quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

LEITURA INCLUSIVA

As novas tecnologias da informação em sala de aula e as políticas inclusivas no cenário educacional brasileiro
Boletín REDEM04/02/2010

Uma reflexão a respeito da necessidade de se repensar a leitura no processo de inclusão do aluno com (e sem) deficiência visual
Saulo César da Silva


A leitura é considerada, na visão da Língüística Aplicada, como uma ação social na qual os falantes interferem em suas realidades, agindo uns sobre os outros. Esse conceito está relacionado com os estudos a respeito de letramento, particularmente pela pesquisadora Magda Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Em seus estudos, defende que os indivíduos de uma determinada sociedade, mesmo sendo analfabetos, no sentido tradicional, podem ser letrados à medida que têm contato com o mundo da leitura em diferentes contextos sociais. Isso demonstraria a sua importância como prática social, em detrimento ao conceito de leitura apenas como decodificação do signo lingüístico.
A presença cada vez mais constante da leitura no cotidiano social, com um volume intenso na troca de informações pelos mais diversos meios como: televisão, rádio, internet entre outros, exige um outro olhar sobre a importância a sua importância (e também a relevância da escrita).
Partindo dessa perspectiva, lanço uma reflexão a respeito da necessidade de se repensar a leitura no processo de inclusão do aluno com (e sem) deficiência visual, nos diferentes níveis da educação brasileira, com o uso das novas tecnologias da informação (TI) em sala de aula.
A partir de meados de 1990, com desenvolvimento dessas novas tecnologias, houve uma verdadeira revolução na realidade de sala de aula, pois o professor deixou de ser o "centro do saber", passando, então, a desempenhar um papel de orientador na busca de um conhecimento que está disponível para todos.
Portanto, levando-se em consideração que o avanço tecnológico está cada vez mais presente nas mais diversas tarefas cotidianas, atingindo cada vez mais diferentes segmentos sociais, não se pode ignorar sua presença na realidade escolar. É preciso reavaliar a eficácia de instrumentos pedagógicos tradicionais como, por exemplo, o quadro negro e o livro didático impresso.
Se para o aluno sem deficiência, o livro eletrônico (e-book) poderia se apresentar como uma ferramenta eficaz de inclusão escolar nesse novo contexto informatizado; por outro lado, os ganhos seriam inestimáveis para o aluno com deficiência visual, pois o livro eletrônico é uma das diferentes formas de livro acessível que está ganhando espaço no meio acadêmico há algum tempo. Agora começa a ser pensado na realidade dos níveis escolares: fundamental e médio.
Porém deve-se observar que esses recursos não substituiriam o uso do Braille para os leitores com deficiência visual, mas tornar-se-iam ferramentas complementares, ampliando-se, portanto, as possibilidades de instrumentos de leitura para esses alunos. Justifica-se isso, porque a impressão de livros em Braille, na realidade social e econômica do Brasil, ainda é muito custosa e restrita, realizada somente por algumas instituições especializadas como: a Fundação Dorina Novwil, na cidade de São Paulo.
Para que o leitor deste artigo, que ainda não conhece o que é um áudio-livro, disponibilizei trechos do livro que publiquei em dezembro de 2009, baseado em minha pesquisa de doutorado, cujo título é: Percebendo o ser: a manifestação das identidades sociais do aluno deficiente visual nas conversas sobre textos. Esses trechos foram organizados da seguinte maneira:
1- Dados Catalográficos;
www.youtube.com/watch?v=dfzfMUPZaxg
2- Dedicatória e Apresentação;
www.youtube.com/watch?v=c6zhMMuWnHc
3- Prefácio;
www.youtube.com/watch?v=uknAHd94n6g
A efetivação no uso dessas novas tecnologias requer da sociedade, e não apenas da Instituição Escolar, uma mudança cultural que está relacionada com a construção de um novo paradigma. É preciso também ressaltar que isso só será, realmente, viável com o compromisso das três esferas de governo (municipal, estadual e federal) na consolidação de políticas públicas que atendam às diferenças de uma sociedade marcada pela diversidade e pelo antagonismo socioeconômico.
(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=27875)

(Jimmy Somerville, pedindo pra lermos seus lábios.)

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