quinta-feira, 12 de setembro de 2019

TELONA QUENTE 303


Roberto Rillo Bíscaro

Já se especulava imenso sobre Marte nos anos ’50, especialmente nos escalões mais baixos da ciência (mas não só). Cria-se que poderia haver vegetação e mais dum livro foi escrito a respeito da provável exploração marciana, que viria logo. Em 1949, saiu The Conquest Of Space; em ’48, Das Marsprojekt; em 1956, The Exploration Of Mars.
Com o estouro dos filmes de ficção-científica “séria” da década, iniciado, em 1950 com Destination Moon, em 1955, a Paramount decidiu investir suas centenas de milhares de dólares numa película do subgênero. The Conquest Of Space compartilha o nome do livro de 1949, assim como vários traços de Destino Lua, o que o torna item dispensável do catálogo sci fi cinquentista, a não ser que seja entusiasta.
A trama é simplérrima: preparativos pruma viagem espacial, viagem a Marte, pouso no planeta, entrevero, final feliz com umas 2 mortes no processo. A despeito de não ser detalhado como Destination Moon no ato inicial, que neste descreve os preparativos, e em Conquest é um monte de trololó sonífero, o filme se pretende realista. Mas só consegue impressionar pela credibilidade dos efeitos especiais, pros padrões da época, sempre bem lembrado. A chupada de Destino Lua é tão descarada, que há até uma personagem equivalente ao ignorante bonachão Joe, que toca até gaita.
Mas, para entusiastas mais cirúrgicos da produção sci fi 50’s, The Conquest Of Space oferece rara personagem nipônica positiva, que vai ao Planeta Vermelho com os norte-americanos pra expiar as atrocidades cometidas na 2ª Guerra (claro que o roteiro tinha que justificar porque havia um japa nas telonas cinemascope!).
Outro dado assaz interessante é que já então, preocupava o impacto psicológico que tamanha empreitada na psique humana. O capitão literalmente pira e busca no fundamentalismo religioso perigoso refúgio e arma pro seu medo de ter se embrenhado espaço sideral adentro. Meio século antes da badalada série netflixiana Mars advertir sobre o perigo.
The Conquest of Space não foi bem de bilheteria (1 milhão nos EUA e Canadá) e o produtor George Pal afastou-se da ficção-científica um par de anos, além de desistir duma continuação pra When Worlds Collide.
Bem-feito. Ninguém mandou aceitar  roteiro tão preguiçoso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário