quinta-feira, 14 de agosto de 2014

TELONA QUENTE 97

Dobradinha Dinamarquesa

Roberto Rillo Bíscaro

2 filmes dinamarqueses, tendo em comum a presença do ator Søren Pilmark, em 2 registros bem diferentes. Conheci seu trabalho em O Reino, de Lars Von Trier, e agora conhecendo melhor sua produção.

Meu querido Bjarne Henriksen também está nos 2 elencos. A pequena Dinamarca não tem tantos atores assim!

 Em Lotto (2006), Pilmark é funcionário e homem de família correto e íntegro, mas que tenta levar vantagem quando ganha num bolão da loto. Ele tenta esconder o prêmio de seus coapostadores e pra isso tem que aumentar a bola de neve da mentira, chegando a inventar um câncer. Pra complicar mais, um dos colegas descobre a desonestidade de Jorgen e começa a extorqui-lo.

O que me interessou no filme não foi o tema do “dinheiro na mão é vendaval”, mas uma afirmação lida de um dinamarquês sobre a tão aclamada igualdade social de lá. O cidadão disse que os dinamarqueses tendem a olhar com maus olhos e alto controle social aqueles que de algum modo se destacam. Lotto lembrou muito essa reclamação, ao mostrar meios de se escamotear diferenças sociais. Não que se depreenda do filme que isso seja regra na Dinamarca, posto o casal amigo e chantagista não se furtar em ostentar (mas também ser mal visto por isso).
Sem ser engraçado – a não ser que você seja fã de Pilmark ou de Bjarne Henriksen – Lotto interessará mais a escandinavomaníacos. 


Kongekabale (2004) é um thriller político, que se nada traz de novo ao gênero, também não apresenta muito maniqueísmo na construção das personagens.
Poucas semanas antes das eleições gerais, o candidato já dado como vitorioso sofre acidente de carro. Segue-se internação sigilosa e total controle das ínfimas informações à imprensa.
Fora do hospital, Erik Dreier Jensesn manobra e manipula pra ser o novo indicado pelo partido ao cargo de Primeiro-Ministro, ao qual também concorre uma mulher.
O filme repisa o território do jornalista tentando salvar o país de cair nas garras dum político mau-caráter. Ainda bem que Dreier não é construído como um demônio. A própria adversária reconhece que ele é como qualquer outro político - o filme não escapa de generalizar a política como ato sujo e de dizer que a imprensa também o é, mas pelo menos dentro dela existe possibilidade de gente que luta pela “verdade”.
Clichês e idealizações a parte, Kongekabale prende o interesse e funciona como espécie de introdução à Borgen (embora os projetos nada tenham de aparentados), além de trazer um Pilmark sóbrio e sombrio.

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