sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O ELECTRO TRASH DE KE$HA


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Roberto Rillo Bíscaro

O universo pop funciona mais ou menos assim: um sub-gênero, moda ou movimento se inicia nalguma cidade tipo Londres, Chicago ou Nova York. No começo, apenas um grupo de “descolados” e “alternativos” conhece a novidade e a cena que a cerca.

Chances há de algum produtor ou músico pop suficientemente antenado perceber a nova tendência e a popularizar, geralmente tornado-a mais palatável a públicos maiores. Madonna, David Bowie e Malcolm McLaren são apenas 3 exemplos de artistas sempre ligados no que acontecia no underground, pra pegar os elementos que lhes interessavam e tornar a coisa toda uma nova moda ou febre em escala global.

Transformar elementos “alternativos” em popices mais acessíveis e dar escândalo são duas fórmulas quase infalíveis no universo pop. Essas 2 características constituem a espinha dorsal de Animal, álbum de estréia da norte-americana Ke$ha, que está despertando a ira dalgumas pessoas de “bom gosto”, que curtem apenas “pop de qualidade”.

A maioria das faixas tem influência de electro, utilizado do modo mais pop possível (basta conferir a faixa-título, ou o primeiro single Tik Tok, que estourou na vendagem). O objetivo é fazer canções pra adolescentes e ganhar muito dinheiro. Somem-se a isso, diversos maneirismos e recursos tipicamente anos 80, como o uso do vocoder, pilhagem duma certa atitude punk de butique (em Party At A Rich Dude's House) e toneladas de bobagem adolescente e teremos parte da fórmula de Animal, lançado em janeiro.

O escândalo fica à cargo da imagem de garota bebum e festeira, fartamente propagada por Ke$ha (viram que nome electro-rap??) nas letras de diversas canções e também na vida real, onde não faltam histórias de vômitos no closet da mansão de Paris Hilton. Ou seja, Ke$ha segue os passos das meninas “barra pesada” da Era da Super-Exposição, tipo LiLo (Lindsay Lohan pros não familiarizados com os tablóides britânicos...) e a própria Paris, claro!

Além das bebedeiras, há a letra sobre a menininha que quer transar com o professor de História (Mr. Watson) que tem traseiro gostoso e a deliciosamente atrevida Boots and Boys, sobre a garota que coleciona botas e garotos, porque ambos lhe proporcionam muito prazer. Tolices, tolices... “This shit is crazy” , a menina canta “profundamente” em VIP, faixa que não paro de escutar desde segunda-feira. Advertência: ouvi dizer que essa canção consta apenas da versão inglesa (ou não norte-americana) do CD, portanto, fiquem de olho! Por que cargas d’água as edições européias e japonesas são quase sempre mais legais do que as norte-americanas?!...

O inglês é pura gíria e coloquialismo teen. Muito “kinda”, “gross”... Indicado pra professores que ainda ensinam expressões como “a piece of cake” pros alunos! “This sucks” também pontifica Ke$ha em VIP!

Animal é pop trash premeditado até a medula, descartável como uma garrafa pet, e intoxicantemente delicioso pra ouvir no mp3 e dançar. De mau gosto, os escândalos de Ke$ha? Muito provavelmente, mas quem disse que me importo?

Um 40tão deveria estar ouvindo SuBo (Susan Boyle, pros não familiarizados com os tablóides ingleses...)? Não sei quanto aos demais, mas este 40tão aqui, não! NÃO MESMO! Como diria a própria Ke$ha, novamente na minha amada VIP: “no way, nuh, it’s not me... I wanna get a bit trashy… you can take your class, shake your ass and drown in that martini!

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