quinta-feira, 22 de abril de 2010

GORBINO


É bom abrir a caixa e encontrar mensagens e emails parabenizando pela participação no Programa do Jô. Foi mais um importante passo no processo de visibilidade das pessoas com albinismo neste país. O teor dos comentários recebidos é sempre de estímulo e apreciação pela leveza, sensibilidade, otimismo e bom humor da entrevista.

Estou alegre por ter sido o representante da causa albina escolhido para o papo com o Jô. Tenho dedicado boa parte de meu tempo para a divulgação do blog e de nossas reivindicações desde fevereiro do ano passado. Não sou o único e nem o primeiro, por isso fiz questão de citar a APALBA durante o programa. Também há o trabalho da Madá com os albinos do Mato Grosso, o professor Nivaldo e a Ivany em Feira de Santana, Solange e Soraya do blog Albinos(as) do Nosso Nordeste, o pessoal do Rio de Janeiro e a Andreza Cavalli, no Orkut. Não pude citar todos, mas a luta não é apenas minha.

Assim como não é apenas meu o mérito de a entrevista ter sido o sucesso que foi.

Há algumas semanas, uma dermatologista foi entrevistada pelo Jô e, na platéia, havia um homem albino, o Márcio, de Minas Gerais. Postei o vídeo no blog e tive a idéia de pedir aos leitores que escrevessem á produção do programa sugerindo que uma pessoa albina fosse entrevistada. Afirmei que era hora de sairmos da platéia e irmos para o sofá do Jô, afinal, temos muito a contar. Tenho batido na tecla de que se não botarmos a boca no trombone, teremos bem poucas chances de sermos ouvidos. Muita gente sequer imagina que albinos passem por situação de preconceito. Isso é fruto de nossa invisibilidade perante a mídia e o poder público. Ainda bem que esse quadro está se alterando, graças ao trabalho nosso e do crescente número de aliados adquiridos ao longo do caminho.

Nem uma semana se passara depois de eu haver postado a conclamação pra escrevermos à produção do programa e eis que recebo ligação da Luciana, uma das produtoras! Sabem como ela me descobriu? Por meio do email da Ana Paula, seguidora assídua do blog. A mensagem de Ana foi mencionada por mais de uma pessoa da produção, portanto, cada vez acredito mais na participação coletiva. De nada adianta sentar e ficar chorando miséria: “ah, somos discriminados... ah, ninguém nos ouve..” Se não falarmos, como nos ouvirão? Uma andorinha pode não fazer verão, mas um email da Ana Paula nos colocou no radar dum dos programas de entrevista mais conceituados e vistos do Brasil. Todos podem fazer algo! Basta querer.

Depois do convite feito pela Luciana, fui pré-entrevistado, por telefone, pela jornalista Myrian Clark, a fim de checar se a história dava caldo para uma entrevista. Em pouco tempo, fui informado de que dava e o Dinho, outro produtor, entrou em contato pra me instruir sobre horário da gravação, transporte e afins.

Lugar comum afirmar que o pessoal da produção é extremamente profissional, mas, alguns lugares comuns não perdem vigência: são realmente super profissionais. Tudo funcionou como um relógio suíço (outro lugar comum!). Acima de tudo, porém, todos foram muito simpáticos e descontraídos. Nada daquele profissionalismo robótico com sorrisos plastificados. São gente de carne e osso, que conversam e riem. E eu adoro rir!

Falar de Jô Soares é complicado. Primeiro, porque cresci com seus programas humorísticos. Até hoje, solto um “muy amigo” de vez em quando, em referência a uma personagem argentina que ele encarnava na década de 80. Isso sem contar que era fã da atriz pornô Bô Francineide e do Capitão Gay, outras 2 personagens dele. Cheguei a comprar o compacto simples que tinha a canção-tema do Capitão Gay, creio que quando tinha uns 14, 15 anos. No lado B havia uma canção cujo refrão era “um croquete, era tudo o que eu podia pagar...”

Segundo, porque podem pensar que se eu o elogiar é puxação de saco... Mas, como cantava Elza Soares, “deixe que pensem, que digam, que falem!”

Só tenho elogios para entrevista, irrepreensível. Jô embarcou na piada inicial que fiz chamando-o de albino e até cunhou o neologismo “gorbino”, gordo albino. Ele sabe bem o que é ouvir comentários insultuosos e devo dizer que me identifico com ele: ele também usou a característica física que o destacava como “arma”. Não é à toa que usa o “beijo do gordo” e tinha um programa chamado Viva o Gordo. Foi um prazer enorme conversar com um cara tão ágil e bem humorado.

8 comentários:

  1. Robert,
    Acabei de ver a entrevista no site da globo.com realmente foi muito bom ver você representar os albinos com esse irreverência que só tu tens! Nós Penapolenses estamos por cima hein!? Em menos de 2 semanas dois grandes representantes da cidade no Jô.
    Com certeza colocarei um post no blog dê uma olhadinha.
    Abraços,

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  2. Dr. Albee, fico imensamente feliz por ter contribuído, de alguma forma, pela justa causa dos albinos. Creio que pessoas, como você, fazem realmente a diferença. Parabéns, boa sorte, e conte comigo.

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  3. O que eu penso, vc ja sabe. só tenho a agradecer o teu trabalho. Isso mesmo: deixe que pensem, que digam e que falem, como vc disse, me dêem mídia, hahahahahahaha. As pessoas com albinismo agradecem a visibilidade. Estamos incomodando? Eles ainda não viram nada, hehehe. Estamos juntos!

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  4. Dr. Roberto você está mudando nossa história: Estou me tormando um outro homem!(mais feliz, mais seguro, mais crente..Deus te abençoe meu querido.
    Miguel José Naufel

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  5. Seu Robert!!Adorei a entrevista!!Saudades das suas aulas!!Um beijãoo Priscila

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  6. Olá! Dr. Albee!!
    Meu nome é Nayara e sou amiga da Ana Paula. Ela sempre fala muito de você e seu blog.

    Fico muito feliz pelo apoio e conte comigo - também - para lutar do seu lado e dos muitos que sofrem com a intolerância de poucos.

    bjos
    nayarac.

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  7. Ola
    Nao sou albino mas sou talvez tao branco qto um! rs
    Adorei a entrevista no Jo! vc tem um humor incrivel!
    Parabens pelo belo trabalho!
    Felicidades!!!

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  8. Oi Roberto... Vi sua entrevista e foi muito legal. Parabéns por mais esta conquista, como você mesmo, tem que por a boca no trombone mesmo... Abraços...

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