sexta-feira, 8 de agosto de 2014

PAPIRO VIRTUAL 77



Roberto Rillo Bíscaro

Li meu segundo Nordic Noir, Paganinikontraktet (O Pesadelo na tradução pro português, lançada pela editora Intrínseca), segundo livro de Lars Kepler, pseudônimo dum casal sueco.
Uma jovem é encontrada morta num barco. Ela morreu afogada, mas como explicar que estivesse seca e na cama da embarcação? No dia seguinte, um funcionário graúdo responsável pelo controle das exportações de armas da Suécia – que diz ser neutra e amar a paz, mas está entre os 10 maiores exportadores de armamentos – é achado pendurado no teto de seu elegante apartamento. Pouco a pouco, a trama nos faz perceber a conexão entre os 2 ocorridos, aos quais muita carnificina é adicionada.
O detetive que literalmente sequestra a investigação é o finlandês Joona Linna, sabichão intuitivo um passo a frente dos colegas, no mais das vezes. Ele tem que aprender a trabalhar com uma parceira, Saga Bauer, dada a complexidade do caso, que envolve a segurança nacional do Reino da Suécia.
Com capítulos curtos e pluralidade de sub-tramas e personagens secundários, O Pesadelo diversas vezes tropeça no ritmo e perde o caminho dentro de seu próprio labirinto de ideias. Romances policiais têm que despertar comichão por leitura ininterrupta, mas isso é quebrado com demasiada frequência, tornando a obra irregular e com momentos que bem poderiam ter sido editados.
O relacionamento (?) de Joona e Disa não diz nada; a perseguição na floresta a um casal de namorados além de demorada culmina num encontro com uma celebridade esquecida de TV que os força a um jogo pretendido maluquete, mas que resulta apenas tolo. As constantes reminiscências sobre ativismo em Darfur chateiam pela procrastinação provocada. A ligação com música, Paganini e um vilão italiano que força a assinatura dum contrato (ao qual alude o título original) que se quebrado será pago com a realização do maior pesadelo do traidor é forçada demais. E o 50tão que só consegue dormir abraçado a uma garota com deficiência mental de 14?
Daria pra cortar um terço d’O Pesadelo e ficaria muito bom. Como está, é apenas mediano.  

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