terça-feira, 7 de março de 2017

TELINHA QUENTE 249

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Roberto Rillo Bíscaro

Apreciadores de séries policiais velozes e furiosas, com tiras sorridentes de propaganda de dentífrico, felizes e contentes por resolverem seus casos, mantenham segura distância das 3 temporadas de The Fall (2013-16). Os 17 capítulos da coprodução anglo-irlandesa chegam a ser excruciantemente lentos, mas no seu melhor (as 2 temporadas iniciais) oferecem minucioso painel de procedimentos policiais e psicologia de personagens, emoldurado pelo gris de Belfast e representado por um elenco cuja água devia conter Prozac.
A detetive inglesa Stella Gibson é chamada pela polícia da capital norte-irlandesa para supervisionar as investigações sobre assassinatos de mulheres de cabelos negros na faixa dos 30 anos. Quase de cara fica claro que The Fall não se interessa em descobrir quem comete os crimes, porque Paul Spector é revelado como assassínio em série. A ênfase recai em vários comos: como ele será capturado, os efeitos que os crimes têm na vida de muitas personagens, como é o trabalho da polícia, não apenas o da captura, mas aquele mais tedioso de ser mostrado, como ficar de campana. Acompanhar os detalhes da operação Music Man (muitos personagens foram batizados com nomes de marcas de guitarra), tentar entender o funcionamento da cabecinha doente de Paul e perceber que outras cacholas são também muito enfermas, embora não se expressem da mesma forma, são o diferencial desta série de diálogos baixos e acabrunhados.
A terceira temporada peca um pouco pela redundância e poderia ter os mesmos 5 episódios da primeira. Além disso, o capítulo inicial parece mais ER (em câmera lenta, bem dito) do que thriller psicológico. Pela primeira vez há trechos chatos nessa fornada, ainda que o eletrizante final compense, porque toda a violência reprimida dos capítulos anteriores, inesperada e espetacularmente, irrompe numa sequência magistral.
Também foi nessa temporada que erros mais graves de roteiro aconteceram. Pruma série que pretendia ser o mais fidedigna possível à rotina policial e não apenas aos momentos espetaculosos, The Fall derrapa quando bota enfermeira trintona de longos cabelos negros pra cuidar dum psicopata que ataca mulheres com esse biótipo. De todo modo, é interessante também ver como é feita a construção do caso pra ser apresentado ao promotor, as maquinações da defesa (difícil pro espectador ficar ao lado desses advogados, porque sabemos da barbárie que Paul sabe engendrar).
No centro de tudo, Gillian Anderson (a Lady Deadlock, de Bleak House) e Jamie Dornan, que nesse meio tempo estourou no cinema com os 50 Tons de Cinza, por isso descontinuou sua participação em possível quarta temporada. Acertado; já começava a encher, embora o par esteja ótimo, assim, como o resto do elenco.

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