Sequiosos por som chique, gozarão com a abertura urban soul de Hurt You First, a canção sobre vingança que te fará esquecer de bolar planos, porque estará ocupado demais fazendo poses. Niia por vezes soa como pós-Sade genérica em canções deslizantemente esbeltas como Girl Like Me e Day & Night. Há quem dirá, porém, que está mais pra sub-Yuna, em California. Laços: Robin Hannibal produziu diversas faixas da malaia. Niia precisa ainda de um tempinho pra encontrar personalidade própria no mundo das gravações.
Também precisa aprender a não convidar gente com voz mais rica. O jazz trip hop de Sideline aparece duas vezes. Niia manda bem, mas a versão que fecha o álbum é um dueto com Jazmine Sullivan, cuja voz modula muito mais e melhor. Na balada All I Need é onde o vocal de Niia voa mais alto, graças à discrição do arranjo de piano e cordas. Quem curte soul anos 70, meio Phily Soul, não se decepcionará com Constantly Dissatisfied, que também agradará a nova geração, porque a produção é de hoje. Last Night In Los Feliz é balada sóbria, sensual, quase com toques orientais no arranjo moderno e rico. Nobody é quase dançável, mas como transpirar não é gourmet, vai de midtempo mesmo pra pelo menos dar uma balançadinha.
O senão de I é que por vezes parece tímido e genérico demais e trechos como a extended-vinheta Mulholland não cabem nele. A peça é linda, parece trilha de filme, prova que Niia é pianista e tal, mas não tem a ver com o resto.
Estreia promissora e com potencial, muito agradável de se ouvir. Esperemos pelo próximo capítulo pra ver Niia desabrochar.

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