segunda-feira, 28 de março de 2016

CAIXA DE MÚSICA 211

Roberto Rillo Bíscaro

Há alguns anos, enquanto via o filme O Primeiro Que Disse, do diretor turco radicado na Itália, Ferzan Ozpetek, apaixonei-me pela canção 50mila, que mistura ferveção e melodrama num charme pop meio retrô, bem na tradição do pop italiano, uma vez muito popular em nossas rádios nos idos sess/setentistas.
A intérprete é Nina Zilli, que compôs o nome artístico com o sobrenome materno e o nome da cantora favorita: a norte-americana Nina Simone. Essa última escolha é pista importante pra sacar o álbum de estreia, Sempre Lontano (2010), confeito influenciado por pop italiano, jamaicano e ianque na trilha possibilitada pelo estrondoso sucesso da salada vintage da trágica Amy Winehouse. Há um single de Zilli no qual o cabelão parece o bolo de Wino e Il Paradiso, do álbum de estreia tem percussão Motown, mas oh oh oh fortão, da inglesa. Amy para sempre!
O aspecto mais gritante da verve de revisão passadista de Sempre Lontano é a regravação de You Can’t Hurry Love, clássico negro sessentista. A canção das Supremes veio em italiano, rebatizada de L’amore Verrai, mas está mais na linha da cover de Phil Collins, de 1982, do que do original. Uma delícia.
Sempre Lontano tem rockinhos tchap tchura superbem-comportados de bailinho como C’era Una Volta e Tutto Bene e reggae em italiano (Penelope) e inglês (No Pressure). E pra quem ama exagero luxuosamente orquestrado, a lenta L’uomo Che Amava Le Donne dará ganas de agarrar um microfone e se imaginar diva puro drama.
Zilli lançou outros 2 álbuns, mas decidi comentar sobre aquele que me introduziu seu trabalho; o resto é com vocês.

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